quarta-feira, 23 de junho de 2010

Paraná Poético I

Apollo Taborda França
UM "FLASH" SERTANEJO

Pelos confins do sertão,
vive lá ZÉ SERESTEIRO...
Sempre com viola na mão:
- Perto um riacho e um pinheiro.
Seu rancho feito de palha,
o chão de terra batida...
Nele ZÉ bem se agasalha:
- No roçado a sua lida.

Beldades da Redondeza
faziam coro com ZÉ...
Ambiente de singeleza:
no terreiro um garnisé.
E do grupo a mais catita
que do ZÉ tinha atenção...
A lindeza da ZURITA:
- lábios da cor do tição.

Faces lisas, cor-de-rosa,
os olhos verdes dos campos...
ZURITA, a mais formosa:
- Lua cheia, pirilampos.
Se passarem muitas tardes,
ZÉ casou com a ZURITA...
Petizada, seus alardes:
- Choupana toda de fita.

ZURITA E ZÉ SERESTEIRO
levam a vida dourada...
Horta, feijão no celeiro:
- Cada noite nova toada.
Pelos ermos, pela mata,
o chilrear dos passarinhos...
Um sussurro se desata:
- Nas veredas, nos caminhos.

Tem coruja na vivência,
pica-pau e saracura...
João-de-barro, eficiência:
Quero-quero, com fartura.
Essa a vida sertaneja,
nos rincões do Paraná...
Tamanha beleza enseja:
- Se há outra, qual será?

ZURITA E ZÉ SERESTEIRO,
um casal bem ajustado...
Juntinhos o dia inteiro:
- Ó que amor tão sublimado!

Ceres de Ferrante
CREDO AO HOMEM

Segue,
não há razão
para parar.
Há mais caminhos
a percorrer.
Indômita é a vontade
dos que acreditam
no hoje e no amanhã.
Segue,
há uma força maior
guiando teus passos,
por isso vencerás o espaço
e encontrarás novos mundos
em outras galáxias
ou dentro de ti mesmo.

Horácio Ferreira Portella
RISONHO NASCIMENTO

Dourado, o sol desponta no horizonte,
a dissipar das brumas a cortina.
Ouve-se o manso murmurar da fonte,
que desce pela encosta da colina.

disseminando seu poder planctonte
na verdejante mata e na campina,
para ensejar que a Vida assim desponte
em plenitude mágica, Divina.

As borboletas colorindo a festa,
As flores espargindo seu perfume.
Os pássaros em mística seresta,

após o parto, que a Natureza espera
por nove meses para dar a lume
a deslumbrante filha: Primavera!

Ivo de Angelis
TRÊS QUADRAS

De lânguida flor, que murchasse
o suave perfume, dolente,
é qual a saudade que nasce,
quando morre o sonho na gente.

Nada transpassa a ferida
de um coração que padece,
como a lembrança perdida,
que cai de dentro da prece.

Mostra teu brilho e fulgor,
ao mundo que te fascina,
e nutre o teu esplendor,
na mágoa que me domina.

Janske Niemann Schelenker
UM PEQUENO TÚMULO

Lá na campina, queria ser flor
para que tua mão me colhesse,

ou ser o capim,
para que pudesses descansar em mim,

ou ser o caminho
por onde voltasses a ser meu,

our ser um pequeno túmulo
- sem nome e sem data -
á beira da tuda estrada
... e só tu saberias onde estou...

Orlando Woczikosky
ÁGUA

Quem se afunda na bebida,
para afogar sua mágoa,
descobre, no fim da vida,
que a melhor bebida é água.

Beba água mineral
e viva despreocupado,
porque água só faz mal
para quem morre afogado.

Fonte:
Revista do Centro de Letras do Paraná - n.53 - agosto 2009.

Nenhum comentário: