segunda-feira, 23 de maio de 2011

Monteiro Lobato (Histórias de Tia Nastácia) XXXIII – O Jabuti e a Onça


Uma vez uma onça ouviu a música da gaitinha do jabuti e aproximou-se.

— Como você toca bem, jabuti! De que é feita essa gaitinha?

— De osso de veado, ih! ih! — respondeu o cascudo.

A onça, que estava querendo apanhar o jabuti; veio com um plano.

— Sou um pouco surda — disse ela. — Toque mais perto da abertura do buraco.

O jabuti apareceu na abertura do buraco e tocou, mas no melhor da festa a onça deu um bote para Justificarpegá-lo. O jabuti afundou a tempo; mesmo assim ficou com uma pata nas unhas da onça.

— Ah, ah, ah! — riu-se ele. — Pensa que agarrou minha pata mas só pegou uma raiz de pau! Fiau!...

A onça soltou as unhas, desapontada. O jabuti deu outra gargalhada.

— Grande boba! Era minha pata mesmo que você havia agarrado. Fiau! Fiau!

A onça jurou que não sairia da beira daquele buraco enquanto não apanhasse o jabuti — e ficou lá até morrer de fome.
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— Aparece aqui aquele mesmo truque do coelho com a onça — notou Emília. — Quer dizer que a onça é tão estúpida que todos os animais a enganam do mesmo modo.

— Só não acho direito — disse Narizinho — que a onça ficasse lá até morrer. Por mais estúpida que seja, isso é coisa que onça não faz. Os índios que inventaram esse caso eram bem bobinhos.


— Eu sei mais histórias do jabuti — disse tia Nastácia.


— Pois então conte.

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Continua… XXXIII – O Jabuti e a Onça
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Fonte:
LOBATO, Monteiro. Histórias de Tia Nastácia. SP: Brasiliense, 1995.
Este livro foi digitalizado e distribuído GRATUITAMENTE pela equipe Digital Source

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