domingo, 19 de dezembro de 2010

Ialmar Pio Schneider (Livro de Sonetos II)


NOSSO CAMINHO

Envio-lhe estes versos com saudade
dos momentos felizes
de serenidade
ou delizes...

Tudo é possível quando nos visita
uma paixão avassaladora,
inaudita
e sedutora...

Um sonho se descortina
em nosso caminho
e nos fascina
pelo carinho...

Quando estivermos juntos e unidos
vamos sempre lembrar
que fomos concebidos
para viver e amar...

POEMETO LÍRICO

Antes não tivesse visto
teus olhos, o corpo e a boca,
se fosse pra sofrer isto
que somente me dás, louca !
Se te vejo, se me vês;
nem sei que pensas por mim,
embora nada me dês
não quero que chegue o fim...
Sonhas, talvez, com alguém
nesse teu mundo encantado...
mesmo que eu sofra também,
és o meu ser esperado.
Poderás andar sozinha
Como no céu anda a lua;
em meu pensamento és minha:
sonho que se perpetua.
Nada poderá romper
as correntes deste amor.
E quem sabe o amanhecer
há de ser mais promissor !

SONETO DO ABANDONADO

Se teu amor chegasse de mansinho
e aos poucos me envolvesse corpo e alma;
se ele viesse me trazer carinho
quando me desespero e perco a calma...

Se fosses o fanal do meu caminho
e me surgisses numa noite calma,
como alguém que procura um quente ninho
para amar e aquecer o corpo e a alma...

Ambos unidos pelo mesmo afeto,
tanto sincero quanto predileto,
viveríamos horas mais amenas...

Mas, enquanto não vens, não tenho nada;
minha vida é uma casa abandonada
onde alguém chora, a sós, amargas penas.

SONETO

Não quero o verso dos amores impossíveis
que nos fazem sofrer nas longas madrugadas,
nem quero o verso das formas indefiníveis
para esconder a dor das ilusões passadas.

Na minha solidão há fúrias invisíveis
despertando em meu ser canções desesperadas,
hão de compreendê-las as almas mais sensíveis
e aquelas que também forem abandonadas.

Quero o verso levando um pouco de consolo
ao coração que sofre a sangrenta ferida
de sentir-se sozinho andando pela vida...

ou tem um grande amor, ou chora de saudade;
se é na tristeza que permaneço a compô-lo
não pretendo que lhe falte felicidade...

SUPREMA DESGRAÇA

Despetalar as flores, na demência
do desespero horrendo dum delírio.
Nem ao menos poupar o branco lírio
e já não escutar a consciência.

Arrasar o jardim desta existência
na fúria dum remorso sem martírio.
Perder a crença de encontrar o empíreo
e sufocar a luz co’a própria ciência.

Depois olhar p’ra trás e ver ainda
um jardim florido e uma luz infinda,
e não ter forças p’ra voltar atrás...

Mas ter somente uma opressão maldita,
e ao lado nem ao menos ter a dita
do perdão dos pecados e da paz...

SONETO À FLORBELA ESPANCA

Foi amando teus versos que aprendi
a soluçar também o mal do amor,
nos desencontros e no frenesi
que envolveram meu estro sonhador...

Soubeste extravasar todo o calor
que sentias, assim como senti,
das paixões que me fazem ser cantor
dos mesmos temas que provêm de ti.

Ó divina poetisa, os teus tormentos
expressos na poesia e nos lamentos,
que soluçaste, fazem-te imortal...

Ninguém foi tão sincera e tão brilhante,
fazendo versos de mulher e amante,
enaltecendo sempre Portugal !

NOITES DE LUAR

Estou de novo só... mas conformado
porque posso enfrentar a solidão,
sem esquecer também que no passado
derramei minhas lágrimas em vão.

É preciso entoar uma canção
que venha merecer o teu agrado,
isenta de qualquer desilusão
como se nunca houvesse soluçado.

Eu olho os céus e como antigamente
as noites têm estrelas e luar
que me permitem outra vez sonhar;

e não me sinto triste nem contente,
porquanto a vida agora é diferente:
tenho a poesia para não chorar

Fontes:
- Colaborações do Autor
- http://ialmar.pio.schneider.zip.net/

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