segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Olympio Coutinho (Histórias de trova) Capítulo II – Meus Irmãos, os Trovadores

Enquanto vivia os doces anos da adolescência em Ubá, sempre fazendo trovas, acompanhava de longe o movimento trovadoresco. As iniciativas de Luiz Otávio

Tirem-me tudo que tenho,
neguem-me todo o valor!
-Numa glória só me empenho:
a de humilde trovador...

e J. G. de Araújo Jorge

Neste dia belo e doce/
de festa, - sentimental
- quem dera que você fosse
meu presente de Natal!


promovendo os primeiros “Jogos Florais” e, ainda, a edição de trovas de outros autores, como o “Cantigas de Muita Gente”. Zalkind Piatgorsky,

Vou sorrindo com cuidado,
sondando bem a pessoa,
pois ser feliz é um pecado
que pouca gente perdoa!


que mantinha um programa de trovas na TV Continental, em parceria com Aparício Fernandes

Parti do Norte chorando,
que coisa triste, meu Deus,
eu vi o mar soluçando
e o coqueiral dando adeus”


 lançava a coleção “Trovas e Trovadores” e o primeiro, em parceria com Magdalena Léa, a coleção “Trovas do Brasil”.

Quando volto ao meu rincão
piso a terra comovida;
- Cada pedaço de chão
conta um pedaço de vida


Nesta época, jornais como ”O Globo” e “O Jornal”(dos Diários Associados) davam certo destaque às trovas. No “O Globo”, Antônio Olinto, conterrâneo de Ubá, mantinha coluna chamada “Porta de Livraria”, onde, além de outras notícias literárias, prestigiava diversos Jogos Florais, principalmente os de Nova Friburgo, publicando as trovas classificadas; além dele, Helena Ferraz publicava a coluna “Na Boca do Lobo”, onde sempre saía uma trova na seção “Quadra no Quadro”, e, no “O Jornal”, Elza Marzulo editava o suplemento literário “Jornal Feminino”, onde a trova aparecia sempre com destaque.

Na Rádio Globo, Aparício Fernandes alimentava de trovas o Programa Luiz de Carvalho. Na Bahia, o trovador popular Rodolfo Coelho Cavalcanti, então presidente do Grêmio Brasileiro dos Trovadores, editava um jornal de trovas, “O Trovador”, e muitos outros trovadores, nos diversos recantos do País, também se encarregavam de divulgar o movimento trovadoresco. Nesta mesma época, surgiu a União Brasileira dos Trovadores (UBT), hoje com ramificações em praticamente todo o Território Nacional, em capitais e no interior dos Estados.

Introduzo aqui um comentário do trovador João Costa, delegado da UBT em Saquarema (RJ),

É nobre o gesto de quem
o sofrimento ameniza,
partilhando o que mal tem
com alguém que mais precisa


que, em artigo publicado In Poesis, julho de 2004, tendo como fonte de pesquisa “Uma Análise do Trovismo”, do saudoso e grande estudioso da trova Eno Thedoro Wanke, escreveu: “A trova atravessou os séculos e chegou até nossos dias, tendo seu primeiro movimento, seu apogeu, nos anos 60 e 70, graças a Luiz Otávio e J. G. de Araújo Jorge. Antes, porém, havia chegado à capital cultural do país, o Rio de Janeiro, através do pernambucano Adelmar Tavares

Oh linda trova perfeita
que nos dá tanto prazer!…
Tão linda depois de feita,
tão difícil de fazer…


 e quase estourou como movimento literário, mas o Modernismo esfriou os ânimos. A trova, inclusive, chegou a ser chamada de“boboca” por alguns modernistas mais empolgados. Mas, a verdade é que um trovador chegou à Academia Brasileira de Letras e a trova continuou tendo um lugar especial nos corações brasileiros”.

Continua…
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