terça-feira, 25 de agosto de 2009

Folclore Esquimó (O Caminho das Estrelas)



Há muitos séculos, na região do gelo, aconteceu um combate entre o urso negro, que se chamava Wakini, e o urso cinza, que se chamava Wakinu. Ninguém nunca soube exatamente como começou a disputa. Os antigos diziam que os dois grandes amigos ursos se enfrentaram por causa de um pequeno pote de mel. Wakini levara muito tempo colhendo o mel e Wakinu quis arrancá-lo à força do amigo.

Uma furiosa luta teve início, e o vencedor foi Wakinu, o ladrão de mel.

O líder da tribo ficou inconformado com essa vitória. Pensou que seria uma grande injustiça um ladrão se dar bem no final. Por isso, expulsou o urso cinza da comunidade. Mas Wakinu não tinha mau coração: era só um urso muito guloso. Chorou tanto e parecia tão arrependido que toda a tribo sentiu muita pena dele.

Wakinu partiu e caminhou durante vários dias. Mal enxergava, seus olhos estavam turvados de tantas lágrimas. As noites e os dias passavam sem que ele se alimentasse ou parasse para descansar. Até que, de repente, avistou um longo caminho todo prateado. Era uma estrada magnífica que brilhava contra o céu azul-escuro. O urso, pela primeira vez em muitos dias, conseguiu ver nitidamente. O caminho se estendia até as estrelas.

Wakinu experimentou uma profunda alegria e começou a correr por aquele solo prateado, e aos poucos foi se sentindo cada vez mais leve.

Era quase como se ele, um grande urso cinza, fosse só um passarinho.

Nesse mesmo instante, Wakini, seu ex-amigo, sentiu uma vontade imensa de olhar para as estrelas no firmamento. E o viu.

- Vejam! - disse à sua tribo. - É Wakinu! Está correndo no meio das estrelas!

E toda a tribo se reuniu para assistir aquela cena extraordinária.

Wakinu corria, corria, saltava as estrelas, dançava no céu. E alguém comentou:

- Wakinu alcançou o Porto das Almas, o campo das caças eternas!

Depois dessa noite, Wakinu nunca mais voltou. Mas até hoje se conta que, durante sua corrida, Wakinu balançou a grossa pelagem, que ficou cheia de luz, e dela respingaram as lindas estrelas que hoje formam a Via Láctea. Há os que não acreditam nisso, porém, e preferem pensar que Wakinu ainda está vivo, no campo das caças eternas, lugar para onde vão todos os guerreiros no final da vida: o caminho de Wakinu, o ursa cinza, o grande ladrão de mel.

Fonte:
http://www.esnips.com

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