sábado, 17 de abril de 2010

Fernando Vasconcelos (Paraná em Trovas)


Registrando alguma ausência,
contabilidade ingrata,
nosso amor pediu falência,
desistiu da concordata;

É cada estrela cadente,
tendo o seu curto escarcéu,
um traço fosforescente
com que Deus rabisca o céu!

De um sentimento profundo,
no silente ou no escarcéu,
prosa é linguagem do mundo,
o verso a prosa do céu.

Nosso grande encantamento,
quando a julgar eu me ponho,
é o encanto do momento
do nosso primeiro sonho.

Na roça não se complica
a higiene rotineira:
começa na velha bica
e um gamelão é banheira!

De minha alma, nas dobrinhas,
a sua alma se aninhou...
As duas parecem minhas,
no ambíguo que eu hoje sou!

Passadas pinga e arruaça,
disse ao ser interrogado:
foi depressão, não cachaça,
que me deixou transtornado!

Tua ausência faz aflita,
triste e desesperançada,
a caminhada infinita,
em teus lábios começada.

Se na aflição se padece,
busque em Deus a solução...
A calma do céu nos desce,
no intercâmbio da oração

Não há quem se esforce à toa,
é rotina o desafio,
sendo a vida uma canoa
que atravessa o grande rio.

Lindas estrelas acesas,
quadro que prende e seduz...
É Deus dizendo belezas
num alfabeto de luz!

Inocência é pranto e riso,
Que puro nossa alma alcança,
Vindo lindo e sem aviso
Do sentir de uma criança.

Vamos, sonhar e sorrir"
esse é o remédio ideal,
não nos preocupe o porvir,
pois só o presente é real.

Cada vez que tenho um sonho,
formas, luzes, cores, som,
é você que lá eu ponho,
para o sonho ficar bom!

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