sábado, 24 de outubro de 2009

Luis Renato Pedroso (Soberana Ordem do Sapo)



Inspirado por um grupo de intelectuais que, nos idos de 6 de março de 1898, criara um periódico sob a intrigante denominação O Sapo, Vasco Taborda Ribas fundou uma confraria, em 15 de agosto de 1977, a que chamou de Soberana Ordem do Sapo, cujos integrantes, em número expressivo, recebem o título de “barão” e “baronesa”.

Mas, certamente, os que lêem estas linhas perguntarão: por que tão esdrúxula denominação?

Responde, com raro descortino, o acadêmico e pois imortal Apollo Taborda França, que a fez ressurgir, poucos dias passados: “o sapo é uma criatura universal: está em todas as partes, em todos os países. Trata-se de um ser enigmático, místico e mítico, a um só tempo. Não chega a ser venerado, mas é admirado e decantado, de modo mal ou benquerente, em contos, fábulas e lendas”, lembrando, ainda, que “o sapo é romântico com seu cantar após as chuvas, tempestades, em especial para noites de luar. A despeito da malquerência com que sofre, é considerado o símbolo do amor, da ventura e da alacridade. Chega a ser considerado lindo conforme o entendimento e o olhar de quem intimamente não o subestima”.

Por sua vez, Ivo Arzua Pereira recorda que, “além de tudo, o sapo, cujo habitat são os charcos, os terrenos alagadiços e os banhados, é bem o símbolo da humildade, pois jamais intentou viver nas alturas montanhosas para brilhar à luz do sol e ser notado, admirado e aplaudido, bastando-lhe ser alvo da simpatia dos seres humanos e, principalmente, dos bravos ecologistas”.

Tais considerações, por si só, explicam plenamente a opção de Leôncio Corrêa, Leite Júnior, Gabriel Ribeiro e Thales Saldanha pelo título O Sapo para o hebdomadário lançando e, depois, Vasco Taborda Ribas para a confraria, agora ressurgida por Apolo Taborda França.

Muitos “barões” e “baronesas” já passaram pela Soberana Ordem do Sapo, outros tantos a integram, constituindo um pugilo valoroso de amantes da cultura.

Saudando-os, a exemplo do ocorrido na reunião-almoço do dia 5 de março de 2005, quando da reinstalação da confraria, lembro o poema do inspirado e sensível vate Harley Clóvis Stocchero, Barão de Tamandaré:
1. Quando o dia amanhece
e o sol para o alto arriba,
para o céu se evola a prece
do povo de Curitiba;

2. enquanto o dia floresce
com o azul brilhando guapo,
toda lagoa estremece
com a cantiga do Sapo.

3. Os barões assinalados,
dessa Ordem Soberana,
todos juntos, irmanados,
saudam a luz que emana

4. da hóstia de intensa luz;
e Curitiba conclama
a seguir o Bom Jesus
que todo cristão irmana.

5. nessa ordem de Grandeza
do Sapo, Rei da Sapiência,
que, com toda a realeza,
simboliza a boa vivência

6. que o Sapo, na humildade,
dádiva do Criador
para toda a Humanidade,
é atributo de Amor.

7. Rendamos ao
humilde Sapo
seu verdadeiro valor,
pois ele, que é nobre e guapo,
simboliza Paz e Amor!

8. Por Deus feito inteligente
e das searas protetor,
deve merecer da gente
veneração com ardor

9. para lhe dar proteção,
pois ele é nossa esperança
ao limpar a plantação
da praga, que
sempre avança!

10. Rendamos nosso tributo
ao Reino da Saparia,
ao Sapo, esse amigo astuto,
que nos inspira Poesia!

11. Assim, Barões, Baronesas,
vamos os Sapos saudar,
reunidos em nossas mesas
para a Ordem prestigiar.

12. Num momento de alegria
desta encantada Reunião,
brindemos a Saparia
no abraço de cada irmão;

13. também é grata a ocasião,
que esta data recorda,
vamos fazer a saudação

ao Mestre Vasco Taborda

14. que, se estivesse vivo,
aqui festaria contente,
comemorando o motivo
de relembrá-lo contente.

15. Mas, embora falecido,
tem a alma ainda presente,
o que nos dá o motivo
de relembrá-lo contente.

16. Festejemos, meus confrades,
esta nossa Confraria,
que hoje uma nova idade
feliz aniversaria!

17. Agradecendo a presença
de todos que, neste dia,
nos trazem a recompensa
da ilustre simpatia.

18. Sejam todos abençoados
com as preces que conduz
esse olhar iluminado
de Nossa Virgem da Luz!?.
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Fonte:
Luís Renato Pedroso, presidente do Centro de Letras do Paraná, vice-presidente do Movimento Pró Paraná e Barão de Santa Terezinha. In Paraná On-Line. 22/03/2005

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