sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

André Luiz Nakamura (Mitos e Lendas do Folclore Brasileiro) Parte IV, final


MÃO-DE-CABELO

Fantasma que assombra, em Minas Gerais e em São Paulo, as crianças que uniram na cama. Tem forma humana, envolta num lençol branco. Suas mãos são feixes de cabelos louros, que passa pelo órgão sexual das crianças que urinaram enquanto dormiam, acordando-as, ameaçando mutilá-lo. É comum a advertência de que “se mijar na cama, a Mão-de-cabelo vem te pegar”.

Há uma variante, bem menos conhecida, apesar de registrada por Alceu Maynard Araújo (“Folclore Nacional”, vol. 1): “Quando não se consegue dormir, uma velha magra, alta, vestida de branco, cujos dedos são macios como cabelo, vem passar as mãos no rosto para que se concilie o sono”.

Prevalece, no entanto, o propósito disciplinador, visto que a versão assombrosa é, de longe, a mais conhecida.

Acrescente-se, ainda, que esse mito foi mencionado por Gilberto Freyre no Clássico “Casa Grande e Senzala”.

MÃO-PELADA

É um fantástico animal que espalha o medo nas matas e florestas do Estado de Minas Gerais.


É uma espécie de um lobo avermelhado, com a altura de um bezerro novo, de cujos olhos sai uma luz parecendo um fogo azulado. Uma de suas patas dianteiras é deformada e “pelada”.

MÃOZINHA-PRETA

Assombração corrente no Sudeste Brasileiro, conhecida também por “Mãozinha-de-Justiça”, trata-se de uma mão negra, pequena, solta pelo ar, que efetua os trabalhos domésticos com assombrosa velocidade e perfeição.

Mas, a Mãozinha-Preta também é capaz de bater e castigar, se necessário, concluindo, porém, a tarefa quando lhe dizem “Chega, Mãozinha de Justiça”.

De acordo com o preclaro folclorólogo Câmara Cascudo, “como a mão é negra, não castigava nem atormentava os escravos. Daí sua popularidade entre eles”.

MAPINGUARI

É um macaco grande, muito peludo, com uma bocarra verticalizada, que vai do nariz ao estômago, num medonho rasco que ostenta lábios vermelhecidos de sangue, por onde engole cabeças humanas (só come a cabeça). Ele atrai suas vítimas por meio de seus gritos, que parecem humanos.

Os pés do Mapinguari são como os de burro, e sua pele é semelhante ao casco de jacaré.

Sempre faminto, assombra o Amazonas, o Acre e o Pará. Até os mais valentes guerreiros morrem de medo do Mapinguari.

É também vulnerável em seu umbigo.

MATINTA PERERA

Uma velha feia, assombrosa, toda vestida de negro, cujo rosto é ocultado por uma cabeleira negra e revolta, que anda acompanhada de um pássaro agourento. Existe também a versão da Matinta Perera com asas, capaz de voar, e que se transforma nesse pássaro, chamado “rasga-mortalha”. O assobio estridente dessa ave assusta as crianças e não deixa ninguém dormir.

Mulheres idosas da região amazônica teriam a sina de se tornar essa criatura.
Quando está prestes a morrer, ela pergunta: “Quem quer? Quem quer? Quem quer?
Quem responder, acreditando tratar-se de algo valioso, transformar-se-á em Matinta Perera.

Walcyr Monteiro, em “Visagens e Assombrações de Belém”, explica que para “prender” a Matinta Perera é preciso enterrar uma tesoura virgem, aberta, colocar-lhe no meio uma chave e por cima desta um terço e rezar algumas orações. Assim ela fica presa ao local.

MENINO DOURADO

Menino loiro que em noites enluaradas aparece no Rio São Francisco, emergindo desse rio e mergulhando em suas águas, sucessivamente, montado nas costas de um enorme e mágico peixe dourado, que o teria salvo do afogamento e se encarregado de sua criação.

MOÇA DE BRANCO

Moça vestida de branco que à noite aparecia pedindo carona aos caminhoneiros na antiga estrada Rio-São Paulo.

Os motoristas de caminhão, sempre solícitos com mulheres, estacionavam o veículo e abriam a porta para o ingresso da bela jovem.

A viagem prosseguia. A moça, retraída, estranha, sombria, calada; limitava-se a responder com monossílabos ao que lhe perguntavam.

Entretanto, algum tempo depois, os motoristas se arrepiavam de pavor ao notares que a moça havia simplesmente desaparecido.

Contavam os caminhoneiros que ela fora morta atropelada por um caminhão ao dirigir-se à igreja no dia de seu casamento.

Lenda paulista, segundo Alceu Maynard Araújo (op. Cit.).

MULA-SEM-CABEÇA

É uma enorme mula, acéfala como diz o próprio nome, que solta fogo pelo pescoço.
O estrondoso galopar da Mula-sem-cabeça faz tremer o chão, ouvindo-se de longe seu mórbido e estridente relincho. Seus possantes coices que cortam como navalha ferem mortalmente os homens e animais que cruzam seu caminho. Pela madrugada, volta à forma humana, suja, desgrenhada, toda machucada.

Quem defrontar com a Mula-sem-cabeça deve esconder as unha, pois estas têm para o monstro grande brilho, atraindo-o.

A mais tradicional das versões sobre esse mito nacionalmente conhecido conta que a Mula-sem-cabeça é aquilo em que se transformam, como punição, as amantes de padres católicos, Estes, para evitar que o seu amor sofra essa triste sina devem amaldiçoa-lo sete vezes antes de celebrar a missa. Já o desencantamento da Mula-sem-cabeça, a exemplo do Lobisomem, requer um ferimento que lhe tire sangue. O encanto também pode ser desfeito se lhe for tirado o freio de ferro que traz no pescoço.

Outras há, entretanto, que dizem ter sido o costume de passear de madrugada pelo cemitério. Esse estranho hábito despertou a curiosidade do rei, que numa ocasião a seguiu e a flagrou comendo o cadáver de uma criança que havia morrido na noite anterior. Vendo-se descoberta, transformou-se naquele bicho (Theobaldo Miranda dos Santos, “Lendas e Mitos do Brasil”).

Alceu Maynard Araújo (em “Folclore Nacional”) acrescenta outras causas para a malsinada transformação: as moças namorarem na Sexta-feira santa; moças solteiras terem relação sexual antes do casamento.

O mesmo autor pontifica que a versão mais tradicional, no passado, “era uma forma de proibição, de sanção que se inventou para que as mulheres não ‘tentassem’ os padres”, considerando interessante que “esse castigo é só para a mulher”. O padre “representa o sagrado, ela , a tentação, o demônio”.

Entretanto, é oportuno mencionar que o Prof. José Sant´anna (criador do Festival do Folclore”, a exemplo de Câmara Cascudo (“Dicionário do Folclore Brasileiro”), registra a figura do CAVALO-SEM-CABEÇA (São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais) que representaria a sanção contra o padre, sendo “uma réplica à mula-sem-cabeça”, diferenciando-se desta “pela morfologia do corpo”.

Como se pode constatar, o problema, na realidade, não eram só as mulheres, tanto que foi preciso que criassem outra fantástica figura.

NEGRINHO DO PASTOREIO

Um escravo, ainda menino, sem pais, sem padrinhos, que se dizia afilhado de Nossa Senhora, e a quem chamavam Negrinho, era encarregado de pastorear o rebanho de um cruel estancieiro, seu senhor.

Numa noite em que estava a exercer esse mister, com medo do som das corujas, acabou adormecendo.

O filho do malvado senhor, tão perverso como o pai, fez com que os cavalos escapassem, pondo a culpa no Negrinho.

Depois de ter mandado que seus feitores açoitassem o Negrinho, o senhor ordenou a este que no escuro da noite reunisse os cavalos. Nossa Senhora, então, atendendo ao pedido de ajuda de seu afilhado, iluminou as coxilhas por onde ele cavalgava à procura dos animais, fazendo com que estes pudessem ser vistos e finalmente reunidos no potreiro pelo Negrinho.

O filho do estancieiro, não satisfeito, soltou novamente os cavalos.

Dessa vez, a surra foi impiedosa e o Negrinho, depois de atirado num formigueiro, acabou morrendo.

Salvo por Nossa Senhora, e usufruindo da liberdade que lhe trouxe a morte, dizem que ele cavalga até hoje pela terra e pelo céu.

Quem acender uma vela para o Negrinho do Pastoreio encontrará o que perdeu: amor, felicidade ou objetos”, diz Alceu Maynard Araújo, em “Lendas Brasileiras”.

Do sul do Brasil.

“OS OLHOS DO MENINO”
(A LENDA DO GUARANÁ)

Um casal de índios que não conseguia ter filhos implorou a Tupã que lhes concedesse essa graça.

O pedido foi atendido. Tiveram um lindo, bondoso e inteligente menino, que logo conquistou a amizade de todos da aldeia.

O espírito do mal ficou com inveja e com ódio do menino e acabou matando-o ao tomar a forma de uma cobra.

Ao darem sua falta, toda a tribo saiu à sua procura até encontrá-lo morto, caído ao lado de uma árvore.

Nesse momento, a mãe da criança ouviu Tupã lhe dizer para plantar ali os olhos do menino, que deles nasceria um fruto maravilhoso.

Assim nasceu o guaraná, cujas sementes negras, envoltas numa película branca, realmente se assemelham a um olho humano.

PAI-DO-MATO

Bicho gigantesco, de corpo todo piloso, cabelos até o chão, barbicha, mão de macaco, pé de cabra e orelhas de cavalo.

Seus urros e seu riso macabro reverberam por toda a mata.

Tiros e facadas não o matam, exceto se lhe atingir o umbigo.

É também comedor de gente.

PAPA-FIGO

Um preto velho carregando um saco de estopa nas costas, muito feio, banguela, barbudo, esmolambado, leproso, que para se tratar desse terrível enfermidade mata crianças mentirosas para lhes comer o fígado.

A gente simples do povo acredita que a lepra altera os caracteres do sangue, sendo por isso chamada também de mal de fígado ou mal do sangue. Para se purificar é preciso um novo fígado, cru, de criança sadia e forte.

Esse foi o ponto de partida para o surgimento do temível Papa-figo, o comedor de fígado, que atemoriza as crianças nas narrativas dos pais.

Dizem que ele costuma rondar as escola, jardins e parques, atraindo as crianças, jardins e parques, atraindo as crianças desobedientes e mentirosas com doces e brinquedos, aí as mata arrancando lhes o fígado (“fico para o povo”).

De acordo com uma versão de que o Papa-figo teria sido uma pessoa rica que contraiu a terrível doença, ele costuma deixar dentro da barrida da vítima uma grande quantia em dinheiro para os familiares e para o sepultamento.

Mito conhecido em todo o Brasil.

PISADEIRA

Acredita-se que o pesadelo resulta da ação maléfica de um demônio ou espírito ruim.
A Pisadeira seria, então, para o povo, a personificação do pesadelo numa velha feia, gorda, pesada, que sentaria na boca do estômago de quem está a dormir, oprimindo-lhe o tórax de modo a dificultar a respiração. A ela atribuem a causa de malfadados sonhos. Suas presas mais fáceis, dizem, são as pessoas que dormem de costas ou com o estômago cheio.

É curioso notar que o vocábulo pesadelo deriva de “peso”, “pesado”.

PORCA DOS SETE LEITÕES

É uma porca, que costuma aparecer atrás de igrejas antigas e de cruzeiros de estadas, acompanhada de sete leitões. É branca e solta fogo pelos olhos, pelo focinho e pela boca. Ela teria sido uma rainha que, com seus filhos pequenos, sofreu essa transformação por vingança de um horrível feiticeiro.

De acordo com outra versão, seria a alma de uma mulher que praticara sete abortos.
(Chamada de lenda, mito, e até mesmo de superstição).

A PRINCESA DA CIDADE ENCANTADA

Em Jericoacara, os moradores contam que existe uma cidade encanta, perto da praia, sob o farol, onde só se pode chegar na maré baixa. A entrada, numa caverna, é fechada por uma enorme grade de ferro.

Nessa cidade vive uma linda princesa, que por um feitiço de um bruxo malvado com quem ela não quis se casar teve o seu corpo transformado numa espécie de serpente de escamas douradas. Apenas seu rosto e seus pés se mantiveram a salvo da terrível bruxaria.

Dizem que para quebrar esse encanto, é preciso banhá-la com sangue humano e que o herói que a salvar ficará com ela e com todo o ouro que existe na cidade, a qual também renascerá.

Mas, os que até hoje tentaram, correm aterrorizados ao ouvirem, logo na entrada da cidade, os sons apavorantes de fantasmas, de gemidos e gritos humanos, e de urros de monstros ferozes.

Lenda mais conhecida do Ceará.

QUIBUNGO

Bicho-papão, meio homem, meio maçado, cabeça muito grande e uma enorme boca nas costas – por onde devora as crianças – a qual se abre e fecha à medida que ele movimenta sua cabeça para cima ou para baixo.

Acredita-se que os negros, quando ficam muito velhos, “viram” Quibungo.

Diversamente dos outros que integram o chamado ciclo dos monstros, como o Pai-do-Mato e o Mapinguari, o Qujibungo não é invulnerável às armas do homem, de modo que pode ser ele abatido à faca, tiro ou pauladas.

Mito baiano, de origem africana.

SACI-PERERÊ

De acordo com a configuração mais popular, o Saci-Pererê é representado por um negrinho de uma perna só, com orelhas de morcego e a mão furada, que usa uma carapuça vermelha na cabeça, cujo poder mágico lhe confere a prerrogativa de ficar invisível e de aparecer e desaparecer como fumaça. Se lhe for tirada a carapuça ele perde seus poderes.

Ele se faz anunciar por um assobio estridente e adora fumar, sendo esta uma forte característica do Saci, pois é difícil imagina-lo sem seu cachimbo.

O Saci é daqueles fumantes que nunca trazem consigo palitos de fósforos ou isqueiro e, por isso, sempre assombra os viajantes pedindo-lhes fogo para seu pito.

Matreiro, traquinas, o Saci pratica todo tipo de diabruras: da nó nos rabos dos cavalos, faz queimar a comida, esparrama as brasas do fogão, joga farinha em toda a cozinha, derruba o chapéu dos viajantes (depois de quase matá-lo de susto ao montar na garupa de seus cavalos), faz cócegas e puxa as cobertas de quem está dormindo e outras molecagens ainda piores.

O remédio mais eficaz para espantar o Saci é rezar o Credo.

Amadeu Amaral, (em “Tradições Populares”) pontifica que “o Saci, que é certamente indígena em parte, revelando amálgama de elementos de outros mitos aborígines (Curupira, Caapora, etc), sofreu influência do negro, patente na transformação do personagem num moleque travesso, e ao mesmo tempo incorporou não pouca coisa de procedência européia. De modo que o Saci marca um momento importante, uma encruzilhada da nossa viagem histórica. O Saci é talvez um símbolo...

UIRAPURU

O que mais no fenômeno me espanta
É ainda existir um pássaro no mundo
que fique a escutar quando outro canta
”.

Segundo a lenda, duas índias muito amigas se apaixonaram pelo mesmo homem, o novo cacique da tribo onde viviam. Como eram amicíssimas, deixaram para que o cacique decidisse com qual das duas iria ficar. Ele, porém, gostava de ambas as rivais, e não se decidia. Para solucionar o impasse, propôs um duelo, uma competição de arco e flecha: a pretendente que acertasse um pássaro, indicado por ele, em pleno vôo, seria sua mulher.

As duas amigas dispararam, então, suas flechas. Uma delas acertou o alvo e se casou com o cacique, A outra, embora se mostrasse conformada, derramava seu prato de dor às ocultas. Suas lágrimas formaram um rio.

Tupã, o deus dos índios, vendo nascer aquele rio que desconhecia, foi saber o que se passava. A índia lhe contou e pediu que a transformasse num pássaro a fim de que dessa forma pudesse matas as saudades de seu amor.

Ao ver que o cacique e sua amiga formavam um casal muito feliz, ficou ainda mais triste. A índia, então, voando de volta para sua tribo, começou a cantar um canto tão lindo que toda a mata parou para ouvi-lo. Tupã, ao surpreender-se com o silêncio da mata, encantado com o canto, deu à índia o nome de Uirapuru (pássaro que não é pássaro), e lhe disse que quando se sentisse triste, que cantasse, que a tristeza passava.

URUTAU (ou Mãe-da-Lua)

À noite, na mudez da mata escura, solta o Urutau seu grito de saudade.
Pranto ou soluço, pleno de amargura, de quem a nostalgia à noite invade
”.
Orlando de Almeida Sales

Pássaro sinistro, estranho, esquivo, que nas sombras e no escuro da noite se refugia, com seu triste canto, tão triste que parece ressoar um plangente e desesperado grito de dor, uma dor que nada cura.

É cercado de mistérios e de lendas (“personalizando fantasmas e visagens pavorosas”, segundo Luís da Câmara Cascudo) dentre as quais ficamos com três, que convergem num ponto: transformaram-se em Urutau enamorados que à dor sucumbiram, por causa de um amor perdido:

- a índia Imaeró, preterida pela irmã Denaquê, na disputa pelo coração de Tainá-Can;

- a guarani Nheambiu, derrotada pela morte, que levou seu namorado Quimbae (registradas por Câmara Cascudo, em “Dicionário do Folclore Brasileiro”);

- um jovem caboclo que na mata se entranhou tentando encontrar, sem jamais conseguir, a linda moça que lhe dissera ser o seu grande amor, antes de desaparecer (registrada por Benedicto Pires de Almeida, em “Folclore de Tietê”).

VAQUEIRO MISTERIOSO

Por todo o Nordeste brasileiro contam histórias sobre um vaqueiro muito humilde, aparentemente frágil, mal vestido, montado num cavalo velho, com um chapéu gasto a lhe ocultar o rosto. Não se sabe de onde vem, nem seu verdadeiro nome.

Ninguém lhe dá atenção nem dá nada por ele.

Quando se oferece para participar de vaquejadas ou outros certames com gado, zombam e caçoam do forasteiro.

Acontece, porém, que na hora das disputas ele se revela um vaqueiro hábil como ninguém, conhecedor de grandes segredos. Seu cavalo torna-se então, um veloz e belígero ginete. Ele reúne todo o gado, no curral, sozinho e em pouco tempo. Domina facilmente os mais ferozes touros. Nas vaquejadas, não há novilho, não há garrote, que escape à derrubada do vaqueiro misterioso. Enfim, acaba sendo ele o grande campeão.

Terminados os torneios e as festas, ele, alegre, bom garfo e grande bebedor, recusa os sedutores convites das mulheres, assim como as ofertas dos fazendeiros de bem remunerados trabalhos; apenas recebe os prêmios e se vai, para reaparecer depois em outras paragens.

Câmara Cascudo o registrou como mito (“Mitos Brasileiros”); Alceu Maynard Araújo, como lenda (“20 Lendas Brasileiras”).

VITÓRIA-RÉGIA

Era uma vez uma jovem e muito bonita índia, chamada Naiá, que se apaixonou pela lua ao ouvir as histórias de que esta era um belíssimo e poderoso guerreiro que, quando se enamorava de alguma índia, levava-a consigo para o céu e a transformava numa linda estrela.

Naiá, depois de se apaixonar pela lua, passou a não se interessar por nenhum dos seus inúmeros pretendentes, mantendo-se fiel a seu sonhado guerreiro.

Numa das noites em que vagava pelas matas, ao ver a imagem da lua refletida num lago, acreditando ser o seu amado, atirou-se nas águas profundas do lago e morreu afogada.

A lua, então, que não fizera de Naiá uma estrela no céu, transformou-a numa estrela das águas, fazendo com que seu corpo de índia se tornasse uma imensa e linda flor, cujas pétalas à noite se abrem, para que o luar ilumine sua corola rosada.
Essa flor é a vitória-régia.

Fonte:
http://www.folcloreolimpia.com.br/?pagina=folclore=mitoselendas

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