domingo, 5 de outubro de 2008

Álvares de Azevedo (Noite na Taverna)

Análise da professora Célia A. N. Passoni

Em 1853-1855, surgiu a edição póstuma que recolheu as publicações esparsas de Álvares de Azevedo sob o título de Poesias. Foram sendo acrescentadas às sucessivas reedições, obras em prosa, cujos exemplos mais destacados são: Macário, narração dialogada. Próxima de escritos teatrais, e Noite na Taverna, coletânea de narrativas curtas que constitui a mais original produção de prosa de Álvares de Azevedo, ao mesmo tempo é a mais bem-sucedida obra em que se destaca a influência do clima romântico imposto pelo poeta inglês Lorde Byron.

Movido pela imaginação exacerbada, o volume apresenta os desvarios do poeta envolvido por uma conturbação febril, na qual se deixa influenciar por quase todas as grandes características das novelas mórbidas do século XIX. Visivelmente artificiais, as narrativas que constituem o cerne desta obra recebem certa dose de magia e coerência por envolver o leitor, prender-lhe a atenção, dirigi-lo ao final. E se as história relatadas não são verossímeis, pelo menos disfarçam suas incoerências pela atração com que o autor conduz sua imaginação, de modo que quase parecem reais, colocando-as envolvidas por uma onda infindável de orgias deboches, sátiras, paixões transfiguradas, relatadas pela pequena galeria de personagens boêmios que vão tomando a palavra. Das páginas de Noite na Taverna vão surgindo relatos impregnados de um clima inumano e anormal.

A indefinição percorre as páginas do volume. O leitor que procurar conhecer os limites do tempo e do espaço nada encontrará de seguro ou de definitivo. Os fatos acontecem em alguma taverna, em algum lugar, em algum tempo, tudo muito vago. Só uma coisa parece real: o vinho que enche as taças logo esvaziadas, em rodadas orgíacas de um grupo de jovens, já bastante bêbados, semi-inconscientes. Reunidos, eles contam histórias embaladas por assuntos diversos, mas com um elo comum: todas são trágicas, impregnadas de vícios, de crimes hediondos que vão de assassinatos a incestos, de infanticídios e fratricídios. Todos os casos são repassados de amor, pervertido, cujos pares se envolvem em relações delirantes absurdas e pouco reais.

Composto de sete quadros intitulados: "Uma noite do século", "Solfieri", "Bertram", "Gennaro", "Claudius Hermann", "Johann" e "Último beijo de amor".

O primeiro constitui uma espécie de apresentação do ambiente da taverna, da roda de bebedeira, de devassidão em que se encontram os personagens, do clima notívago e vampiresco. O tom declamatório anuncia a noitada e as história que estão por vir.

- Silêncio, moço! acabai com essas cantilenas horríveis! Não vedes que as mulheres dormem ébrias, macilentas como defuntos? Não sentis que o sono da embriaguez pesa negro naquelas pálpebras onde a beleza sigilou os olhares de volúpia?

- Cala-te, Johann! enquanto as mulheres dormem e Arnold - o loiro - cambaleia e adormece murmurando as canções de orgia de Tieck, que música mais bela que o alarido da saturnal? Quando as nuvens correm negras no céu como um bando de corvos errantes, e alua desmaia como a luz de uma lâmpada sobre a alvura de uma beleza que dorme, que melhor noite que a passado ao reflexo das taças?

- És um louco, Bertram! não é a lua que lá vai macilenta: é o relâmpago que passa e ri de escárnio às agonias do povo que morrem aos soluços que seguem as mortualhas do cólera!

As primeiras páginas deixam antever o clima das geração do mal do século, a irreverência incontida, a tendência a divagações literário-filosóficas, a vivência sôfrega e, principalmente, a morbidez e a lascívia.

- Estás ébrio, Johann! O ateísmo é a insânia como o idealismo místico de Schelling, o panteísmo do Spinoza - o judeu, e o histerismo crente de Malebranche nos seus sonhos da visão de Deus. A verdadeira filosofia é o epicurismo. Hume bem o disse: o fim do homem é o prazer. Dai vede que é o elemento sensível quem domina. E pois ergamo-nos, nós que amarelecemos nas noites desbotadas de estudo insano, e vimos que a ciência é falsa e esquiva, que ela mente e embriaga como um beijo de mulher.

A vivência que o escritor demonstra é mais cultural que real, daí buscar constantemente o reforço nas idéias de filósofos e literatos. De Álvares de Azevedo sabe-se que escreveu todas as suas obras sob o impacto de leituras diversas que vão da Bíblia a Byron, sendo as influências recebidas uma clara demonstração de toda conturbação que sua obra deixa transparecer.

Voltemos à taverna. Entre os "brados" e as taças que circulavam, são apresentados os personagens, e alguns deles tomas a palavra. Em primeira pessoa, relatam histórias pessoais. O primeiro a tomar a palavra é Solfieri que faz suas evocações, remontando-as a Roma, a "cidade do fanatismo e da perdição", onde "na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o crucifixo lívido". Certa noite, Solfieri vê um vulto de mulher. Segue-a até um cemitério; o vulto desaparece e o personagem adormece sob o frio da noite e a umidade da chuva. A visão deste vulto de uma mulher atordoou o personagem durante um ano, nada o satisfazia na troca de amores com mundanas. Uma noite, após prolongada orgia, saio vagando pelas ruas e acaba entre "as luzes de quatro círios" que iluminavam um caixão entreaberto. Lá estava a mulher que lhe provocara tantas alucinações e insônias. Era agora uma defunta. O homem tomou o cadáver em seus braços, despiu-lhe o véu e...

Mas, para disfarçar o caso de necrofilia, a mulher não estava morta, apenas sofrera um ataque e catalepsia. Ao perceber que a mulher não havia morrido, Solfieri levou-a para seu leito, contemplou-a e ela, depois de breve delírio, vaio a falecer. Solfieri mandou fazer uma estátua de cera da virgem, guardou-a em seu quarto, conservou com uma grinalda de flores.

Bertram é o segundo personagem a tomar a palavra. Rapaz de cabeleira ruiva, tez branca que, com as mãos alvas na barba e olhos verde-mar fixos, pôs a falar de uma mulher o levara a perdição. Cadiz, na Espanha, é o cenário. Enamorado de Ângela, Bertram com elas se casaria se não fosse chamado para a morte do pai. Voltou após algum tempo e reencontrou Ângela, casada e com um filho. Mas o amor de ambos ainda era enorme e tornaram-se amantes. O marido descobriu a traição, quis se vingar, mas Ângela o mata. Com a mesma frieza que matou o marido, assassina o filho:

Sobre o peito do assassinado estava uma criança de bruços. Ela (Ângela) ergueu-a pelos cabelos... Estava morta também: o sangue que corria das veias rotas de seu peito se misturava com o do pai!

Fugiram ambos, numa vida insana, a vagar libertinos, até que Ângela partiu, deixando

os lábios ainda queimados doe seus e o coração cheio de verme de vícios que ela aí lançara. Partiu; mas sua lembrança ficou como um fantasma de um mau anjo perto de meu leito.

Para esquecê-la, tornou-se um libertino. Ébrio, machucado, perdido, foi recolhido por um velho e uma jovem de 18 anos. O velho acolheu-o, a jovem amou-o e por ele se perdeu. Fugiram. Confessa Bertram que se enjoou da mulher e

uma noite em que eu jogava com Siegfried - o pirata, depois de perder as últimas jóias dela, vendi-a. A moça envenenou Siegfried logo na primeira noite e afogou-se..."

Bertram se envolve em outra aventura. Após querer se matar, é salvo por um bondoso comandante. Em troca da acolhida, apaixonou-se pela mulher do benfeitor e teve seu amor retribuído. Mas o navio foi atacado por piratas e após sangrentas batalhas foi reduzido a uma jangada perdida no mar com quatro ocupantes além do narrador: o comandante, sua mulher e dois marinheiros. A comida tornava-se escassa e...

Dois dias depois de acabados os alimentos restavam três pessoas: eu, o comandante e ela.

Cumpria-se a lei do náufrago, a antropofagia. Mais um deveria morrer. Fez-se um sorteio e o comandante perdeu. Implorou por mais alguns dias, mas Bertram foi implacável, tinha fome e não hesitou em matá-lo. O cadáver serviu de alimento aos dois náufragos por mais dois dias. Outro dois dias de fome se passaram. A mulher lhe propôs morrerem juntos, e nesta última agonia amaram-se, deliraram, e ela enlouqueceu. Bertram apertou-a aos braços, convulsivo, e sufocou-a. Uma solidão modorrenta se apoderou dele, e quando acordou do pesadelo estava a bordo de um navio que o salvara.

O quarto episódio é relatado por Gennaro, o pintor. Ele entra como aprendiz do velho Godofredo Walsh, casado em Segunda núpcias com Nauza, uma jovem de vinte anos que lhe servia de modelo. Com Godofredo vive também Laura, de quinze anos, filha de seu primeiro casamento. Os acontecimentos narrados são de trinta anos passados.

Por circunstâncias alheias à vontade do narrador, Gennaro seduz Laura, que durante três meses freqüenta o quarto do rapaz. Grávida, Laura implora para Gennaro pedi-la em casamento e diante de sua recusa, a moça percebe que ele não a amava. O motivo era simples, Gennaro apaixonara-se por Nauza. Laura, por sua vez, enfraquecia e

Uma noite... foi horrível,,, vieram chamar-me: Laura morria. Na febre murmurava meu nome e palavras que ninguém podia reter, tão apressadas e confusas lhe soavam. Entrei no quarto dela: a doente conheceu-me. Ergueu-se branca, com a face úmida de um suor copioso: chamou-me. Sentei-me junto do leito dela. Apertou minha mão nas suas mãos frias e murmurou em meus ouvido:

- Gennaro, eu te perdôo: eu te perdôo tudo... Eras um infame... Morrerei.... Fui uma louca... Morrerei... por tua causa... teu filho... o meu... vou vê-lo ainda... mas no céu... meu que filho matei... antes de nascer...

Após um ano da morte de Laura, Gennaro torna-se amante de Nauza.

E as noites que o mestre passava soluçando no leito vazio de sua filha, eu as passava no leito dele, nos braços de Nauza.

Certa noite fria e escura saíram o mestre e o aprendiz. Godofredo pôs-se a contar um a história (a real) de sua vida, expondo o conhecimento que tinha dos fatos, sabendo que Gennaro fora amante da filha e agora é amante da mulher. Musculoso e forte, em contenda, Godofredo prostrou Gennaro que caiu de um despenhadeiro e só não morreu porque ficou preso nos ramos de uma "azinheira gigantesca que assombrava o rio". Após um dia e uma noite de delírios, acordou na casa de camponeses que o haviam salvado e logo que sarou, partiu. Encontrou no caminho o punhal com que o mestre tentara matá-lo. Munido da arma, procurou a casa de Godofredo que parecia abandonada, entrou pelos quartos escuros, tateando até a sala do pintor e daí dar vazão à sua vingança. Encontrando-a vazia, dirigiu-se ao quarto de Nauza e encontrou-a morta, envenenada pelo marido, que jazia morto também e de sua boca "corria uma escuma esverdeada"...

Claudius Hermann é o quinto conto do volume. Claudius Hermann, após preâmbulos em que discursa com os amigos de orgia acerca de diversos temas, expõe sua história. Viciado em jogo, Claudius Hermann chegou a apostar toda sua fortuna. Em uma das corridas, viu uma mulher passar a cavalo.

Víssei-la como eu, no cavalo negro, com as roupas de veludo, as faces vivas, o olhar ardente entre o desdém dos cílios transluzindo a rainha em todo aquele ademane soberbo!... víssei-la bela na sua beleza plástica e harmônica, linda nas usas cores puras e acetinadas, nos cabelos negros e a tez branca da fronte, o oval das faces coradas, o fogo de nácar dos lábios finos, o esmero do colo ressaltando nas roupas de amazona!... víssei-la assim, e à fé, senhores, que não havíeis rir de escárnio como rides agora!

Tal foi o fascínio que a dama exerceu sobre o rapaz que ele, quase com obsessão, perseguiu-a. Descobriu que a mulher misteriosa era a duquesa Eleonora.

(...) seis meses de agonia e desejo anelante, seis meses de amor com a sede da fera! seis meses! como foram longos!

Um dia, encorajado, abordou-a da forma mais vil possível. Eleonora era casada. Uma noite, após um baile, aproveitou-se do cansaço e sonolência da mulher e, com a chave comprada de um criado, entrou em seu quarto e lhe deu um narcótico misturado ao vinho. Em seguida, seduziu a inconsciente.

Uma semana se passou assim: todas as noites eu bebia nos lábios à dormida um século de gozo. Um mês! o mês delirantes iam os bailes do entrudo, em que mais cheia de febre ela adormecia quente, com as faces em fogo...

O marido, o belo e jovem Maffio, uma noite prometeu visitá-la em seu leito. O amante, corroído de ciúme, resolveu fugir com a mulher. Após ministrar-lhe o narcótico, saiu com a inconsciente pelos corredores, e partiram de carruagem. Ao acordar, Eleonora percebeu que estava em um local estranho, com um desconhecido, e ficou desesperada. Claudius decidiu revelar-lhe o segredo.

Escutai. - o libertino amou pois o anjo, voltou o rosto ao passado, despiu-se dele como de um manto impuro. Retemperou-se no fogo do sentimento, apurou-se na virgindade daquela visão - porque ela era bela como uma virgem, e refletia essa luz virgem do espírito, nesse brilho d'alma divina que alumia s formas - que não são da terra, mas do céu. (...)

A mulher argumentou ser impossível amá-lo, ele contra-argumentou dizendo-lhe não ser mais possível a vida dela nos padrões da normalidade, uma vez que estava desonrada. Ninguém a perdoaria. Inicialmente a mulhr concordou viver com ele, mas

(...) um dia Claudius entrou em casa. Encontrou o leito ensopado de sangue e num recanto escuro da alcova um doido abraçado comum cadáver. O cadáver era o de Eleonora: o doido nem o poderíeis conhecer tanto a agonia o desfigurava. Era uma cabeça hirta e desgrenhada, uma tez esverdeada, uns olhos fundos e baços onde o lume da insânia cintilava a furto, como a emanação luminosa dos puis entre as trevas...

Mas ele o conheceu... era o Duque Maffio...

Envolvidos pela história, ébrios e sonolentos, embalados pela lascívia e pela podridão da noite, os convivas da reunião orgíaca acabam por adormecer.

O mais desgraçado dos companheiros de conversa é Johann, personagem-narrador do sexto episódio do livro. O cenário é Paris. Johann e Artur jogavam num bilhar. Ao faltar um ponto para Artur ganhar e ao narrador muitos, houve um desvio de bola e Johann exaltou-se, provocando o adversário para um duelo de morte. Artur aceitou, mas antes de partirem para a morte, pediu ao adversário de jogo que o acompanhasse ao hotel. Lá, escreveu algumas linhas, depois pediu para Johann entregá-la a... juntamente com um anel, caso viesse a ser vítima. Antes do duelo, os contendores brindaram.

Artur foi à secretária, tirou duas pistolas, uma carregada e a outra não. Estava lançada a sorte. No duelo morreu Artur. Johann, como havia prometido, tirou o anel do defunto, recolheu dois bilhetes. O primeiro era uma carta para mãe; o segundo, apenas dizia:

À uma hora da noite na rua de ...nº 60, 1º andar: acharás a porta aberta.

e a assinatura era apenas um G. Johann teve uma idéia infame. Ele foi ao encontro.

Era escuro. Tinha no dedo o anel que trouxera do morto... Senti uma mãozinha acetinada tomar-me pela mão, subi. A porta fechou-se.

Ele seduziu a virgem. Ao sair, topou com um vulto à porta, voz levemente familiar. Desceu as escadas e sentiu uma lâmina resvalar-lhe os ombros. Uma luta horrível foi travada e houve mais um assassinato.

"Ao sair tropecei num objeto sonoro. Abaixei-me para ver o que era. Era um lanterna furta-fogo. Quis ver quem era o homem. Ergui a lâmpada...

O último clarão dela banhou a cabeça do defunto... e apagou-se...

Eu não podia crer: era um sonho fantástico toda aquela noite. Arrastei o cadáver pelos ombros... levei-o pela laje da calçada até o lampião da rua, levantei-lhe os cabelos ensangüentados do rosto... (...)

Aquele homem - sabei-lo!?... era do sangue do meu sangue, filho das entranhas de minha mãe como eu... era meu irmão!

Mas a desgraça maior ainda estava por lhe ser revelada: Johann havia possuído sua própria irmã.

Com Último beijo de amor, Álvares de Azevedo fecha o volume Noite na Taverna. Ao contrário dos outros,, traz a narrativa em 3ª pessoa. A noite ia alta e a orgia findara, pois os convivas dormiam embriagados. Entrou na taverna um a mulher vestida de negro, procurando um rosto conhecido. Quando a luz bateu em Arnold, a mulher ajoelhou-se, mas ergueu-se e dirigiu-se a Johann.

(...) A fronte da mulher pendeu e sua mão pousou na garganta dele. Um soluço rouco e sufocado ofegou daí. A desconhecida levantou-se. Tremia; ao segurar na lanterna ressoou-lhe na mão um ferro... era um punhal... Atirou-o no chão. Viu que tinha as mãos vermelhas, enxugou-as nos longos cabelos de Johann.

Voltando-se para Arnold, fez-se reconhecer. Era Giórgia que voltava depois de cinco anos. Arnold pediu para que o chamasse como antes - Artur - e pede-lhe beijos, enquanto ambos lamentam a sorte. A mulher somente vinha para dizer-lhe adeus e depois fecharia as portas de sua própria sepultura. Ante, porém, pede ao homem para que veja Johann morto. Confessa tê-lo matado e vingado aquele que a havia prostituído.

Geórgia a prostituta! vingou nele Geórgia - a virgem. Esse homem foi quem a desonrou! desonrou-a... a ela que era sua irmã!

Completando a cena de horror, entre Arnold e Giórgia aconteceu inevitáveis mortes que, de certa maneira, refletem a visão da geração de Álvares de Azevedo, o mal do século.

A mulher ajoelhou-se a seus pés.

- E agora adeus! adeus que morro! Não vês que fico lívida, que meus olhos se empanam e tremo... e desfaleço?

- Não! eu não partirei. Se eu vivesse amanhã haveria uma lembrança horrível em meu passado...

- E não tens medo? Olha! é a morte que vem! é a vida que crespucula em minha fronte. Não vês esse arrepio entre minhas sobrancelhas?...

- E que me importa o sonho da morte? Meu porvir amanhã seria terrível: e à cabeça apodrecida do cadáver não ressoam lembranças; seus lábios gruda-os a morte; a campa é silenciosa. Morrerei!

A mulher recuava... recuava. O moço tomou-a nos braços, pregou os lábios no dela... Ela deu um grito, e caiu-lhe das mãos. Era horrível de ver-se. O moço tomou o punhal, fechou os olhos, apertou-o no peito, e caiu sobre ela. Dois gemidos sufocaram-se no estrondo do baque de um corpo...

A lâmpada apagou-se.

Fontes:
http://www.portrasdasletras.com.br

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