sábado, 20 de fevereiro de 2010

Lucy Nazaro (Caderno de Poesias)



PEDRAS BRINCAM DE FAZER AMOR
(À Rishikesh)

Pedras se lavam na intrepidez de águas geladas que fluem
Escutando o cantar suave que escorre tranqüilamente com elas.
Enquanto brincam de fazer amor, misturam fluídos mágicos e riem
Incitando nossas almas a se abraçar mansamente e voar em sonho.

Um grão aqui, outro grão ali, juntam-se em abraços infinitos
Moldando um colchão para pés cansados e corpos inflamados
Que erguem-se das águas e deitam-se infinitamente unidos
Em lânguidos olhares e beijos ocultos pelos que se sentem amados.

O verde se exibe no horizonte da mãe bondosa
Espalhando esparsas folhas que se jogam de galhos vistosos
Querendo fazer parte da paisagem-cama que se faz briosa
Embalando sonhos e sons de amantes desejosos.

O suave encanto do momento marca corações
Que se abraçam timidamente, escondendo as próprias mãos
Um desvencilhar-se não querendo, um correr que busca ficar
E um enorme desejo de amor se escondendo.

As águas verdes com sua calma espumada seguem trilhas tortuosas
Agora testemunhas de um encontro fatal, pleno de medos
Que se enfileirarão também em vales distantes
Aguardando o momento do encontro em que se tornarão amantes.
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PÉROLA DO UNIVERSO

Uma curva desvia o que era destino,
Uma força, um vento, um siroco menino
Um grão perdido no sideral espaço
Cria a pérola solitária do universo.

Um róseo coração saltita pelos ares
Navega em barco a vela pelos mares
Voa inquieto, solitário burbulhando amor
Enfeitando jardins verdes de colorida flor.

Há um sonho que insiste se mostrar amarelo,
O quero azul, verde ou vermelho, mas sincero
Exibindo a nave do cósmico voante que o leva
E me busca e em dreams suaves nos enleva.

Mais um risco de um vento no universo... e um grão se fará pérola...
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ASAS PARA O AMOR

Asas me levam no horizonte sem fronteiras
Onde água, terra, ar e fogo se abraçam
Lambendo meu corpo flutuante em corredeiras
De mares e rios que passam.

Passo neles, com eles, como cisco imperceptível
Perdido num sopro de vento que me tirou da estrada
Boiando à toa, em tom descoberto, navego incrível
Sem leme, sem rumo, vento, bússola, sem nada.

Sou nada que se esvai no esquecimento da vinda,
Vida escolhida, magia indecifrável de meu caos tão vasto
Perambulando, sozinho, vejo luzes que pupulam risonhas, ainda.
Enquanto escorrego pelas sombras. Não vivo... me arrasto.

Lá no fundo da estrada, onde terra, céu e mar se abraçam
Tem luz, tem ar, tem fogo, tem eu esperando por mim
E, na iluminura de um quadro amarelo, um sorriso, enfim
Entrevejo, você, que me olha, me chama e diz que me ama

Asas me levam, ultrapasso a fronteira, não sou mais cisco, sou pedreira
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