quinta-feira, 18 de março de 2010

Beatriz Nassif (O Pião)



O filho ganhou um pião do pai que lembrou como ficou feliz quando ganhou seu primeiro pião de seu pai. O filho falou “Legal” e logo perguntou:

- Isso é uma escultura de pêra?
-Não! Isso é um pião!
-Ah! Uma escultura de pêra se chama peão! E eu achando que peão era uma peça de xadrez!
-Filho, peão é uma peça de xadrez.
-Ah!
- Entendeu agora?
-Sim. Peão tem mais de um significado!
- Pelo amor de Deus! Isso é um pião, mas se escreve com “i”.
- Ah! É um “pião”! E como é que se usa?
- Filho, para usar um pião, você enrola uma cordinha no pião, que vem no pacote, e solta, assim ele começa a girar.
- Ah! Que nem os que vêm nos salgadinhos, só que nesse tem cordinha.
- É, mas o dos salgadinhos é sem graça! Até que enfim você entendeu!
- Pai!

O pai pensou “Ai meu Deus” e disse:

- O que filho?
- Porque você não me deu as instruções? É bem mais fácil!
- Porque não tem.
- Mas por quê?
- Porque…- ele pensou que ia dar o maior trabalho para explicar e disse:
- Deixa pra lá.

Depois de um tempo, o pai encontrou o menino na frente da tevê, com o pião novo ao lado, mexendo nos controles do videogame. Algo chamado “Monster Top” (pião monstro). O pai pensou: “Na próxima vez vou dar um carrinho…” Ele olhou novamente para o menino e continuou pensando: “Pensando bem, um videogame com carrinho”.
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Baseada na crônica Bola, de Luís Fernando Veríssimo

Fonte:
http://beatriznassif.wordpress.com/2008/10/23/o-piao/

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