quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ialmar Pio Schneider (Baú de Trovas IX)


Anoitece lentamente
quando medito sozinho
e me quedo descontente
distante do teu carinho.

A noite desceu aos poucos
e no céu surgiu a lua
para os boêmios e loucos
que vagam a esmo na rua.

Às vezes me contradigo
sem querer, naturalmente,
pois corro sempre o perigo
de te amar inutilmente.

Como tarda anoitecer
nestes dias de verão,
quanto é difícil viver
mergulhado em solidão.

Eis que chega a primavera,
trazendo-me novo alento,
vivo o “suspense” da espera
de te encontrar num momento…

Escrevo trovas sentidas
num desabafo de dor:
são as ilusões perdidas
de certo frustrado amor.

Eu fui te ver certo dia
e apenas me confundiste;
ia cheio de alegria
e voltei magoado e triste.

Faço de conta que penso
e me concentro demais;
todavia me convenço
que não me encontro jamais...

Faço versos para alguém
que surgiu em minha vida
e agora com seu desdém
me deixou a alma ferida.

Fora bom que tu partisses
para nunca mais voltar;
assim talvez conseguisses
que eu pudesse te olvidar...

Iremos os dois sozinhos
em meio da multidão,
por diferentes caminhos
que jamais se encontrarão.

Já não canto por desgosto
e nem por felicidade,
mas, à tardinha, ao sol-posto,
eu me quedo na saudade...

Meu amor foi o mais louco,
pois nasceu de uma esperança,
que não vingou nem um pouco
e transformou-se em lembrança.

Meu coração se consterna
olhando a noite estrelada;
no mundo quem me governa
são as carícias da amada.

Minhas mágoas já são tantas
que não posso descrevê-las;
é como se pelas tantas
fosse contar as estrelas...

Nada te digo nem quero
que alguma coisa me digas;
se às vezes me desespero
eu me desfaço em cantigas...

Não estás junto comigo
nestes momentos adversos;
no entanto, pra meu castigo,
vives inteira em meus versos !

Não me iludem teus olhares
e nem tampouco teus risos:
são expansões singulares
ou desejos indecisos ?!

Não te desprezo, nem quero
o teu desprezo, igualmente;
se o amor não é sincero
procuro esquecer, somente...

Não vais chorar, certamente,
ao saberes que te quero
e creias, porém, somente
que tudo... tudo é sincero.

O calor convida ao mar
aonde o meu desejo vai,
preciso te procurar
quando a tarde aos poucos cai.

O que me causa tristeza
não é saber que não me amas,
é tão-somente a certeza
que sofres e não reclamas !

O tempo que tudo apaga
só deixa recordação,
que nem uma viva chaga
sangrando no coração.

Por mais que tente esquecê-la,
não consigo meu intento,
sempre será qual estrela,
brilhando no firmamento.

Proclamas que és minha amiga...
ou foges da realidade ?!
Não te importas que eu te diga
desejar mais que amizade ?!

Segue teu rumo que eu sigo
o meu destino também,
se não pude andar contigo
vou procurar outro alguém...

Sempre existe na existência
pra nos fazer infeliz,
um amor sem convivência
que a gente esperou e quis.

Se pudesses compreender
a paixão que me enlouquece,
nunca mais o teu viver
uma só mágoa tivesse...

Do Saber:

Sócrates assim dizia:
“Eu só sei que nada sei.”
E com tal filosofia
eu também responderei.

Tudo não passou de um sonho
tão rápido e fugidio;
um pensamento enfadonho
que de nada me serviu.

Fonte:
O Autor

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