sábado, 29 de março de 2008

Izo Goldman (Trovas de quem Ama a Trova)

Izo Goldman, um dos maiores talentos trovadorescos da atualidade, no Brasil, e a maior “enciclopédia ambulante” sobre o assunto, lançou, com grande repercussão, em São Paulo, no ano passado, o seu livro “TROVAS DE QUEM AMA A TROVA”.

São 311 trovas, incluindo prólogo, etc., de um verdadeiro gênio da arte de fazer poesia em quatro versos de sete sílabas.

Eis algumas delas:
Se a gente fosse dar crédito
ao que diz a maioria,
só de "autor de livro inédito"
tinha uns mil na Academia!...

No seu biquini apertado,
Maria me deixa mudo,
pois nunca vi "tanto nada"
cobrindo, tão pouco ..."tudo"...

Marcando suas fronteiras
as bandeiras eram trapos,
e, os trapos eram bandeiras,
na Querência dos Farrapos!

Quem morreu naquela Cruz,
foi o Corpo e nada mais:
ninguém apaga uma Luz
crucificando ideais!

Quando pergunta o burrinho,
diz a mula envergonhada:
- "Tu nasceste, meu filhinho,
por causa de uma...burrada!..."

Eu sou príncipe tristonho
porque, na história real,
não há, na escada do sonho,
sapatinhos de cristal!...

Na briga que o meu cabelo,
e a careca estão travando
lamento ter que dizê-lo,
a careca está ganhando...

Com seu valor aumentado,
saudade é a restituição
do que já nos foi cobrado
pelos sonhos e a ilusão...

- " O trabalho é que enobrece!"
Dizem todos ao Raul.
E ele responde: - "Acontece,
que eu detesto sangue azul!"

A saudade não me poupa,
desenhando, fio a fio,
o perfil da tua roupa
no guarda-roupa vazio...

O teu gesto de ternura,
na minha vida sofrida,
foi um copo de água pura
matando a sede da vida! ...

Uma devota a rezar
é o que a rendeira parece,
faz da almofada um altar,
de cada renda, uma prece!

Cara cheia...Perna bamba,
ele mesmo se conforta,
olha a rua e diz: - "Caramba!"
Nunca vi rua mais torta!...

Ficou rico o Zé Maria
na seca do Juazeiro,
vendendo "fotografia
de chuva"...por "dois cruzeiro"...

Vendo alguém varrer o chão,
ele deita de comprido,
e, dá logo a explicação:
- "Quero ser...doido varrido..."

"Casamento... - alguém já disse -
é chegar à encruzilhada
onde acaba a criancice
e começa...a criançada..."

Todo "barbeiro" sustenta
que a "batida" foi assim:
-"Veio um poste a mais de oitenta,
na contra-mão, contra mim!..."

Sai do museu, braço dado
com sua sogra, o Sinfrônio:
e o guarda grita, alarmado:
- "Tão roubando o patrimônio!"

O pai da moça, que é mau,
Chega em casa e acaba o "baile"...
É que o Zé, "cara de pau",
tava namorando em..."braile"!!!

-"Vem aí um furacão!!!",
avisa a rádio, - "Cuidado!!!"
e o genro por ...precaução...
põe a sogra...no telhado!!!

Tomou Viagra...Fracasso...
Foi cobrar de quem vendeu:
- "E agora, como é que eu faço???"
- "Enterra! Que já morreu!!!"
.
Fontes:
GOLDMAN, Izo. Trovas de quem ama a trova. São Paulo: BMG, 2007.
http://www.tribunadonorte.net/edicoesanteriores/030807/cultura.htm
http://trovasecia.blogspot.com/ (capa do livro)

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