quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n.46)


Trova do Dia

O acerto, sim, amedronta!
Mas creio que estamos quites:
para os meus erros sem conta
Deus tem perdão sem limites!
PEDRO ORNELLAS/SP

Trova Potiguar

Colega é como fumaça,
se vai com facilidade;
o amigo é a argamassa
do muro da eternidade!
HELIODORO MORAIS/RN

Uma Trova Premiada

2010 > São Paulo/SP
Tema > FEITIÇO > Vencedora

Tens tal feitiço no olhar
que, em nosso adeus, por encanto,
foram gotas de luar
que escorreram do teu pranto!
WANDA DE PAULA MOURTHÉ/MG

Uma Poesia livre

– Sírlia Lima/RN –
UMA QUESTÃO DE PELE.

Sinto na pele
De cor tão escura
Negra como a noite
Causa ruptura
Essa cor que eu não pintei
Incomoda aos inclementes
Tem inveja dos meus dentes
E da força que eu herdei
Sentem medo da minha cultura
Das minhas rezas, aos orixás
Da minha dança...
Dos meus patuás ...
Eu clamo as forças da natureza
Que me tingiu com tal beleza
Que eu chego a incomodar
Tratam-me com tal preconceito
Mas deitam comigo no leito
Isso não deixam passar
Passados 100 anos de escravidão
Libertaram os escravos
Não mudaram o sistema
Ainda temos os senhores de engenho
Como gestores de uma república que se diz livre
Mas cede a pressão
Teia de corrupção
E tudo continua sendo
Uma questão de pele.

Uma Trova de Ademar

Sentindo do mundo as dores,
a Mãe no sofrer, navega
num mar aberto de amores
que o próprio filho renega!...
ADEMAR MACEDO/RN

...E Suas Trovas Ficaram

Ao reler o livro antigo,
grande emoção me tomou:
deu-me a impressão de um amigo
que de repente voltou.
AUROLINA DE CASTRO/AM

Estrofe do Dia

Até mesmo o uirapuru cantador
Seresteiro que cala os outros cantos
Sobre o galho calou-se com encantos
E ficou contemplando o Ser de flor.
Na floresta formou-se um esplendor
Ao redor da divina criação.
A cascata parou sua canção
E ficou sobre a rocha adormecida,
Vendo a flor ofertando a luz da vida
Através de um divino coração.
GILMAR LEITE/PE

Soneto do Dia

– José Paes/MG –
A N E V E

Ao ver os meus cabelos se nevando
lembro-me das ramagens quando geia
em noites invernais, de lua cheia,
sob os beijos sutis de um vento brando.

Elas se nevam, mas de vez em quando...
Tornam-se brancas, brancas, mais que a areia
de onde se ouvia o canto da sereia
e onde as sereias de hoje estão cantando...

Mas às ramagens volta o verde lindo
enquanto vai o gelo se sumindo
ao doce sol dos dias invernais:

e esta neve caída em meus cabelos
é perene e eu me lembro disso ao vê-los,
e sei que pretos não se tornam mais!...

Fonte:
Ademar Macedo

Nenhum comentário: