sábado, 21 de abril de 2012

Paulo Vinheiro (Flóridas)


Avenca, folha mínima, pequenina, sutil
Girassol mancha o jardim de amarelo
Roseira rubra delicada espinha meus olhos
Pêssego macio brota lá no pomar

Que bom saber de coisas certas que acontecem
Daquelas que existem há tantos tempos
Em todas as eras que se repetem iguais
Folhas, flores e frutos que sabem seus lugares

As naturezas de cada uma das coisas se sabem
Aplicam as suas manifestações seus odores
Repetem suas cores e cada sabor em sabores
Ual! Quem lhes ensina e regula nesta rotina?

O bom de ser humano é que não há regras
Ou há, mas nossa rotina é a sua quebra, não?
Para mal certeiro ou para esperança do bem
Como para quem ignora ou para quem sabe

A poesia é sim a arte da interpretação do vão
Daquilo que está entre coisas e despercebido
Não basta escrevê-la se não há o decifrador
Não pode ser sempre ingênua e nem só realista

Entre avencas, folhas, rosas, vermelhos, pomar
Em jardins de amarelos, de eras, de homens
Na natureza das coisas humanas, das cores
No sabor da poesia que não pode ser sempre

Ufa! Disso o que sobra? O que tenho pra levar?

Fonte:
O autor

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