quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Batista de Lima (Os Três Tradicionais Gêneros Literários)

(id: MCCXXII)

(Analogias)

1. O lírico sente.
O épico mostra.
O dramático prova.

2. O lírico recorda.
O épico torna presente.
O dramático projeta.

3. O lírico se emociona.
O épico admira.
O dramático se espanta.

4. O lírico expõe.
O épico narra.
O dramático dialoga.

5. O lírico confessa.
O épico historia.
O dramático representa.

6. O lírico é o “eu”.
O épico é o “ele”.
O dramático é o tu .

7. O lírico é sílaba.
O épico é palavra.
O dramático é frase.

8. O lírico é sedentário.
O épico é nômade.
O dramático é evoluído.

9. O lírico é adolescente.
O épico é jovem.
O dramático é velho.

10. O lírico é emotivo.
O épico é referencial.
O dramático é conativo.

11. O lírico é expressivo.
O épico é narrativo.
O dramático é exortativo.

12. O lírico é o início.
O épico é o meio.
O dramático é o fim.

13. O lírico é o amanhecer.
O épico é o entardecer.
O dramático é o anoitecer.

14. O lírico é fala.
O épico é língua.
O dramático é linguagem.

15. O lírico é particular.
O épico é social.
O dramático é universal.

16. O lírico é subjetivo.
O épico é objetivo.
O dramático é a síntese de ambos.

17. O lírico é emocional.
O épico é figurativo.
O dramático é lógico.

18. O lírico é feminino.
O épico é neutro.
O dramático é masculino.

19. O lírico é arrebatamento.
O épico é força.
O dramático é indecisão.

20. O lírico é cantado.
O épico é recitado.
O dramático é dialogado.

21. O lírico é sentimental.
O épico é narrativo.
O dramático é representativo.

22. O lírico é abstração.
O épico é ausência.
O dramático é presença.

23. O lírico espera-se (pela inspiração).
O épico recolhe-se (da humanidade).
O dramático arranca-se (à força).

24. O lírico é do mundo interior.
O épico é do mundo exterior.
O dramático é do mundo conflituoso.

25. O lírico é das emoções.
O épico é das grandes ações.
O dramático é das ações em conflito.

26. O lírico centra-se no autor.
O épico centra-se no autor e no auditório.
O dramático centra-se no auditório.

.27. O lírico, o autor é protagonista.
No épico, o autor é expectador.
No dramático, o autor é coordenador.

28. No lírico, o sujeito e o objeto juntam-se.
No épico, o sujeito e o objeto observam-se.
No dramático, o sujeito julga o objeto.

29. No lírico, beija-se o mundo.
No épico, somos beijados pelo mundo.
No dramático, entrebeijamo-nos (nós e o mundo).

30. No lírico, a linguagem está na fase da expressão sensorial. No épico, a linguagem está na fase da expressão figurativa. No dramático, a linguagem está na fase da expressão do pensamento conceitual.
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Sobre o autor:
BATISTA DE LIMA, nascido em Lavras da Mangabeira (1949), embora pertença ao “grupo” da revista O Saco, pois seu primeiro livro, de poemas, é de 1977, passou a divulgar seus contos mais recentemente: O Pescador da Tabocal saiu em 1997 e Janeiro é Um Mês Que Não Sossega, em 2002. Seminarista no Crato, formou-se em Letras e Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Especializou-se em Teoria da Linguagem na Universidade de Fortaleza, onde exerceu a chefia do Departamento de Letras e a diretoria do Centro de Ciências Humanas. Cursou o mestrado em Literatura na Universidade Federal do Ceará. Iniciou-se como professor de Português em colégios de Fortaleza. Na vida literária deu os primeiros passos no Clube dos Poetas Cearenses. Mais tarde participou ativamente dos grupos Siriará, Arsenal, Catolé e Plural. De poesia publicou os livros Miranças (1977), Os Viventes da Serra Negra (1981), Engenho (1984) e Janeiro da Encarnação (1995). Na área do ensaio literário deu a lume, em 1993, Os Vazios Repletos e Moreira Campos: A Escritura da Ordem e da Desordem, e, em 2000, O Fio e a Meada – Ensaios de Literatura Cearense. Membro da Academia Cearense de Letras.

Fontes:
http://www.vastoabismo.xpg.com.br/
http://www.jornaldepoesia.jor.br/

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