sábado, 13 de março de 2010

Dante Mendonça (Pela Própria Natureza)


São diversos os mapas do Paraná. Norte, Sul, Leste, Oeste, cada qual enxerga o Paraná conforme lhe parece. Com o sol das três fronteiras alargando o horizonte, me acomodei no alto de uma árvore do Parque do Iguaçu e desenhei o mapa do Paraná, segundo a divisão geopolítica vista pela República Independente de Foz do Iguaçu.

Foz do Iguaçu é independente por natureza. E se assim não é de fato e de direito, falta pouco para o brado retumbante às margens plácidas do lago Itaipu. Visto lá do alto, o território de Foz do Iguaçu abrange a Argentina, o Paraguai e mais uma área de 199.314 km² que se estende até o Ocenao Atlântico. Terras essas pertencentes à 5ª Comarca de São Paulo, até 1853, e que agora, pelo menos na cartografia oficial, diz-se de jurisdição do Estado do Paraná. O que parece verdade, em parte: do ponto de vista das Cataratas, Curitiba nem mesmo é capital. Para alguns iguaçuenses, não passa de nascente do Rio Iguaçu. Outros, mais benevolentes, admitem Curitiba como a Cidade Industrial da Foz.

Isto, Serra Acima. Serra Abaixo, Paranaguá é o entreposto de importação da Região Metroplitana de Foz do Iguaçu, que comprende Puerto Iguazu, Ciudad del Leste e mais algumas povoações da Argentina e Paraguai. Antes de grande valia para o intercâmbio comercial com o mundo, o Porto de Paranaguá hoje é de relativa importância para a Costa Oeste, dizem os entendidos da logística muambeira: depois que o governador Roberto Requião trancou com a chave da discórdia o livre comércio portuário, o calado do Canal da Galheta pouco importa. Um metro ou dez metros, tanto faz. Através da bacia do Prata, agora os navios de todas as bandeiras descarregam os containers “in loco”, na barranca do Rio Paraná.

A única preocupação da República Independente de Foz é que, num próximo decreto sem pé nem cabeça (até ano passado, pelo menos 13 leis e decretos do governo haviam sido derrubados pelo Supremo), Roberto Requião decrete os importados como produtos transgênicos. Com isso, o “vizinho” governador só iria desmerecer o conceito de seriedade do comércio local perante o mundo.

Não fossem os escorchantes pedágios do Paraná, Foz do Iguaçu contaria com uma infraestrutura até razoável. Apesar de acanhado porte, o aeroporto Afonso Pena vem cumprindo sua função de trampolim para as Cataratas. De Curitiba, onde passa algumas horas conhecendo a cidade do alto do ônibus para depois comer galinha com polenta em Santa Felicidade, o turista tem algumas opções menores no Paraná: passeio de litorina na Serra do Mar, seguido do Barreado em Morretes; turismo rural nas coxilhas de São Luiz do Purunã, com suas belas pousadas; os campos de Guarapuava; uma ou outra fazenda de café em extinção na região de Londrina; comprar bonés em Apucarana; a Festa Nacional do Porco no Rolete de Toledo; isso antes do destino final: Cataratas do Iguaçu, uma das 7 Maravilhas do Mundo.

Com se não bastasse tanta autossuficiência (citar energia é covardia), a República Independente de Foz do Iguaçu possui dois dos melhores times de futebol do mundo, Grêmio e Internacional.

E mar, quem precisa de mar, tendo o Oceano de Itaipu a seus pés?

(*) Dante Mendonça é jornalista e artista gráfico em Curitiba, Pr. O texto foi publicado originalmente na Coluna de Dante Mendonça no Paraná Online

Fonte:
Jornal Guatá.

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