sexta-feira, 21 de março de 2008

Arthur C. Clarke (Resumo de Alguns Livros)


Expedição para a Terra

Durante a Segunda Guerra Mundial, Arthur C. Clarke trabalhou na operação dos primeiros radares desenvolvidos pelos Aliados e pouco mais tarde escreveu o artigo "Extraterrestrial relays", que lançaria a idéia por detrás do satélite de comunicações geosincrônico - uma das bases da moderna rede de telecomunicações. Ao mesmo tempo que ajudava ao Aliados a detectar a chegada dos foguetes V-2 do Eixo, ele sonhava com o desenvolvimento da viagem espacial. A mistura de conhecimento tecnológico prático, o sonho de explorar as Estrelas e a percepção aguda da época em que vivia daria origem na década de 50 aos contos que fazem parte de "Expedição para a Terra". Contos em que o pesadelo da guerra nuclear divide espaço com a esperança e os perigos da exploração espacial.

No primeiro conto, "Second Dawn (Segunda Aurora)", nós visitamos um mundo alienígena, onde a guerra entre duas raças inteligentes dotadas de grande inteligência e poderes mentais, os Atheleni e os Mithraneans, chegou ao fim com a vitória dos Atheleni... ao custo do desenvolvimento de uma técnica de destruição da mente tão poderosa e ao mesmo tempo tão simples que mais cedo ou mais tarde os antigos inimigos a descobririam e uma guerra definitiva ocorreria... a não ser que algo mudasse suas civilizações tão radicalmente que tornaria a própria guerra absurda. A resposta vêm de uma raça atrasada, os Pheleni, mas dotados de algo que as poderosas mentes dos dois povos não podem ter devido as limitações de seu próprio corpo: habilidade manual e a capacidade de moldar o mundo ao seu redor. Guiados pelos Atheleni, os Pheleni começam a desenvolver uma tecnologia surpreendente... mas será que a mesma capacidade de mudar o mundo para melhor não descobriria algo tão terrível quando a técnica da Loucura: o Poder Atômico?

Um garoto acompanha seu pai em uma peregrinação pela Lua no lírico "If I Forget Thee, Oh Earth ..." (Se eu esquece-la, Oh Terra…), quando a lembrança do antigo planeta, agora destruído por uma guerra nuclear, e o desejo de retornar para casa, se tornam a razão da humanidade continuar em frente.

Com uma temática parecida com o futuro "Maelstrom II", porém com desenvolvimento completamente diferente, "Breaking Strain" (filmado com o titulo de "Acidente Espacial" (Trapped in Space)) narra o duelo psicológico e emocional entre os dois tripulantes da nave Star Queen, o capitão Grant e o engenheiro de bordo McNeil, quando um meteoro atinge os reservatórios de oxigênio da nave, deixando com apenas 20 dias de ar, quando ainda faltam trinta dias para chegar em Vênus. As leis da mecânica celeste não permitem quaisquer mudanças no ritmo da viagem... ambos estarão mortos em vinte dias. Mas espere um pouco, o ar durará vinte dias para *dois* homens, mas se houve apenas *um*... A realização desse fato levará tanto o rigido Grant quanto o hedonistico McNeil a pensarem o impensável... e talvez tentarem o inconcebível.

Em "History Lesson" (Lição de História), Clarke narra o desaparecimento de nossa civilização devido a uma futura Era Glacial e as descobertas feitas por arqueólogos venusianos ao examinar talvez o único registro que eles poderiam entender: um rolo de filme... mas qual filme? Nós descobrimos isso ao final, numa tremenda brincadeira com as nossas tentativas de entender nosso próprio passado.

Um conto de space-opera que critica a lógica da Guerra Fria e a tendência humana de não questionar as conseqüências de suas tecnologias, "Superiority" (Superioridade) é o relato do comandante das forças armadas de um império estelar derrotado, explicando que sua derrota não ocorreu devido as virtudes de seu adversário, mas devido a própria superioridade militar de seu império. Como tal paradoxo é possível? O comandante explica muito bem, terminando com um pedido para Corte, que devido ao relato se torna hilário.

Em "Exile of the Eons", um ditador tenta fugir de seus inimigos usando a técnica da animação suspensa para restabelecer seu império cem anos no futuro. Porém com uma ajudinha da Lei de Murphy e de um filosofo com poderes telepáticos exilados nos últimos dias do Sistema Solar, a justiça tarda... mas não falha, ironizando a ambição e a sede de poder.

Após uma caçada, um homem começa a contar, em "Hide and Seek" (esconde-esconde) um caso que é rir para não chorar: quando o misterioso agente K.15, em uma roupa espacial, escapa da mais poderosa nave do inimigo, ao brincar uma versão planetária de esconde-esconde...

Cientistas de um império estelar que se destruindo encontram um planeta com seres idênticos a eles mesmos, se bem que em um estado extremamente primitivo. As questões que o contato traz, assim como se esses seres que só agora começam a erguer uma civilização, seram capazes de evitar os erros cometidos por seus visitantes dá a "Expedição para a Terra" um toque lírico e melancólico ao conto.

A civilização marciana percebe que os terráqueos começam a desenvolver a tecnologia espacial e o poder atômico. Preocupados que aqueles seres atrasados poderiam ser uma ameaça para sua civilização, os marcianos lançam um ultimato para que a humanidade abandone a pesquisa espacial... só que eles não contavam com uma brecha legal nas Leis da Fisica em "Loophole" (Fenda).

Em "Inheritance" (Herança), descobre-se a razão da confiança de um piloto de teste num fenômeno que lembra muito uma das peças do enredo de "O Fim da Infância"... só que talvez o piloto não tenha entendido muito bem o que sua visão queria dizer...

Durante as primeiras explorações lunares, um geólogo - ou melhor, um selenogista - encontra algo incrível, um artefato claramente artificial, uma pirâmide protegida por um campo de força. Obra de uma antiga civilização selenita ou de alienígenas bem mais antigos e avançados que nós? O descobridor da pirâmide nos conta as suas próprias idéias sobre a função da pirâmide... parece familiar?

Os contos do livro são claramente inspirados na space-opera que dominava o gênero da Ficção Científica na época, só que ao mesmo tempo, mostram um humor e uma critica sutil à sociedade e as tendências da humanidade, raramente vistas na space-opera de então. São contos escritos em uma época que um homem podia temer o amanhã e ao mesmo sonhar com as Estrelas...

A ESTRELA

A Estrela é um conto de ficção científica de Arthur Charles Clarke datado de 1956, que se desenrola depois de uma expedição em visita de uma estrela transformada em supernova milhares de anos antes.

Após observarem o astro percebem um planeta girando a sua volta numa órbita muito distante o que o teria preservado do pior da explosão, e notam os restos de algumas construções artificiais em sua superfície. Ao analisarem de perto estes restos, os pesquisadores concluem que são os últimos vestígios de uma antiga civilização que existia antes da estrela explodir e que, incapazes de escapar do destino fatal, deixaram no último planeta o máximo de informações possíveis a respeito de sua cultura.

Um padre que vai na expedição, se impressiona com a humanidade dos indivíduos daquela civilização e presume que estes seriam seres pacíficos que tiveram um cruel destino, sua compaixão porém se transforma em desespero quando, após vários cálculos, descobre que a estrela em questão era a estrela de Belém, fazendo com que o anunciamento do messias no qual ele acreditava e devotou a vida fosse um ato de genocídio de toda uma espécie inteligente. O conto foi considerado o melhor de 1956.

O SENTINELA
Publicada em 1951 que inspirou 2001 - Uma odisséia no Espaço.

O livro conta a história de uma estrutura piramidal descoberta na Lua que se revela ser uma espécie de radiotransmissor deixado por uma raça alienígena em tempos remotos, a qual havia percebido a possibilidade de se desenvolver na Terra vida inteligente e civilização. Devido à resistência de seus materiais, os terráqueos são obrigados a destruí-la para poderem analisá-la, o que faz com que ela pare de enviar sinais para seus construtores, revelando para estes a presença de mais uma espécie inteligente no universo: os seres humanos (VEJA O CONTO COMPLETO NA POSTAGEM ABAIXO)

A Muralha das Trevas
Escrito em 1949, que narra uma história passada num estranho universo composto de apenas um sol e um planeta.

Este planeta possui uma face tórrida eternamente voltada para o sol e outra, gelada, eternamente na escuridão, na fronteira entre os dois lados, numa estreita faixa de terra circundando o planeta, o clima possibilita a vida de uma civilização onde habita um homem intrigado desde a juventude com o maior mistério de seu mundo: uma imensa muralha negra que circunda todo o planeta impedindo sequer a visão do seu lado escuro, quanto mais o acesso a ele.

Durante toda sua juventude coletou histórias sobre o que existiria além da mesma e porque foi construída, mas encontrava apenas relatos míticos e lendários, como por exemplo, que lá era onde todos iriam após a morte ou onde ficavam antes de nascer, e ainda que fora feito para encerrar algum horror terrível. Já na idade adulta decide por fim junto com um amigo seu arquiteto, construir uma escadaria que levaria até o topo da muralha permitindo ver o que havia atrás dela. Após o término da construção ele chega ao alto da mesma e controlando o medo começa a caminhar em direção a outra borda, no caminho existe uma névoa que impede de ver além e faz com que com o seu avanço o sol atrás dele vá sumindo também até desaparecer de todo, mas quando isso acontece um outro sol idêntico ao que havia sido deixado para trás aparece na sua frente em meio a neblina e conforme vai andando, este novo astro fica mais nítido até aparecer por completo junto com o outro lado, e o protagonista para sua enorme surpresa descobre que é o mesmo lado de onde havia partido, o seu mundo na verdade é uma superfície de um lado só, mesmo sendo de três dimensões, não havendo portanto um outro lado da muralha, que foi construída para proteger da loucura todos os que fossem até aquele ponto, impedindo de verem diretamente um paradoxo espacial.

As Canções da Terra Distante
Conto onde narra o encontro entre os habitantes de uma isolada colônia terrestre no planeta Thalassa e os passageiros de uma imensa nave espacial que aporta no planeta devido a um defeito técnico.

Na história uma jovem de Thalassa apaixona-se de um dos ocupantes da nave, que promovem um choque cultural, porém seu amor é sem esperança por causa do comprometimento do rapaz com uma mulher que jaz congelada dentro da nave a espera do destino final da viagem, 200 anos-luz de distância.

2001: A Space Odyssey, ou 2001: Uma odisséia no espaço
É para muitos críticos, um dos melhores filmes de ficção científica de todos os tempos. Foi realizado em 1968 pelo cineasta Stanley Kubrick, natural dos Estados Unidos da América.
Este filme, com uma duração total de 139 minutos e apenas 40 de diálogo, analisa a evolução do Homem, desde os primeiros hominídeos capazes de usar instrumentos, até à era espacial e para além disso. Foi baseado nas obras de Arthur C. Clarke The Sentinel e 2001: A Space Odyssey, esta última escrita simultaneamente com as filmagens.

Uma das personagens principais do filme é o computador inteligente HAL 9000, uma das máquinas mais famosas da História do Cinema. A crítica viu no nome do computador uma referência velada à IBM, pois as letras da sigla precedem em uma casa a denominação da conhecida empresa estado-unidense do sector informático. Kubrick, no entanto, desmentiu essa tese, dizendo que isso não passou de uma coincidência.

Outros destaques do filme são os seus efeitos especiais pioneiros, e a sua trilha sonora, composta entre outras por obras de Richard Strauss (Assim Falou Zaratustra), e Gyorgy Ligeti (Lux Aeterna), sendo este último repetente nos filmes de Kubrick. Uma curiosidade sobre a trilha sonora do filme: Kubrick solicitou ao seu colaborador em Spartacus, Alex North, que compusesse a trilha sonora para a película. Depois de escutar o resultado, o diretor de "2001..." não ficou satisfeito e optou pela música clássica para dar vida às famosas cenas no espaço. North só soube que sua trilha tinha sido jogada no lixo no dia da estréia do filme, e ficou furioso.

Posteriormente foi lançado o livro "Mundos Perdidos de 2001" (The Lost Worlds of 2001), no qual Clarke conta a história do filme, a do livro e outras inéditas. No Brasil foi lançado pela editora Expressão e Cultura em 1972. Em 1984 foi lançada a sequência 2010: O ano que faremos contato, baseado na obra homônima de Arthur C. Clarke, lançada em 1982.

2010 - Uma Odisséia no Espaço II (2010: Odyssey Two)
Também levado às telas. Com o título de 2010 - O Ano em que faremos contato, Na verdade uma continuação do filme e não do livro. O ambiente para a narração é uma missão binacional (soviéticos e americanos) a bordo da nave espacial Cosmonauta Alexei Leonov que parte em direção a Júpiter, a bordo encontra-se o cientista Heywood Floyd. Propõe-e a responder algumas das questões deixadas em aberto em 2001. Tais como: Quais são os objetivo ocultos por trás do monolito? O que aconteceu com a Discovery e sua tripulação? O que aconteceu em especial a David Bowman? Quem, ou o que, era a criança-estrela do final do filme? O climáx ocorre com a tranformação de Júpiter em um mini-sol e o início de um novo tempo para a Humanidade num mundo sem noite.

2061 - Uma Odisséia no Espaço III (2061: Odyssey Three)
Heywood Floyd, agora com 103 anos, volta a cena. Ele parte numa nave em missão turística ao Cometa de Halley, mas acaba indo parar em Europa, o satélite proibido quando uma nave cai alí com seu neto a bordo. O monolito volta a mostrar seu poder a serviço de uma suprema força alienígena que decidiu que a Humanidade terá que, forçosamente, desempenhar um papel fundamental na evolução da Galáxia.


3001 - A Odisséia Final. (3001 - The Final Odissey)
Lançado em 1997, é aquele que pretende encerrar a saga iniciada em 2001 e dar as respostas finais. Principia com a descoberta do corpo do astronauta Frank Poole, que havia sido abandonado no espaço por uma manobra do computador HAL-9000. Poole é ressuscitado com as técnicas da época, onde a rigor a morte não existe mais.


O fim da Infância (Childhood's End - 1953)
A chegada de seres alienígidas na Terra é seguida com o próximo passo na evolução humana em direção a "inteligência cósmica". Esta raça alienígena tem uma incrível semelhança com demônios (vermelhos, chifres, caudas em seta...) e vem para anunciar o fim da infância para a espécie humana.

O Outro Lado do Céu (The other side of the sky - 1958)
Coletânea de contos onde estão incluídos dois dos maiores clássicos em matéria de contos de ficção científica: Os Nove Trilhões de Nomes de Deus e A Estrela.

Os Náufragos do Selene (A Fall of Moondust - 1961)
Selene é uma nave de turismo que, devido a um acidente na poeira lunar, submerge no Mar da Sede. Em seu interior vinte pessoas lutam para sobreviver à custa de todas as possiblidades.


Sobre o Tempo e as Estrelas (Of Time and Stars - 1972)
Coletânea de contos que reune contos publicados entre 1949 e 1962.



Encontro com Rama (Rendez-vous with Rama - 1973)
No final do século XXI após uma tragédia ocorrida com a queda de um meteoro, a Terra cria um sistema de proteção que em 2130 a Terra, detecta uma nave espacial alienígena de 50 quilômetros de extensão penetrando no sistema solar e aproximando-se de nosso planeta. Uma nave é enviada com missão de interceptar e explorar a gigantesca nave e descobrir quais são os desígnios por trás de sua aparição. Serão hostis invasores ou arautos de uma nova era para a espécie humana? Mistério e beleza se fundem neste maravilhoso livro que nos leva a refletir sobre a importância do homem e da espécie humana como um todo na ordem do universo. Um clássico vencedor dos prêmios Hugo e Nebula.

O Enigma de Rama (Rama II)
Continuação de Encontro com Rama, narra as aventuras de uma nova expedição destinada a descobrir qual os propósitos ocultos atrás da segunda aparição de Rama.

O Jardim de Rama (The Garden of Rama)
Dando seguimento a saga de Rama, o livro narra a viagem dos tripulantes da segunda expedição (O Enigma de Rama) que são deixados para trás quando o resto da tripulação abandona Rama às pressas. Parte dos propósitos de Rama é finalmente revelado.

A Revelação de Rama
Último livro da série, aqui finalmente os propósitos dos construtores de Rama é decifrado.

O berço dos Super-Humanos (Cradle - 1988)
Escrito a duas mãos por Arthur C. Clarke e Gentry Lee, narra a história de três aventureiros em busca de um míssil secreto desaparecido encontram uma gruta submarina vigiada por baleias que parecem drogadas. Inicia-se assim uma aventura que o conduzirá pelos mistérios de um planeta com dois sóis, três luas, fantásticas criações e uma assombrosa revelação sobre o destino reservado para a humanidade.

Terra Imperial (Imperial Earth)
A narrativa se passa em Titã uma das luas de Saturno e colônia da terra e conta a história de um homem nascido na era interplanetária. Sua primeira peculiaridade é ter nascido sob um novo processo, já que não teve mãe, apenas pai. Já homem retorna à Terra. A ação de passa no século XXIII e decorre em ambiente cheio de enigmas e mistérios.

A Cidade e as Estrelas (The City and the Stars)
Passaram-se um bilhão de anos, o homem alcançou as estrelas, constituíu um império galático, mas vieram os invasores e o homem foi obrigado a abandonar todas as suas conquistas e refugiar no seu planeta de origem, e assim o homem volta e passa a habitar na última cidade do mundo, Diaspar. Uma sociedade fechada e imutável, com um bilhão de anos.

O Vento Solar
Coletânea de contos. Inclui o premiado conto Encontro com Medusa.

O Terceiro Planeta
Coletânea de artigos e crônicas, que se inicia com um conto bastante interessante e elucidativo quanto aos parâmetros que são adotados pela ciência, intitulado Relatório Sobre o Planeta Três, onde tal documento é encontrado numa expedição arqueológica a Marte, revelando as razões para a não existência de vida na Terra.

As fontes do paraíso
Considerado pelo próprio Arthur Clarke como seu melhor romance.




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