segunda-feira, 28 de maio de 2012

Josafá Sobreira da Silva (Desabafo…)


Josafá é do Rio de Janeiro
3.Lugar no Concurso de Poesia Carlos Cezar

A minha paz, a paz que eu tinha, onde transita?
 Quisera tê-la a consolar minha alma aflita!
 Quisera achá-la, uma vez mais, em meu viver!
 Já tive dias tão alegres... tão festivos...
 já fui, talvez, o mais feliz dos seres vivos...
 quando não tinha um só desgosto a me abater!

 A paz, saudosa de outras trilhas mais bonitas,
 em que eu sorria e até zombava das desditas,
 buscou, quem sabe, transitar nesses caminhos...
 E eu me entristeço, vendo a paz retroceder,
 porque sem paz, não há deleite nem prazer,
 já que, sem ela, todos nós somos sozinhos!

 Eu a imagino recolhida ao meu passado,
 por desajuste à minha inércia... ao meu enfado,
 em que envolvia grande parte dos meus dias...
 É que a violência tomou conta da cidade
 e me roubou a sensação de liberdade:
 eu tive medo até das minhas companhias!

 Ah! Se, de novo, eu caminhasse, como outrora,
 sobre uma estrada enluarada, a qualquer hora,
 sentindo a paz, que já fugiu de tantas vidas;
 sorvendo o aroma que trescala a flor noturna,
 sem exibir minha aparência taciturna,
 de mente enferma, a imaginar balas perdidas!...

 Ah! Se o Bom Deus me libertasse do meu mundo,
 onde, sem paz, o ser humano, moribundo,
 a cada dia mais se avilta e se desfaz!...
 Como seria bela e nobre a minha vida,
 se cada rua à paz servisse de avenida...
 se tão somente eu transitasse em plena paz...

 Por não ter paz, transito por caminho tenso
 e, a cada passo, desgostoso, eu me convenço
 que nunca mais verei meus dias mais risonhos!
 E, numa angústia que parece não ter fim,
 a paz que eu tinha até já trama contra mim,
 quando incendeia o lindo bosque dos meus sonhos!...

Fonte:
http://caeseubt.blogspot.com.br/

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