quarta-feira, 12 de março de 2008

Antonio Augusto de Assis (Trovas)

Amai-vos, e as derradeiras
muralhas hão de cair.
- Havendo amor, as barreiras
não têm razão de existir!

Sonhador desde criança,
não sonho entretanto em vão.
No sonho eu nutro a esperança,
que nutre o meu coração!

Querida, eu comparo a gente
às asas de um passarinho:
um sem outro, certamente,
não se equilibra sozinho!

Há honestos que não são bons;
há bons que honestos não são.
- É a soma desses dois dons
que faz o bom cidadão.

Afinal, que te aproveita
o labor que te consome,
se não doas, da colheita,
uma parte a quem tem fome?...

Vinde, amigos, vinde e vede
o quanto pode o perdão:
derruba qualquer parede
que nos separe do irmão!

Vaidade, doença triste
que nos condena a estar sós...
Não nos deixa ver que existe
ninguém mais além de nós.

A vida jamais se encerra,
e é bom sermos imortais:
- Amar você só na Terra
seria pouco demais!

Ismo, ismo, ismo, ismo...
e o medo está sempre em alta...
Experimentem lirismo,
que talvez seja o que falta!

O mundo esqueceu que existe
o ponto de exclamação...
De tão seco, amargo e triste,
perdeu de vez a emoção!

A natureza protesta
sempre que alguém a maltrata.
Se matas uma floresta,
vem o deserto e te mata!

Ontem, hoje e sempre o Amor
vem o belo construindo,
desde quando o Criador
fez do caos um mundo lindo.

Ah, que profunda saudade
invade uma Academia
a cada vez que um confrade
deixa a cadeira vazia!

Os milênios passarão,
mas o que é bom permanece:
O Sol que aqueceu Adão
é o mesmo que nos aquece.

Se o mundo é espaço pequeno
para dois, quando se peitam,
num minúsculo terreno,
sendo irmãos, dois mil se ajeitam.

São de cristal ou de barro
nossas vaidades... tão só.
Um baque, um tombo, um esbarro,
e tudo reduz-se a pó!

O que ocorre às águas claras,
na alma pura se repete:
dá-se às vezes, e não raras,
que um sujinho as compromete.

No pico da quarta idade,
o quadro se faz assim:
ou se crê na eternidade,
ou se põe na tela: “Fim”...

A palavra acalma e instiga;
a palavra adoça e inflama.
Com ela é que a gente briga;
com ela é que a gente ama!

Olhe os poetas e as aves...
Veja que, embora não plantem,
Deus lhes retira os entraves
e apenas pede-lhes: - Cantem!

O sol engravida a chuva,
e a terra se faz seu ninho;
no ninho se faz a uva,
e a uva desfaz-se em vinho!

Vestem-se as águas de prata,
saltam no espaço vazio.
Findo o show da catarata,
sereno refaz-se o rio...

Certeza só têm os rios
sobre aonde vão chegar...
Por mais que sofram desvios,
seu destino é sempre o mar.

Astronauta, não destrua
meu direito de sonhar...
Deite e role sobre a Lua,
porém me deixe o luar!

Tem muito mais graça a vida
quando a gente tem com quem
repartir bem repartida
a graça que a vida tem!

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Sobre o Autor
Nasceu em São Fidélis – Estado do Rio de Janeiro, no dia 07 de abril de 1933. Filho de Pedro Gomes de Assis e Maria Ângela Guimarães de Assis. Casado com a professora Lucilla Maria Simas de Assis, tem duas filhas e cinco netos.
Residente em Maringá-PR desde janeiro de 1955. Hoje aposentado, foi jornalista e também professor do Departamento de Letras da Universidade Estadual de Maringá.
Integrante da Academia de Letras de Maringá (Cadeira no. 27 - Patrono: Manuel Bandeira), da UBT – União Brasileira de Trovadores (seção de Maringá) e da Academia Virtual de Letras Luso-Brasileira. Editor da revista eletrônica Trovia (da UBT-Maringá) e co-editor da revista eletrônica Trovamar (da UBT-Balneário Camboriú).
Autor de Robson, Itinerário, Bate-papo, Trovas de paz e amor, Os quebra-molas do casamento, Lufa-lufa, Chiquinho, Felicidade sem camisa, Da arte de ser pai, Desafio do amor, Carta aos moços, Xangrilá, O português nosso de cada dia, Poêmica, Caderno de Trovas e A missa em trovas.

Fontes:
http://www.afacci.com.br/2007/j3.htm
http://www.avllb.org/academicos/007/biografia.html

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