domingo, 10 de julho de 2011

Antonio Brás Constante (Apedeuta (eu, tu, ele, nós, vós ou eles?))


Meia-noite de domingo. Frio pra chuchu aqui na região sul (continuo sem saber o que o chuchu tem de especial para descrever algo tão frio quanto o clima de inverno aqui do sul). Estou soterrado sob camadas de cobertores. A cama parecendo uma lasanha quentinha, onde eu seria parte do recheio (um tipo de azeitona ou coisa parecida).

Seria um momento ótimo para qualquer um dormir, sonhar, talvez roncar. Mas algo me impedia de adormecer, talvez o motivo fosse porque dormi até as dez horas da manhã daquele domingo frio (tendo ido dormir antes das vinte e três horas da noite anterior), ou talvez ainda, as outras três horas de sono tiradas por mim na tarde daquele mesmo domingo, ou talvez ainda mais, tenha sido a xícara super quente de café que bebi antes de deitar (ou teriam sido três xícaras?). Sinceramente não sei dizer, não sou especialista em insônia, sou apenas um usuário ocasional escolhido por ela.

O problema de se estar deitado na cama sem conseguir dormir é que os pensamentos aparecem para nos fazer visitas, bater um papinho e dificultar ainda mais a chegada do sono. E foi assim do nada que a tal palavra apareceu em meus pensamentos: APEDEUTA.

Não me lembro de onde escutei, o que era, por que veio e, principalmente, o que queria comigo naquele momento, onde meu maior objetivo era dormir, sonhar, blá, blá, blá. E não descobrir o que raios era um apedeuta.

Seria meu subconsciente me Xingando? Acho que sim, a expressão “apedeuta” tinha toda sonoridade de um xingamento. Um tipo de palavrão requintado, que ofendia o caluniado duas vezes, primeiramente pela ignorância de não se saber o que aquilo significava, e segundamente (o texto é meu e escrevo “segundamente” a hora que eu quiser, ok?), quando a pessoa finalmente olhasse o dicionário e descobrisse do que foi ofendida.

Eu poderia, teoricamente, acabar com aquela dúvida facilmente (mas na prática as coisas nunca são tão fáceis assim). Bastava me levantar da cama quentinha e enfrentar um frio glacial indo até o escritório, tropeçando no que encontrasse pela frente (durmo, ou pelo menos tento dormir no breu escuro da mais completa escuridão), pegar o dicionário, acender a luz do escritório, ou vice-versa, o que fosse mais fácil, e procurar a palavra enquanto tremia de frio e batia os dentes de forma descontrolada.

Apesar de naquele momento não saber ainda o significado da palavra (pois neste meu momento atual enquanto escrevo, que não é o seu momento atual de leitor, eu já fui verificar no dicionário o que era um apedeuta), de certo modo eu simpatizava com a tal palavrinha, afinal ela também começava com “a”, de Antonio, “a” de amor, “a” de amizade, “a” de helicóptero (que mesmo não tendo “a” no corpo de sua palavra, tem “a” nos acentos, nas alavancas, e até em sua aerodinâmica de aviãozinho de rosca). Acabei dormindo sem descobrir ou tentar descobrir o que era um apedeuta, já que fiquei com tanta preguiça de levantar no frio que adormeci.

Enfim, pesquisando nos dicionários da web descobri que eu era um apedeuta, não um apedeuta completo, mas um apedeuta em saber o significado de apedeuta. Para quem também não sabe, apedeuta seria uma pessoa ignorante, sem instrução. Ou seja, todos somos apedeutas em maior ou menor grau (e os fabricantes de dicionários agradecem por isso), já que ninguém sabe tudo sobre tudo. FIM (Final, terminou, encerrou, acabou o texto, vai procurar outra coisa para ler ou fazer, ok? Senão vão acabar chamando você de improfícuo. Bye).

Fontes:
Texto enviado pelo autor
Desenho = Espirito de Escritora

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