Mostrando postagens com marcador México. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador México. Mostrar todas as postagens

domingo, 14 de agosto de 2016

Lenda Inca (Viracocha e a Chegada dos Incas)

Os nativos destas terras afirmam que, no início, e antes que deste mundo ser criado, havia um ser chamado Viracocha . Ele criou um mundo escuro, sem sol, lua ou estrelas . Devido a esta criação foi nomeado Viracocha Pachayachachi, que significa "Criador de todas as coisas". E quando ele criou o mundo , ele formou uma raça de gigantes de grandeza desproporcional pintados e esculpidos, para verificar se ele fiaria bem fazer os homens reais daquele tamanho. Ele, então, criou o homem à sua semelhança como são agora, e viveram na escuridão.

Viracocha ordenou que estas pessoas que vivessem sem brigas, e que eles deveriam conhecê-lo e servi-lo. Ele deu-lhes certas regras que eles precisavam observar sob pena de serem confundidos se eles as quebrassem. Mantiveram esses preceitos, por algum tempo, mas não foi mencionado o que eram. Mas, como surgiu entre eles os vícios do orgulho e da cobiça, eles transgrediram o preceito de Viracocha Pachayachachi e caíram, através deste pecado, vítimas de sua fúrias, ele confundiu todos e os amaldiçoou . Em seguida, alguns foram transformados em pedras, outros em outras coisas, alguns foram engolidos pela terra, outros pelo mar, e sobre tudo , veio uma inundação geral que eles chamaram unu pachacuti, que significa “água que engole a terra” Dizem que choveu 60 dias e noites  que se afogaram todas as criaturas da criação, e que só permaneceu alguns vestígios daqueles que foram transformadas em pedras, como um memorial do evento, e como exemplo para a posteridade, os edifícios de Pucara , que estão a 60 léguas de Cuzco.

Algumas das nações, além da Cuzcos, também dizem que alguns foram salvos desta inundação para deixar descendentes para uma época futura . Cada nação tem sua fábula especial que é contada por seu povo, de como os seus primeiros antepassados ??foram salvos das águas do dilúvio. Que as ideias que criaram em sua cegueira podem ser entendidas, vou apresentar apenas uma, contada pela nação dos Cañaris, uma terra de Quito e Tumibamba, a 400 léguas de Cuzco e muito mais.

Dizem que na época do dilúvio chamado unu pachacuti havia uma montanha chamada Guasano na província de Quito e perto de uma cidade chamada Tumipampa. Os nativos ainda a encontram. Para esta montanha foram dois dos Cañaris chamados Ataorupagui e Cusicayo. A medida que as águas aumentavam, a montanha também continuava subindo e se mantendo acima da inundação, de tal maneira que nunca seria coberta pelas águas do dilúvio. Desta forma, os dois Cañaris escaparam. Estes dois, que eram irmãos, quando as águas diminuíram depois do dilúvio, começaram a semear. Um dia, quando eles estavam no trabalho, no retornar à sua casa, encontraram nele alguns pequenos pedaços de pão e uma jarra de chicha, que é a bebida usada nesse país em lugar de vinho, feito de milho cozido. Eles não sabiam quem havia trazido, mas eles deram graças ao Criador, comeram e beberam dessa provisão. 

No dia seguinte, a mesma coisa aconteceu. Como eles se maravilhou com esse mistério, eles estavam ansiosos para descobrir quem trouxe as refeições. Então, um dia eles se esconderam para espiar os provedores de seus alimentos. Enquanto eles estavam vigiando eles viram duas mulheres Cañari preparar os alimentos e colocá-los no lugar de costume. Quando estavam prestes a ir embora, os dois homens tentaram pegá-las, mas elas evitaram seus captores e fugiram. Os Cañaris, vendo o erro que cometeram em molestar aquelas que os haviam feito o bem, ficaram tristes e oraram a Viracocha pelo perdão dos seus pecados, pedindo-lhe para deixar as mulheres voltarem e dar-lhes as refeições habituais . O Criador concedeu seu desejo. As mulheres voltaram e disseram aos Cañaris :”O Criador pensou que seria bom que retornássemos para vocês, para evitar que vocês morressem de fome.” Elas trouxeram-lhes comida. Em seguida, se iniciou uma amizade entre as mulheres e os irmãos Cañari, e um dos irmãos Cañari tinha uma conexão com uma das mulheres. Então, como o irmão mais velho, morreu afogado em um lago que estava próximo, o sobrevivente se casou com uma das mulheres, e fez da outra sua concubina. Através delas, ele teve dez filhos, que formaram duas linhagens de cinco cada, e aumentando em números chamaram uma linhagem de Hanansaya que é o mesmo que dizer que é a casta superior, e a outra era Hurinsaya, ou a casta menor. Destas linhagens descendem todos os Cañaris .

Da mesma forma todas as outras nações têm fábulas de como algumas de suas pessoas foram salvas, de quem eles têm sua origem e descendência. Mas os Incas e a maioria daqueles de Cuzco, entre aqueles que se acredita saber mais, dizem que ninguém escapou da inundação, e que Viracocha criou os homens de novo, como será explicado mais à frente. Mas uma crença é comum entre todas as nações desta parte do mundo, todos eles falam de um grande dilúvio, que eles chamam de unu pachacut. A partir daí podemos entender claramente que, se, por estas bandas eles têm uma tradição da grande inundação, que falam de uma grande massa das ilhas flutuantes que mais tarde chamaríamos de Atlândita, quer dizer que nas Índias de Castela, ou América, chegou uma população que veio de longe, logo após o dilúvio, embora, do seu jeito, os detalhes que ele contam são diferentes daqueles que as Escrituras nos ensinam. Isto deve ter sido feito pela Providência divina, através dos primeiros colonos chegadas à terra da ilha do Atlântico (Américas). Então os nativos, embora bárbaros, deram as razões para a origem desse antigos assentamentos, ao relatar do dilúvio.

Fontes:
http://www.sacred-texts.com/nam/inca/inca01.htm in https://casadecha.wordpress.com/category/lendas/

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Folclore Mexicano (Ti, o Pica-pau Avisador)


Conto inspirado numa lenda do povo Tzeltal, de Chiapas, no México, adaptado por Ana Maria Machado

Antigamente, quando o senhor Santo Ildefonso andava por aqui fazendo os trabalhos de Deus na Terra, ficava temeroso de que acontecesse alguma coisa aos filhos quando estivesse longe. Por isso, encarregou o pica-pau Ti de ficar tomando conta deles e avisá-los dos perigos. 

O passarinho passou a fazer isso muito bem. Por qualquer coisa, voava para junto dos meninos, pousava no ombro de um deles e cantava:

— Ti-ti-ti-ti...

Eles já sabiam. O passarinho não estava só dizendo seu nome. Estava era avisando de algum risco. Então, tomavam cuidado e se defendiam. Por isso, nunca tinham problemas.

Santo Ildefonso ficou muito satisfeito. Para recompensar o passarinho Ti, fez que ele tivesse uma plumagem bonita. E também o ajudou para que nunca lhe faltasse comida. Ensinou-o a bater com o bico na casca das árvores, cavando buraquinhos para poder pegar as lagartas e outros insetos que se escondessem lá dentro. 

Então, o passarinho passava os dias nas árvores apanhando comida para os filhotes:

— Toque-toque-toque...

Mas, quando era preciso avisar os filhos de Santo Ildefonso, já se sabe. O pássaro Ti ia lá, pousava no ombro de um deles e cantava:

— Ti-ti-ti-ti...

E eles se preveniam contra os problemas.

O pica-pau fazia seu trabalho tão bem que o santo resolveu ser generoso e dividir os avisos de perigo com todo mundo. Disse ao passarinho:

— Ti, você agora fica encarregado de voar por perto das estradas e veredas, avisando aos caminhantes quando houver algum perigo. Assim, eles podem se cuidar.

O pássaro Ti passou a fazer isso, sempre muito bem. Pousava no ombro de quem passava e cantava:

— Ti-ti-ti-ti...

Era só o caminhante tomar cuidado e não acontecia nada de mau.

Mas os filhos do senhor Santo Ildefonso não gostaram nada da novidade. Não queriam dividir com ninguém os avisos do pica-pau. Por isso, um dia, quando Ti chegou, os meninos cuspiram nele.

O passarinho voou até a casa onde estava Santo Ildefonso e contou:

— Senhor santo, veja só o que seus filhos me fizeram. Maltrataram-me e cuspiram em mim. E cuspe de gente deixa passarinho manchado. Olhe só como minhas penas ficaram todas salpicadas de saliva.

Santo Ildefonso olhou e disse:

— Não posso fazer nada para consertar sua plumagem. Mas vou castigar meus filhos. De hoje em diante, eles não vão mais se livrar de nenhum perigo e vão ter muitos problemas. E você pode cuidar só da sua vida e de seus filhotes. Nunca mais precisa avisar ninguém de nada.

Por isso, até hoje, o pica-pau Ti tem as penas bonitas, mas sarapintadas. E sabe muito bem procurar comida debaixo da casca das árvores.

Por isso, também, as pessoas correm riscos e têm problemas. Mas, às vezes, o passarinho se lembra de seus tempos de avisador e canta, embora nunca mais tenha pousado no ombro de ninguém. E até hoje, pelas estradas de Chiapas, o caminhante atento e devoto toma cuidado quando ouve o pica-pau Ti no meio de uma viagem, pois sabe que pode ter contratempos pelo caminho.
===========================


Como utilizar o texto em sala de aula

Rico em recursos visuais e linguísticos, o conto que você acabou de ler pode ser um ótimo instrumento didático. Quem dá a dica é Alice Vieira, professora de pós-graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), que se baseou no texto para conceber duas versões de plano de aula. A primeira se dirige às séries do primeiro grau menor, e a segunda, às turmas de sétima e oitava. Acompanhe as sugestões.

Para primeira a quarta série

Difícil, nessa fase, é prendera atenção das crianças. Para evitar dispersões, peça que desenhem a história enquanto você faz a leitura do texto em voz alta. Com um detalhe: os alunos não podem tirar o lápis do papel. Divertida, a atividade estimula a concentração e a percepção da narrativa e possibilita melhor fluência de idéias. Experimente, depois, comparar os desenhos. Haverá, com certeza, diferenças e semelhanças interessantes entre as releituras. Nas aulas de Educação Artística, ensine a turma a fazer origamis (dobraduras de papel) inspirados em elementos do conto: pássaro, árvores, índios, meninos. Outra opção é dividir a história em oito partes e a classe em oito grupos. Cada grupo deve desenhar um dos trechos em cartolinas. Monte um mural com as "obras-primas" e a história ganhará lindas ilustrações.

Para sétima e oitava série

Aqui, a professora Alice Vieira sugere uma pesquisa sobre o povo tzeltal, de onde emergiu a lenda do pica-pau avisador. Os tzeltals vivem até hoje em Chiapas, Estado mais pobre do México, e sua população é composta por vários povos indígenas. Revoltados com a miséria da vida rural, eles se organizaram contra o governo mexicano e fundaram, em 1994, o Exército Zapatista de Libertação Nacional.

Os zapatistas são guerrilheiros que só aparecem em público usando máscaras negras de lã e cujo líder, o subcomandante Marcos, se transformou na mais famosa lenda da região. O tema rende boas discussões nas aulas de História, Geografia e Ética.

Nas aulas de Português, a proposta é trabalhar diferentes leituras do texto. Que tal fazê-lo num estilo de narração de jogo de futebol, em ritmo de câmera lenta ou como se fosse um noticiário jornalístico?
Se os alunos se empolgarem com essa última categoria, peça que simulem entrevistas com os personagens da história: o pica-pau Ti, os caminhantes, Santo Ildefonso (600-667, espanhol) e seus filhos ciumentos. Para arrematar a atividade, e aproveitando a mensagem que a lenda oferece, organize um debate sobre o egoísmo. Depois, solicite aos alunos um texto individual com o seguinte tema: "Como podemos combater o egoísmo no mundo?"

Fonte:
Revista Nova Escola