domingo, 29 de maio de 2011

Antonio Manoel Abreu Sardenberg (Poesia e Cafezinho)


Coisas da Roça ANTONIO MANOEL ABREU SARDENBERG São Fidélis/RJ “Cidade Poema”

Afiei o fio da faca,
Amolei minha catana,
Serrei a ponta do toco
Cortei a soca da cana.

Afinei minha viola,
Esquentei o meu pandeiro,
Acendi o candeeiro
E varei a noite adentro
Com o som do sanfoneiro.

Contemplei o céu coalhado
Com estrelas cintilantes,
Flertei a linda morena
De cabelo cacheado
Que estava ali tão sozinha
Pois brigou com o namorado.

Botei pra fora a lembrança
Que guardava no meu peito,
Abandonei os preceitos,
Virei de novo criança,
Deixei de lado a razão
E namorei a morena
No luar do meu sertão...

Obstinação
PROFESSOR GARCIA/RN


Quando eu vejo no espelho a crueldade,
que o tempo indiferente me causou,
começo a perceber, que na verdade,
minha infância tão linda já passou!

Até hoje carrego com saudade
tudo aquilo que o tempo me levou,
dos feitiços banais da mocidade
a lembrança foi tudo que restou!

E por lembrar da infância tão querida,
nunca esqueço do amor de minha vida
que descobri na infância, certa vez;

pois este amor, tão lindo e tão sonhado,
inda vive comigo do meu lado,
a encher meu lar de paz e sensateza!

O outro lado da verdade!
CIDUCHA/SP


Estou aqui pensando,
em verdades desconfortáveis e inevitáveis
que entram pela porta dos fundos,
subindo os degraus da escada do entretenimento.
E essa realidade aterradora
vai permeando-me como se fosse veneno...

Tinha seduzido...
Tinha exercido todo o meu encanto,
construindo paredes de mentira.
Engraçado como descrições emocionais são tão adequadas!
Nas poucas ocasiões em que se vivencia,
essas emoções de verdade,
em um resumo perfeito
da minha própria vida no momento.

Perdi a noção do que era certo ou errado...

Apenas com a certeza
que minha história tinha algo a ver
com minhas próprias emoções e pensamentos

E fui imprópria, inadequada e inoportuna.

Mas confesso:
Aqui, agora... apesar de tudo,
trago no rosto o sorriso solto
de quem sabe o gosto do amor...

Pelo menos do amor!

Me perdoa...
GILDA PINHEIRO DE CAMPOS/RJ


Meu Amor Adorado
Me perdoa se te amo tanto
Se já não vivo sem sentir teus beijos,
teus carinhos e teu sorriso...

Se sinto tanta falta,
de conversar, te escutar...

Tua alma perfumada que me guia
na escuridão desta passagem
tão atribulada por esta
encarnação...

Chegaste como uma luz no
final do tunel
Que tudo ilumina e colore...

Pintas de azul meu mundo
e com leveza e amor
me mostras como se é feliz...

Tão simples...mas que
estava fora do meu alcance
por toda minha vida
até agora...

Loucura...delírio...paixão...amor...
Não sei explicar, só sentir...
Te vejo como um anjo
cuja luz forte e clara
tudo ilumina e alegra...

Que assim seja,
eternamente feliz
esse encontro de almas
que cumprem sua missão
e deixam um rastro de amor

De boas sementes,
para germinarem
e se multiplicarem

Fazendo desta passagem
uma semeadura do bem
da alegria, do amor...
Assim seja amado meu!!!

Que Presente Apreciado!
MARIA DA FONSECA

Lisboa - Portugal


Ameixoeira bendita
Mas que belos frutos dás!
Macios, doces, saborosos,
Do que meu Deus é capaz!

Agora ‘stão no cestinho
Já maduros, tentadores,
Como resistir-lhes posso,
Sendo assim prometedores.

São jóias da Natureza
Que a minha Amiga ofertou.
Outras pendentes do ramo,
Que o meu olhar alegrou!

Ameixas ‘scuras, vermelhas,
Redondinhas, sumarentas.
Da mão à boca num ai.
Pois se é assim que me tentas!

Com o cestinho vazio
Eu tas venho agradecer.
Se mais tiveres pra dar
Não as deixo apodrecer.

Magia do Anoitecer
MARGOT DE FREITAS SANTOS/MG


Sobre os braços da preguiceira
Contemplo o entardecer,
O sol que já é longínquo
Traz-me o anoitecer.

Sob o céu de anil brilhante
Meu pensamento vagueia,
Num roldão de lembranças perdidas,
De fadas, duendes e deusas,
Fantasias de pueril menina
Que hoje não as tenho mais.

Hoje mulher madura
Sedenta de grande paixão,
Mergulho no desconhecido
Envolta só na emoção.

E nesse romper da aurora
Entrego-me a devaneios,
E me transmuto de Vênus
Com todo feitiço e esplendor,
Entrego–me de corpo e alma
Nas bruxarias do amor.

Contradição
MARIA NASCIMENTO S. CARVALHO/RJ


Hoje, mais uma vez, desesperada
por ser injustamente preterida,
vejo que já nasci predestinada
a amar sem nunca ser correspondida...

Mas o que me dói mais, na despedida,
é saber que fui sempre desprezada
porque foste o anjo bom da minha vida
e eu, da tua, jamais pude ser nada.

Se me pudesse ver da eternidade,
chorando de tristeza e de saudade
pelo amor que no tempo se perdeu,

Carlos Drummond de Andrade me diria:
"E agora", como vais viver Maria
sem o José que achavas que era teu?!

Para Um Poeta
MARLENE RANGEL SARDENBERG/RJ


Deus o fez poeta. Pobre peregrino
neste mundo de sonhos e ilusões!
Forjou-lhe a alma eterna de menino
pra resguardá-lo das decepções

das horas de espera sem chegada
que ele sente e não consegue entendê-las:
como viver na solidão gelada
quando se está tão perto das estrelas!?

Depois de tropeçar no paraíso,
cair de amores, ainda é preciso
da caminhada encontrar a meta?

Pra conviver com as angústias que o consomem,
sofre, então, como homem que é poeta
por viver como poeta, que é homem.

Quero - Quero
PEDRO EMÍLIO DE ALMEIDA E SILVA/RJ


À tarde nos campos
Dizem os quero-queros aos bandos
Quero-quero!...
Quero-quero!...
Quero-quero!...

Que “querem-querem”
Os quero-queros?
Pobres pedintes das beiras dos brejos!
Se eu soubesse
O quê o quê
Juro-juro
Dava-dava

Pobre-pobre dos quero-queros
Sou estribilho
Um eco...
Eu também quero...
Também quero...
Também quero...

Ponto final...
TECA MIRANDA/MG


Bruma sombria,
dores decantadas
sem rima ou poesia.

Letra amarga
inunda a mente,
aumenta a carga.

Partitura sem escala,
música sem melodia,
voz forte que se cala.

No tablado da vida
cerra-se a cortina,
do palco é banida.

Hoje eu sou um poema
ZENA MACIEL/PE


Hoje acordei com vontade de voar...
voar...voar....voar....
Voar nas asas lépidas de um
épico poema

Ser a musa de um poeta
Deixar o ser flamejar ao vento
Valsar ao relento
Nos braços dos sonhos

Esquecer a minha triste sina
Imundar a alma com
prócleses e rimas
Rasgar a placenta da solidão

Gargalhar ao som de palavras poéticas
Pintar a dor com metáforas azuis
Aplaudir de pé as trovas
Vestir-me de prosa

Perder o controle do tempo
Viajar nos lascivos pensamentos
Beijar a boca do amor
Engravidar o coração

Ser livre!
Viver as loucuras de um poeta
neste mundo de quimeras
Fazer da vida um eterno poema!

Eu Gosto
SÔNIA SOBREIRA


Gosto da chuva, do seu marulhar,
os pingos caíndo com precisão,
do vento alegre que teima em soprar
folhas molhadas, caídas no chão.

Gosto da chuva, do seu gotejar,
águas rolando, enxurrada em roldão,
deixando nas pedras brilho sem par,
como o trabalho de fino artezão.

Gosto da chuva a cair sobre mim,
névoa de prata a envolver meu jardim,
que todo encharcado em brilhos reluz.

Eu gosto de ouvir o som que ela faz,
qual retinir dos mais finos cristais,
jorrando do céu, pedaços de luz

Acendedor de Lampiões
SUELY LOPES


Sentadinhas
na calçada
as menininhas
pedem caixinhas

-Homem, me dá uma caixinha?
Hoje, filhinha
não tem !

Voltando a assobiar
acendendo o lampião
vai alegre
o acendedor
levar LUZ
à Consolação !

Obra Divina
ROBERTO PINHEIRO ACRUCHE


Veja Amor, como é linda esta paisagem!
A luz dourada do sol sobre a mata,
a água cristalina da cascata...
Indescritível, tal uma miragem.

Olhe aquelas árvores, que beleza!...
Esta vastidão plena, tão florida,
exuberantemente colorida,
climatizada pela natureza.

Cenário encantador, impressionante!
Harmoniosamente perfumante,
modulado com a magia do amor...

Minudenciosamente preciso,
somente quem criou o paraíso
adviria... ser seu escultor!

Um Coral
REGINA COELI


Todos os dias quando eu me levanto
Dou um bom dia a quatro canarinhos
Que me respondem em tons afinadinhos
Num hino de beleza e de acalanto.

Sinto o divino abrir seu lindo manto
Sobre esses seres, suaves passarinhos,
Que vivem na gaiola tão sozinhos,
Jamais deixando de entoar seu canto.

Canto com eles, louvo as notas belas
Que vêm pintar meu quadro solitário
Com um pincel de pios de canário...

Rasgo meu peito em voos de emoção
E elevo aos céus troféu do coração
Na solidão cantada em aquarelas!

Lua
MÔNICA SERRA SILVEIRA


Quem pode mais do que tu,
Rainha da Noite?
A desafiar o meu olhar
A tirar a minha calma!
A iluminar a escuridão
De minha alma!

Quem pode mais do que tu,
minha Lua brilhante?
Tão perto a clarear
Meus sentimentos
E ao mesmo tempo
De mim tão distante!

Quase posso tocá-la
Mas tua luz me encandeia
És tão bela e tão clara
Quanto de amor estou cheia!

Teu silêncio
NANCY COBO


Não durmo há vários dias…
Sinto tua falta.
O que posso fazer para você me amar?
O que posso fazer para você sentir esse Amor?
Estou apaixonada por você!
Queria poder deitar-me com você
e à luz de velas, te amar,
te amar até cansar…
Depois, fugir com você
para um lugar onde só existíssemos nós dois.

Queria poder trazer para a realidade
todos os meus sonhos.
Não sei como faço.
Precisava, apenas, que você me amasse.
Então, vem você de novo
dizer que quer sua liberdade…

Se é isso que queres, a terás,
Mas prepare-se:
Porque teu silêncio será a tua escuridão.
Ouvir o som de tua solidão vai ser difícil,
porque terás, na tua lembrança,
tudo o que vivemos e o que perdeu.
Mulheres vem e vão,
e você ficará só.

Então, verás o quanto me machucou.
E cada batida do teu coração,
fará você recordar tudo o que vivemos
e num som cadenciado e solitário,
irás sentir tudo o que eu senti,
chorar tudo o que eu chorei.
Amarás o quanto eu te amei,
mas nunca mais receberás
de ninguém, o Amor que te dei.

O sabor da noite
LÍGIA ANTUNES LEIVAS


A noite saboreia-se a si mesma. Não para...
Ansiosa, procura um sonho...
último desejo de saciar-se em seus devaneios.
- Ficar só?... nunca!
Sai pelas ruas.
Entra onde parece achar guarida.
Senta. Um lugar comum

...a mesa, o balcão, o banco, um bar qualquer.
Ao fundo, Sinatra e "My way",
Elis numa canção cujo título se perdeu.
Tipos variados transitam no espaço exíguo.
Cada qual traz na face a palavra não-dita,
reflexo mudo do que lhe vai na alma, no coração.

A noite voltará amanhã
...tantos outros (des)encantos.
A solidão refaz-se sem mudanças.

Locomotiva da vida
JOSÉ FELDMAN


A locomotiva corre
Corre que corre
Corre que corre.

Corre levando a gente
Corre trazendo a gente
E a gente corre e corre
Neste leva-e-traz.

A locomotiva corre e apita
Corre e apita
Corre e apita.

Apita o início do jogo,
Apita a voz de comando
Apita a batalha da vida
Apita a vida passando.

A locomotiva corre e pára
Corre e pára
Corre e pára.

Pára na estação
Pára na carga e descarga
De meus momentos de indecisão.

Vai que vai
Vou que vou
Fico que fico.

E a locomotiva apita
E ela corre que corre
E lá vai ela
E lá vou eu!

Corre que corre,
Corre que corre,
Corre que corre…

Assim
MÔNICA CARNEIRO COSTA


A nossa imagem é a semelhança do Criador.
A criatura não existe,
Ela emana, surge...
Transgride no tempo certo.

O tempo, oh! O tempo!...
Nos é dado e contas ao tempo serão prestadas...
Juntar pedaços, catar cacos, colar trapos é assim:
Somar fatos, calcular ações, multiplicar doações

Assim...

Surgimos de um ventre,
Saímos das entranhas,
Passamos a ser vida fora de um corpo.
Que Mistério é esse que se chama maternidade?...

Fonte:
Textos enviados pelo Autor

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