sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Donzilia Martins (Fim de Tarde)


Recostada na cadeira fecho os olhos!
O mar de prata brilha, rebrilha
E traz até mim um perfume sonhador.
A brisa beija, acaricia, bafejando o meu rosto
Numa ternura eterna de um amante sedutor.

Ergue-me os cabelos, brinca com meus fios brancos
Em desalinho inebriante e descomposto, como o mar.

O mar! Fim de tarde! A cor da paleta multicor
Semeia na praia dourados pingos de luz e maresia.
A onda vai, vem, volta, some, foge e de novo em magia
Espraia, recomeça, indiferente à água que em tango dança.
E o meu olhar mergulha e jamais cansa.

Para esfriar o tempo, o banhista embarca de prancha
Agarrando o mar num frio abraço.
Para ele é vida, sal, sol, céu azul
Salpicando de chuva o dourado espaço.

Alguém o interpela:
Por que é que você vai à água?
Simpático e sonhador, sacudindo as gotas da pele bronzeada
Solta a voz do olhar num sorriso alongado pelo mar adentro.
- Venha também. Empresto-lhe a minha prancha…
A sedução! O grão de sol! A gota da vida que vale a pena agarrar
Neste fim de tarde à beira mar
E embrulhá-la na morna luz que dança.

Fonte:
Carlos Leite Ribeiro. Portal CEN.
Imagem =
http://poucoimporta.blog.terra.com.br

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