terça-feira, 17 de abril de 2012

Autran Dourado (O Pintassilgo)


Era uma vez um pintassilgo amantíssimo, capaz de dar a vida pelos seus filhotes. Um dia, trazendo no bico uma minhoca para eles, não os encontrou. Caindo no maior desespero, saiu a procurá-los pela floresta; os ninhos que ele encontrava estavam vazios. Vendo-o tão desesperado, disse um pardal que não adiantava procurá-los, pois os vira numa gaiola na janela da casa do proprietário da floresta.

Cheio de esperança, o pintassilgo voou para lá. Viu logo, numa gaiola dourada, os seus filhotes presos. Começou a bater o peito, o bico e a cabeça na grade da gaiola. Inutilmente, porque o arame da gaiola era muito grosso. Voltou para a floresta.

No dia seguinte estava de volta, trazendo no bico uma erva. A erva era venenosa e os filhotes morreram.

Moral da história: antes morrer do que ficar preso. Foi o que disse o pintassilgo.

O pintassilgo de Leonardo da Vinci

Na fábula do pintassilgo, o artista e cientista italiano Leonardo da Vinci (1452-1519) constrói uma alegoria da liberdade como bem supremo da existência, impregnada, pois, dos valores renascentistas. "Antes a morte", disse o pintassilgo, "do que perder a liberdade", anotou o pintor da "Monalisa". Cenários desse tipo eram improvisados por Leonardo com frequência, dependendo do local ou do público a que se destinavam.

Fonte:
FÁBULAS modernas: velhas fábulas por novos autores. Folha de S. Paulo, 2002. Caderno +.

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