domingo, 29 de janeiro de 2012

Lendas e Contos Populares do Paraná (Planalto – Ponta Grossa – Santo Antonio da Platina)


PLANALTO
A lagoa das visões


No interior do município de Planalto, uma lenda chama a atenção de todos os moradores, especialmente nas proximidades de São Vicente e Barra das Flores. A lenda da Lagoa das Visões, onde se acredita que exista muito ouro enterrado. A Lagoa mede aproximadamente 100 metros de largura, com comprimento ainda maior e mais de 5 metros de profundidade. Esta lenda perpassa os anos e até hoje não se sabe ao certo se há alguma coisa no funda da lagoa, ou não.

Conta-se uma história de que, inclusive, há um contrato de compra para tirar o que há dentro, porém até hoje nada foi encontrado, ou dela retirado. Algumas pessoas, no entanto, garantem que alguns indivíduos ficaram ricos com o ouro que dela foi retirado. A histórias são várias. Inúmeras tentativas de secar a lagoa foram realizadas, inclusive com o uso de máquinas, que trabalharam, ininterruptamente, por mais de 8 dias, mas sem nenhum sucesso. A lagoa chegou a ser drenada até que sobrasse somente um metro e meio de água. Segundo o proprietário já houve várias tentativas de esvaziá-la, mas a água escorre e o nível da lagoa continua o mesmo.

O segredo da lagoa nunca foi descoberto e as tentativas de esvaziá-la já atraíram centenas de pessoas, além de inúmeros curiosos que dormiram no local. Muitos deles contam que se ouvem crianças chorando e, em dia claro, chegaram a ver um objeto do outro lado da lagoa; quando, porém, pegaram uma canoa com cerca de seis metros de comprimento e um de largura para a travessia, o objeto some e aparece virando a canoa. Neste caso, perdeu-se a arma de fogo do proprietário.

Já foram utilizados aparelhos que acusaram a existência de alguma coisa no fundo da lagoa das visões, mas todas as tentativas de secá-la deram em nada, pois sempre volta a encher, como se a água brotasse do chão. Pescadores contam que à noite vêem uns homens no meio da lagoa segurando uma corrente enorme. Mas, assim como essa imagem surge, ela desaparece. Os moradores mais antigos contam que toda madeira que cai na lagoa fica boiando e que ouvem, também, à noite, pessoas cantando em forma de procissão, começando no vale e terminando no centro da lagoa. Muitos acreditam que sejam padres jesuítas, que antigamente estiveram no local.

PONTA GROSSA
Tesouro do Capão da Onça


Lá pelo mês de junho de 1932, o coronel Brasílio França procurou desvendar o que havia de realidade sobre o lendário tesouro do padre fantasma, segundo o Jornal Diário dos Campos. O Capão da Onça é um local ao leste da cidade, rumo a Itaiacoca, onde está situada a fazenda do coronel João Carneiro Ribas, além do rio Verde, próximo às terras da fazenda Modelo. Do matagal insulado no meio da campina, como um oásis, onde, em remotas eras, foi caçada uma onça, adveio o nome para a região.

Sobre ele há narrativas fantásticas. Narrativas, onde, como sempre, aparecem lendas de tesouros enterrados, jesuítas e assombrações terríficas. Carroceiros e boiadeiros evitam fazer pousada nas proximidades, pois muitos outros que ali estavam descansando da jornada, foram bruscamente despertados com pedradas, toques lúgubres de sinos e gritos angustiosos. Outros juram, “de pés juntos”, que viram um padre macilento que desaparecia após fazer sinais.

Nas proximidades, há alguns anos atrás, o coronel Jordão Ribas da Silva possuía uma fazenda, nela habitava um polonês, ainda jovem. Certo dia, andando a reunir uma rês tresmalhada, este lavrador aproximou-se do local assombrado, viu um sacerdote que o chamava. Aproximou-se respeitosamente do clérigo. E o polonês ouviu as seguintes palavras, ditas com doçura: “meu filho, tem um tesouro enterrado e te escolhi para o herdares. Acompanha-me”. Disse o fantasma. E tomando uma das mãos do lavrador, o padre fantasma conduziu-o a determinado local, dizendo que cavasse a terra e usasse, como bom cristão, do ouro que outrora os jesuítas ali depositaram. E desapareceu.

O polonês, radiante, correu à casa em busca de ferramentas, com as quais desenterraria do seio avaro da terra o ouro precioso, que lhe proporcionaria o conforto que até ali o destino lhe sonegara. Num instante, voltou o polonês com uma pá nas mãos e mil sonhos ensandecidos na cabeça. O ouro! Era o destino, personagem sempre perverso, mas poderoso, que até os deuses governava, que lhe negara uma vida melhor. Mas, Deus, por intermédio de seu sacerdote finado, o presenteava com o ouro. E quantas coisas ele faria. Seria como o bom padre, um bom cristão. E assim, chegou ao local designado pela aparição, titubeando. Mas hesitou. Seria ali?

Tomara boa nota dos indícios? Mas, agora duvidava! No entanto, pôs mão à obra. Cavou, cavou, sem que o loiro e vil metal surgisse encoberto com carvões, como reza a tradição. Fez novas e incessantes escavações. Tudo inútil! Entretanto, ele, em pleno dia e são de espírito, tinha perfeita consciência de todas as minúcias da estranha aparição do padre e de suas palavras. E profundamente abalado, perdeu o senso de humor e o juízo! Várias outras pessoas têm, em diferentes épocas, procurado o tesouro do Capão da Onça.

Atraído pela lenda, por fatos ou previsões mais ou menos justificáveis, o coronel Basílio França, honrado e conceituado comerciante de nossa cidade, tem explorando o capão da onça, procurando o legendário tesouro dos jesuítas.

O Capão da Onça é um dos locais mais procurados pela população, por ser mais próximo da cidade. Devido ao grande fluxo de visitantes, ocorre a degradação do meio ambiente, como o desaparecimento da vegetação e dos animais, principalmente dos pássaros.

Capão do Padre Miguel

A história conta que os padres enterravam o tesouro constituído de uma panela de bom tamanho, dentro do capão que ficou chamado “Capão do Padre Miguel”. Toda sexta-feira de lua cheia, percorria as margens do capão o padre Miguel na sua batina preta, deixando a marca de sua sandália de couro cru. Muitas pessoas tiveram a oportunidade de vê-lo até encontrarem o tesouro.

SANTO ANTÔNIO DA PLATINA
A panela de ouro


Nesse tempo João ficava com a viola tocando e cantando. A mulher sempre falava:
– Vem trabalhar!
Ele respondia:
– Ah! Não me importo!

Ela ia sempre na mina buscar água e passava por uma touceira de bananeiras, onde havia uma panela cheia de marimbondos que quando a viam se alvoroçavam.

– João! o homem vai tirar a gente daqui. Vamos ficar sem casa e sem trabalho!

E ele respondia:

– Ah, que importa!

A cada resposta desta, a mulher pensava:

– Ah, você me paga!

Um dia a mulher perdeu a paciência, foi ao bananal, pegou um pano e fez uma rodilha sobre a cabeça, pôs a panela de marimbondos e correu para casa, jogando a panela sobre seu marido. Ela saiu correndo e o marido que vinha atrás, gritava:

– Volta, Maria, venha ver!

Quando a alcançou, trouxe-a pra casa, mostrando que os marimbondos haviam se transformado em ouro.

– Não falei que não carecia de se importar. A fortuna caiu aqui, bem em cima de mim!

Fonte:
Renato Augusto Carneiro Jr. (coordenador). Lendas e Contos Populares do Paraná. 21. ed. Curitiba : Secretaria de Estado da Cultura , 2005. (Cadernos Paraná da Gente 3).

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