quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Silvane Daminelli (Filmes legendados: um caminho para o ensino da leitura)


RESUMO: É por meio da leitura que o indivíduo verifica suas experiências e valores. Ler é a condição para que o indivíduo saiba posicionar-se, ter opinião própria, ser crítico. No entanto, hoje, o que vemos nos interiores das salas de aula são alunos que não têm nenhum interesse pela leitura. Embora um dos principais objetivos da escola seja ensinar a ler, o que se percebe é que os alunos não conseguem ir além da simples decodificação. A escola enfatiza demasiadamente o ensino da escrita e esquece a leitura. Ensinar a ler exige analisar os aspectos ligados à compreensão, às estratégias e aos procedimentos de leitura. Portanto, é preciso pensar o ensino da leitura sob novas nuances, ou seja, é preciso cruzar as fronteiras e imergir num mundo novo. O uso de filmes legendados como suporte para o ensino da leitura é um caminho.

A todo instante ouve-se falar que vivemos em um país carente de práticas de leitura e de escrita. Essa carência não se refere somente à leitura de letras expressas no papel, refere-se também à leitura de textos através da tela. Segundo Chartier (2002), no mundo digital, “(...) todos os textos, sejam eles quais forem, são entregues à leitura num mesmo suporte (...). É assim criada uma continuidade que não mais distingue os diferentes gêneros ou repertórios textuais que se tornaram semelhantes em sua aparência e equivalentes em suas autoridades” (2002, p. 109). O aluno, hoje, é fruto da cultura visual e a todo instante se depara com imagens fantásticas, enquanto tudo acontece numa velocidade incrível, pois ele está cercado por imagens. Deixando de lado o computador, porque a maioria dos alunos brasileiros ainda não tem acesso a ele, os meios de comunicação se utilizam de uma linguagem carregada de estímulo visual.

Para os brasileiros, ler não é uma prática habitual, infelizmente. Geralmente a leitura ocorre nas escolas, no entanto não como um ato espontâneo, mas obrigatório, pois o foco normalmente está voltado a uma atividade posterior. É lamentável que este ato não se estenda aos lares destes alunos, o exemplo de casa com raras exceções existe. Se não bastasse o problema mencionado, ainda é preciso admitir que essa leitura escolar está distanciada da realidade das experiências pessoais. Por essa razão, ao chegar à vida adulta, o indivíduo esqueceu há tempos o gosto pela leitura. Partindo dessa constatação, poder-se-ia afirmar que há a possibilidade disso vir a repetir-se de pai para filho ou até mesmo da escola para o aluno. Nem precisamos ir tão longe; basta observar um aluno do ensino médio. O desinteresse pela leitura é tanto, que assusta. Para ler é preciso gostar de ler. É claro que quando não é fomentada esta prática, quando não há exemplos dos principais parâmetros referencias citados anteriormente, quando a leitura não é ensinada, raramente tem-se um leitor assíduo e interessado em aprender através da mesma.

São muitos os aspectos responsáveis pelo desinteresse à leitura. Talvez o maior e mais significativo seja o próprio sistema escolar. Segundo Paulo Freire (1988), há um abismo infindável entre o que é lido nas escolas e o mundo das experiências de cada indivíduo. Assim, ao estudante, resta a obrigação de ler o que lhe é exigido, ou melhor, decodificar mera e simplesmente. A vontade pessoal, o gosto de cada um pouco importa. Essa situação aos poucos tem dado mostras de mudanças, apesar da lentidão e dos questionáveis interesses daqueles que por uma razão ou outra não desejam ver um país de cidadãos opinativos e críticos.

Como a escola é a entidade responsável pelo ensino da leitura, cabe-lhe refletir e redirecionar sua postura diante dessa prática que pode, dependendo de como for conduzida, transformar o aluno num leitor competente ou distanciá-lo de qualquer leitura. Segundo Solé (1998, p.11), “cabe à escola, ainda, destacar a reflexão de fundo sobre os objetivos do ensino e aprendizagem da leitura e o esforço para situá-los no contexto mais amplo das funções que a escola deve desempenhar na sociedade atual”.

Ler é a condição para que o indivíduo saiba posicionar-se, ter opinião própria, ser crítico. Porém, é lamentável o fato de que a grande maioria das escolas brasileiras não tem dispensado à leitura tal tratamento; ao contrário: os alunos, quase que na totalidade, não gostam de ler, não se sentem atraídos pela leitura e, quando lêem, é meramente para cumprir exigências de alguma disciplina. O ato é mecânico, não-crítico, é simplesmente decodificação de letras, pois se assimila a aquisição e o ensino da leitura à aquisição e o ensino do código e se restringe àquilo que a leitura envolve e que supera as habilidades de decodificação. Conforme Solé (1998), falta à escola analisar os aspectos ligados à compreensão e às estratégias de leitura. Partindo desse pressuposto, é necessário reconhecer que a leitura e escrita são procedimentos e que, portanto, devem ser ensinados. Procedimento, segundo Coll (1987 apud SOLÉ, 1998, p. 68) geralmente também chamado de regra, técnica, método, destreza ou habilidade; é um conjunto de ações ordenadas e finalizadas, isto é, dirigidas à consecução de uma meta. A aprendizagem da leitura, como toda aprendizagem de um conhecimento, requer, como condição necessária, sua demonstração. E isso pode ser feito a partir do ensino das estratégias de leitura. Ensinar tais estratégias possibilita formar leitores capazes de aprender a partir dos textos.

Aprender a partir dos textos implica afirmar que ler é construir significado do texto. Para Leffa (1996, p.15) “compreensão não é um produto final, acabado, mas um processo que se desenvolve no momento em que a leitura é realizada” O enfoque está voltado à análise de como essa compreensão se dá, de que estratégias o leitor se utilizou para atribuir significado ao texto. Ainda conforme o autor, para se entender o processo de leitura é necessário considerar então o papel da leitura, o papel do texto e o processo de interação entre leitor e texto.

Desta forma, é pertinente ter claro o conceito de leitura e a necessidade de a mesma ser ensinada para que seja compreendida como parte de um processo mais amplo e, principalmente, ser reconhecida como uma atividade cognitiva por excelência, onde os leitores fluentes descrevem a leitura como um meio de obtenção de significados através do uso de estratégias adequadas.

Kleiman (2004) define leitura como um conjunto de habilidades que envolvem aspectos lingüísticos e psicológicos. Essa habilidade se refere à capacidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender textos escritos de forma competente, ou seja, fazer uso da linguagem em diferentes situações que envolvem a comunicação.

Usar a leitura de forma competente significa, também, perceber que ler é uma atividade individual que se entrelaça a experiências interpessoais. Ou seja: a leitura é considerada um ato individual, porque submete o leitor a um processo pessoal e particular de processamento dos sentidos do texto. O sentido de um texto não está unicamente no texto ou no leitor desse texto, ele está presente nos dois: leitor e texto; assim a leitura é também uma atividade interpessoal.

Considerar tais aspectos é, sem dúvida, colocar em prática o letramento, cujo princípio básico, como já foi afirmado no texto anterior, é considerar a idéia de que não há como falar em leitura sem falar em letramento e vice-versa.

Saber ler com competência proporciona ao indivíduo, no que se refere ao seu desenvolvimento pessoal, subsídios para que desempenhe o seu papel no meio social em que vive. Outro grande benefício da leitura, e talvez o mais importante, é o poder de transformação que ela exerce sobre o ser humano. Através dela é possível aprimorar o conhecimento e desenvolver o senso crítico. É possível, ainda, interagir e compreender o mundo. A leitura fomenta o processo de desenvolvimento do indivíduo e proporciona, como apontam estudos neste campo, melhoria da condição social e humana. À medida que os conhecimentos se ampliam via leitura, o indivíduo amplia, aos poucos, a própria produção cultural e, em conseqüência, a da humanidade. Para que isso ocorra de fato, é necessário que a escola redimensione seus objetivos.

Um dos objetivos mais importantes da escola é ensinar a ler e escrever. O problema reside no fato de muitos educadores/escola enfatizarem demasiadamente o ensino da escrita e esquecerem a leitura. A esse respeito Cagliari (1991, p.167) afirma:

A escola exige muito mais do aluno com relação à escrita do que à leitura. Isso se deve ao fato de a escola saber avaliar mais facilmente os acertos e erros de escrita e não saber muito bem o que o aluno faz quando lê, sobretudo quando ele lê em silêncio. E a escola tem a mania de querer controlar tudo. O privilégio da escrita sobre a leitura na escola se deve a essa maior facilidade de avaliação.

É mister lembrar que a aquisição da escrita é parte fundamental do processo de aprendizagem, assim a leitura é, por sua vez, forma de interpretação da escrita e consiste em traduzir os símbolos escritos em fala. Porém, ler é tão importante quanto escrever. Como vemos, é pertinente uma mudança de atitude em relação ao que aqui foi apontado, pois a leitura é a extensão da escola na vida das pessoas. É através dela que a escrita atinge seu objetivo.

Cagliari (1998) relata ainda que, na escola, a leitura serve não só para se aprender a ler, mas para aprender outras coisas lendo. Desta forma, a leitura ocupa lugar privilegiado na sala de aula e deve ser encarada como um processo de interação entre leitor e texto. Entretanto, segundo Kleiman (2004, p. 08) “poucos professores ensinam a criança a ouvir o autor nessa interação”. O que se vê, na maioria das vezes, é a ênfase ao estudo de elementos formais presentes nos textos.

Atualmente, o termo leitura parece estar relacionado simplesmente à decodificação da forma escrita. Mas decodificar não basta, é necessário interpretar o que se lê.

Todos sabemos que o bom leitor hoje é aquele que ao ler ativa as estratégias de leitura e que gosta de ler. Porém, é preciso lembrar que nem todo leitor proficiente é um bom leitor. Equivocadamente alguns autores consideram proficiente aquele indivíduo que lê um determinado número de palavras por minuto, se o assunto lhe for familiar. Considera-se leitor proficiente aquele indivíduo que consegue estabelecer uma relação, como já foi dito, de interação, ou seja, estabelecer um diálogo mútuo entre leitor e autor na construção do sentido daquilo que é lido. Portanto, ler um determinado número de palavras por minutos não classifica um leitor como proficiente.

Sabemos, ainda, que muitos alunos não gostam de ler não somente porque desconhecem as estratégias de leitura ou porque apresentam baixo nível de letramento e pouca proficiência, mas também por ignorar-se o fato de que, antes de tomar contato com o mundo da escrita, ou seja, antes de ir para a escola, o aluno já interage com representações do mundo. Freire (2004), afirma que antes de ler as palavras o indivíduo é capaz de ler o mundo. Assim, antes da escolarização, não só se lê o mundo como se escreve o mundo, ainda que não com a utilização do código valorizado pela escola.

Com base naquilo que é proposto por Paulo Freire (2004), é necessário repensar o posicionamento teórico da escola sobre a leitura e a escrita. Uma vez que o aluno, ao chegar à escola, traz o conhecimento de um mundo que ele já aprendeu a ler e escrever, é fundamental que seja desenvolvido nele a capacidade de interpretar o que ele lê e, conseqüentemente, possibilitar uma leitura de mundo muito mais ampla daquela oferecida hoje pela escola. Professor e escola não podem mais seguir ignorando o fato de que antes mesmo de o aluno chegar até a escola ele já mantinha contato com diversas representações do mundo. Talvez esta postura seja mais um dos muitos fatores que tenham afastado o aluno da leitura, ou seja, ignorar esta realidade pode contribuir para que os alunos se mostrem cada vez mais desinteressados.

Ler apenas como forma de decifrar os sentidos dos signos é automatismo. E ler como obrigação resulta em um ato desagradável, contudo a importância da leitura é tanta que mesmo assim, segundo Rangel (1990, p. 11), “agradável ou não, prazerosa ou não, confortável ou não, é necessária, indispensável, quando se trata de aprendizagem”. Para a referida autora, ler é uma prática básica, essencial para aprender. Portanto, para que esse ato seja mais frutífero e compensador, é necessário que pais, professores e escola se unam com um objetivo só: inserir naturalmente no cotidiano do aluno o gosto pela leitura, evitando que esta seja encarada como obrigação. E ainda, é necessário ensinar a ler, isto é, ensinar ao leitor a fazer uso de estratégias de leitura. Se há, como foi afirmado anteriormente, uma recusa tão grande por parte do aluno àquilo que se refere à leitura, há que se considerar que isso não ocorre de graça. Desprezamos aquilo que a nós se apresenta não só desinteressante, mas e principalmente aquilo que não entendemos, ou seja, que não aprendemos.

Arthur Schopenhauer, em 1850, já dizia em sua obra Über Lesen Und Bücher que quando se lê continuamente sem pensar depois no que foi lido, a coisa não enraíza. Podemos concluir a partir da afirmação de Schopenhauer que ler simplesmente por ler não acrescenta muito à vida do aluno. Se o leitor deseja se apropriar do que está lendo, é necessário ler com olhos voltados à interpretação, à compreensão, à inferência, ao diálogo, à interação com o texto e com o autor.

A prática de leitura deve ter por finalidade a preparação de leitores capazes de não só viver em sociedade, mas leitores capazes de modificar a sociedade que fazem parte. Para isso, é necessário que o aluno seja não somente um leitor, mas um leitor crítico, capaz de perceber o caráter social do ato de ler, pois, no momento da leitura, trocam-se valores que não pertencem somente ao leitor, nem ao autor do texto lido, mas a todo um conjunto sociocultural.

Hoje, um dos grandes desafios aos educadores, no meio escolar, é o de levar o aluno a interessar-se pela leitura. A leitura na escola não pode se limitar a um ou dois tipos de texto. Por isso, é importante promover situações que desenvolvam no aluno o gosto pela leitura, que tornem o ato de ler algo prazeroso, com sabor de “quero mais”. Para que isso aconteça talvez seja necessário sair daquilo que é tão convencional e adotar novas abordagens à prática da leitura.

Uma sugestão seria cruzar as fronteiras do que permeia a leitura e entrar num mundo novo: o uso de filmes legendados como suporte para o ensino da leitura. Assim, ao aluno será oferecida a possibilidade de melhorar sua capacidade leitora e conseqüentemente não ser mais um analfabeto funcional. Para tanto, é preciso pensar o ensino da leitura sob novas nuances, ou seja: entender que recursos como filmes legendados são capazes de promover a aprendizagem e o desenvolvimento da leitura. É preciso principalmente entender que a leitura é fundamental aos processos de aprendizagem complexos, que envolvem construtos teóricos abstratos e que estão presentes nas instituições escolares. O seu ensino é a extensão da escola na vida das pessoas. O melhor que a escola pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura (Cagliari, 1991).

Uma das grandes preocupações dos educadores em nossa sociedade hoje é em relação à formação de uma cultura de leitura, voltada ao aluno. Porém, em muitas situações, o próprio professor apresenta-se despreparado, incapaz de formar outros leitores tanto pela carência de formação profissional para a docência quanto pelo baixo nível do próprio letramento. A esse respeito, Kleiman (2004, p.8) afirma:

O professor visto como modelo ideal a ser imitado pela criança na resolução de tarefas cognitivas complexas que estão além da capacidade real da criança é uma figura que nessa perspectiva não se faz presente na escola.

Embora tal problemática seja uma realidade, seria difícil defender que o aluno é incapaz de aprender ou que as dificuldades são decorrentes de carências individuais. Se este dispusesse de orientação adequada por parte do professor, possivelmente resolveria tarefas exigidas pela escola de forma mais eficaz e coerente. Todos sabemos que a leitura proporciona ao aluno o sucesso no desempenho de suas atividades.

Observando o contexto escolar e o que a literatura há muito vem apontando, o que se percebe é que, embora as escalas de letramento indiquem um avanço nos últimos anos, o ensino da leitura ainda se apresenta frágil, e isso tem gerado muita discussão e reflexão. Os índices de leitura, no país, são baixíssimos. Dados obtidos através da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2008), realizada pelo Instituto Pró-Livro, revelam que 77 milhões de brasileiros, o que corresponde a 45% da população do país, não têm o costume de ler. Essa informação explica porque somente 26% da população dominam as habilidades de leitura, ou seja, possuem nível de letramento pleno.

É neste momento que a figura do professor se torna importantíssima. Como sabemos, para que as práticas de leitura no contexto escolar se efetivem de fato, é necessário que o professor seja o intermediário entre ensino e aprendizagem. Cabe-lhe, e é imprescindível, criar diferentes meios para aproximar aluno e leitura. Tarefa, em princípio, não muito fácil, mas possível. Mesmo ciente da importância da leitura em sua vida, o aluno em geral não gosta de ler e, quando o faz, é por obrigação. Souza (2004) em sua tese de doutorado constatou que o desempenho em leitura demonstrado pelo grupo de estudantes que participou da pesquisa ficou aquém do esperado para o nível de escolarização em que se encontravam.

O objetivo deste artigo é sugerir o uso de filmes legendados como meio para promover o ensino da leitura. No entanto, para que isso ocorra de fato, alguns aspectos como proximidade, familiaridade e afetividade devem ser levados em conta, uma vez que estes estão ligados à produtividade. Desta forma, ao aluno será oportunizado o pleno desenvolvimento das habilidades de leitura, assim ele será capaz de avaliar as possíveis e diversas abordagens de um texto, conforme os fatores intervenientes: natureza do texto, propósito da leitura, contexto, entre outros.

Partindo desse pressuposto, é necessário reconhecer a importância do vídeo e a TV em sala de aula. Se no passado chegaram a ser vistos como ameaça ao letramento, pois se acreditava que os mesmos ocupavam um tempo que poderia ser gasto com leituras e estudos, hoje, entretanto, passaram a ser interpretados de outra forma. Segundo Spanos e Smith (1990), atualmente a crença de que o vídeo e a TV são instrumentos pedagógicos eficazes está difundida nas mais diversas áreas. A utilização da televisão e do vídeo, na escola, são recursos que possibilitam um ambiente de aprendizagem mais contextualizado e significativo (PCNs, 1998).

A abrangência de meios eletrônicos, em particular a TV e o vídeo, deve-se à capacidade de articulação, de superposição e de combinação de linguagens, imagens, falas, músicas e escritas diferentes. Num olhar distante tudo parece igual, mas ao olhar mais de perto, por trás da fórmula conhecida, há mil nuances que introduzem variantes adaptadoras e diferenciadas. A força da linguagem audiovisual está em dizer muito mais do que captamos (MORAN, 2006).

O amplo acesso e a familiaridade com a TV e o vídeo são ótimos recursos para mobilizar os alunos quando se pretende ensinar sob novas perspectivas. Assim, ensinar leitura utilizando estes recursos abre a possibilidade de oferecer ao aluno uma proposta de ensino que tem como princípio a motivação e envolvimento com a atividade, pelo caráter lúdico, pela multiplicidade de linguagens coexistentes que possibilitam/facilitam a compreensão, pelo apelo sensorial.

O uso de filmes legendados no ensino de língua materna ainda é algo novo. Daí a importância em apresentar esta prática não só no ensino de língua estrangeira (LE), mas, e principalmente, no ensino da língua materna, principalmente por ser uma proposta inovadora. Um exemplo disso é o texto que chega ao aluno através da legenda. Se o recurso existe, por que não utilizá-lo em benefício do aluno? Garcez (2005, p.108) afirma que

Nesta perspectiva deve-se focalizar o caso específico do uso do audiovisual pelo professor de língua portuguesa como forma de delinear algumas propostas de trabalho na escola. Em princípio qualquer material audiovisual pode ser considerado um texto e presta-se ao trabalho com a língua portuguesa, já que permite a leitura.

Sendo assim, é preciso inovar, ou melhor, usar o velho atrelado a novas dimensões, isto é, usar filmes legendados direcionados ao ensino da língua materna, mais especificamente à prática da leitura. Se o aluno demonstrou interesse pela linguagem do cinema, fará a leitura da legenda. Portanto, o uso de filmes legendados, quando bem utilizados, é capaz de promover a leitura, possibilitando ainda melhorar a habilidade leitora e amenizar o baixo nível de letramento apresentado pelos alunos.

Nesta concepção, o uso de filmes legendados como meio para ensinar leitura parte do princípio da motivação, do envolvimento. Ou seja: é fundamental pensar o ensino da leitura a partir do uso de novas ferramentas, recorrendo a estímulos audiovisuais, levando em conta a crescente proliferação destes recursos e a disponibilidade/presença dos mesmos nas escolas.

Fonte:
Revista Litteris. número 3, novembro 2009.

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