sábado, 12 de abril de 2008

Rinaldo de Fernandes (A Cor dos Laços)

Aos domingos, depois do almoço,
o pai em L vendo a TV,
a mãe provando a brisa boa
de uma bola de sorvete,
tudo se fazia torta fina.

Até que o pai rosnava para as portas
acusações de becos escusos
e esconderijos dos amantes da mãe.
Tudo então se fazia ferrolho
fechando os sorrisos nos porta-retratos.

A filha, brincando de sol na sacada,
desatava o laço laranja
feito da luz de um raio,
prestava atenção.

E começava a desconfiar
que, por trás de toda poltrona obtusa,
dos ventos de todo sorvete,
mora a sombra e a cor dos seus laços.

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