sábado, 15 de novembro de 2008

Amália Max (Vendaval de Trovas)


Para os que seguem sozinhos,
descalços e combalidos,
que importa ter mil caminhos
se todos são proibidos?
(Pouso Alegre 1997)

A sorte tem seus encantos,
seus agrados, seus engodos;
às vezes agrada a tantos,
mas jamais agrada a todos!
(Niterói 1998)

Se me deixas por vontade...
se vais para não voltar...
O que é que eu digo à saudade
amanhã, quando acordar?

Relógio, fique parado!
Não deixe o tempo passar...
Eu quero ser enganado
quando a velhice chegar!

Nas noites de paz eterna,
vigiando a escuridão,
toda estrela é uma lanterna
que um anjo leva na mão!

Laranjais de minha infância,
frutos que alegre colhi,
hoje olho para a distância
e choro porque cresci!

A ermida à beira da estrada
plange seu sino de um jeito,
que eu sinto a corda amarrada
na saudade do meu peito...

Depois do enxerto a coitada,
que quis o rosto alisar,
agora vive assustada...
Seu rosto só quer sentar!

Ralhando com seus porquinhos
a porca, mãe exemplar,
vendo-os, assim, bem limpinhos...
- já pro barro se sujar !!!
(Friburgo 1989)

Mistério tem o meu peito
que guarda com suavidade,
num espaço tão estreito,
a vida, o amor e a saudade.
(Bandeirantes, 1998)

Partiu a jangada airosa
Na praia ficou maria,
pedindo, de alma ansiosa,
que ela volte ao fim do dia.

A vida anda tão tristonha...
Pobreza...fome...agonia...
Que eu chego a sentir vergonha
de, às vezes, ter alegria!

Que importa a nós dois o mundo
Que importa o lugar que vamos...
Nosso amor é tão profundo
que só de nós precisamos!

Nem sempre o sorriso diz
se é mesmo contentamento.
Quando alguém não é feliz,
ser alegre é sofrimento.

No instante em que nossa prece
sobe a escada do infinito,
pela mesma escada desce
a paz que acalma o conflito.

Em meu peito ponho escoltas
contra um amor sem razão,
dando, de vez, duas voltas
na chave do coração.

Numa ternura infinita
a lua, com mãos de prata
vem prender laços de fita
nas tranças verdes da mata.

Sem mesmo ter ido ao céu
já caminhei sobre a lua!
Foi um dia andando ao léu
pisando as poças da rua.

Depois, que um dia, partiste
nesta rua só choveu...
Será que esta rua é triste
ou triste nela sou eu?

Lindas flores de ilusão
dentro de vaso sem água
logo, logo murcharão
passando a chamar-se "mágoa".

Minha vida é tão vazia
tão cheia de solidão
que a sombra que eu possuía
não mais me segue no chão.
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Fontes:
http://www.falandodetrova.com.br/2008/amaliamax
http://ubtportoalegre.portalcen.org/html/brasil.html
TABORDA, Vasco José e WOCZIKOSKY, Orlando (orgs.) Antologia de Trovadores do Paraná. Edição o Formiguewiro. Curitiba: Lítero Técnica, março de 1984.

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