domingo, 22 de junho de 2008

Martha Medeiros no Encontro do Escritor com o Aluno (RS)

O Projeto Literário do Colégio Mutirão Objetivo, denominado Encontro do Escritor com o Aluno, é uma iniciativa que visa aproximar os alunos da literatura. Primeiramente, os alunos estudam as obras e a vida do escritor selecionado. Num segundo momento, eles recebem a visita do autor. Semana passada, a escola recebeu a escritora Martha Medeiros. Aos 46 anos, ela passa à platéia uma jovialidade de dar inveja. Logo no início do encontro, a cronista também se revelou uma pessoa descontraída.

- Eu não faço palestras. Vim aqui para um bate-papo! - ressaltou.
Foi nesse clima de descontração que ocorreu o encontro, no auditório da Faculdade da Serra Gaúcha, lotado de jovens ansiosos por uma resposta para as suas perguntas. Como o objetivo do encontro era aproximar os jovens da escritora, o Kzuka selecionou três gurias do Objetivo para fazer perguntas à gaúcha. Mas antes confira os principais momentos do bate-papo da escritora com os alunos!

Mulheres X Homens
- Eu não sou representante do universo feminino. Pelo contrário, não quero esse estigma. Já acabou há muito tempo essa linha que dividia os assuntos entre para homens e para mulheres. Nós já ultrapassamos essa segmentação. Hoje em dia, mulher lê sobre futebol e homens lêem sobre os filhos. Eu escrevo pra todo mundo.

Inspiração
- Pra mim, escrever é muito fácil. Principalmente quando sei sobre o que quero falar. O problema é que hoje em dia existem muitos cronistas e todo mundo comenta sobre tudo. Então, como ser realmente original nesse mundo? Eu optei por ser trivial e falar das pequenas coisas do cotidiano que nos interessam muito. Tudo o que eu vejo, um filme, um show, até o papo com alguma amiga, serve de inspiração. Enfim, eu dou o meu chute em todas as áreas.

- É importante ter uma vida regrada, mas é mais importante seguir o nosso interior.

Eu, tu, eles...
- Eu tenho muita dificuldade de escrever na 3ª pessoa. Eu adoro me colocar no lugar do outro. Acho que é aí que eu ganho a empatia dos meus leitores.

Divã
- O livro Divã foi uma surpresa. Ele virou moda entre os cariocas, principalmente depois que saiu uma nota falando que o Antônio Fagundes tinha adquirido um para presentear uma 'amiga'... A atriz Lilia Cabral adorou a história e resolveu adaptá-la para o teatro. Após dois anos em cartaz, o diretor José Alvarenga achou que a história poderia virar um filme. A produção é cheia de atores globais como o Reynaldo Gianecchini e o Cauã Reymond. Eu não vi nada ainda e estou superansiosa.

Metas
- Nunca tive metas muito exóticas, elas sempre foram alcançáveis. Meu desejo mais ousado sempre foi viajar muito e, sempre que posso, faço isso. Meu principal desejo é poder continuar... continuar viajando, escrevendo, amando...

Educação
- Às vezes, temos que dizer não para os filhos. Se eles querem crescer, eles precisam aprender a se frustrar.

Três Desejos
Virgínia Maffei, 15, aluna do 1º ano, não conhecia a obra da autora antes de ler No Stop, indicação da professora do colégio.
- Adorei. Ela fala o que a gente pensa, mas não conseguimos expressar. Me identifico com o que ela escreve.

A pergunta da Virgínia: Se Deus parasse na tua frente e lhe concedesse três desejos, quais seriam?
- Nossa! Eu cairia estatelada (risos). Três pedidos é muita coisa. É muito bom chegar no estágio em que eu cheguei e ter realizado tudo o que eu queria. Agora, o que vier é lucro. Também acho que as coisas pequenas são as mais fundamentais. Mas se eu tivesse que fazer três pedidos, por primeiro, pediria pra continuar as coisas como estão. Em segundo lugar, pediria saúde por muito tempo. Por último, faria um pedido que fizesse o bem pra toda a humanidade, como ter mais paz no mundo.

Bichos de Pelúcia
Bruna Milani, 16, é aluna do 2º ano e gosta do feminismo da autora.
- Só não gostei da crônica Bichos de Pelúcia... não tem sentido o que ela falou no texto, porque eu posso ter 16 anos e ainda possuir bichos de pelúcia no quarto sem ser imatura.

A pergunta da Bruna: Por quê você condena o fato de as pessoas mais velhas terem bichos de pelúcia?
- Essa crônica rendeu uma repercussão que não esperava. Centenas de cartas chegaram ao jornal pedindo a minha demissão, e eu recebi uma enxurrada de e-mails me criticando. A inspiração surgiu quando vi um clipe de uma cantora seminua cantando abraçada à um ursinho de pelúcia. Acabei escrevendo sobre essa loucura, era apenas um deboche. A idéia era mostrar que as pessoas precisam fazer um rito de passagem, amadurecer. Mas diante de tantas críticas, fui falar com um psicólogo. Ele me fez entender que estamos vivendo num mundo tão violento, que possuir ursos de pelúcia é uma forma de manter a inocência a que ele remete. Aí, fiz uma segunda crônica falando disso... Mas ainda acredito que a gente precisa saber amadurecer. Acho a vida adulta infinitamente mais legal!

Dicas para viver melhor
Nicole Panata, 16, aluna do 3º ano, adora ler Martha Medeiros. Ela sempre acompanha as crônicas da autora no caderno Donna, da Zero Hora.
- É impossível não se identificar com os assuntos que ela escreve. A Martha faz a gente refletir e, independentemente da idade, sempre há algo das crônicas dela que podemos usar no dia-a-dia. Gosto dela porque é uma autora sem papas na língua. Ela tem as opiniões parecidas com as minhas...

A pergunta da Nicole: As tuas crônicas me passam grandes ensinamentos. Você os utiliza no seu dia-a-dia?
- Gostaria de esclarecer que eu não pretendo fazer a cabeça de ninguém, só espero que as pessoas pensem. Mas eu sigo o que eu escrevo, eu sou assim. Às vezes, eu paro, me olho e me questiono. Porque uma coisa é a teoria e outra, a prática. Costumo dizer que felicidade é uma mistura de sorte com escolhas bem_feitas. Por isso, procuro aproveitar.

Fontes:
Elas perguntam, Martha Medeiros responde. Artigo publicado por Roberta Rech em 20/06/2008.
http://www.clicrbs.com.br/kzuka/jsp/home.jsp?secao=detalhe&localizador=Kzuka/kzuka/Caxias%20do%20Sul/Kzuka+vai+Fundo/25539§ion=Reportagens
Foto: Ricardo Wolffenbüttel
Montagem da foto: José Feldman

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