terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ieda Cavalheiro (Teia de Poesias)


FASE DE FAZER

 Saudade de ti... Que fase!
 Que fazes, que faço eu,
 das luas de nosso amar?

 Saudade de ti... que fazes tu?
 Que fase a minha!
 Tua e minha lua, côncavas,
 Na Via Láctea infinita em versos.

 Em que fase, conseguirei,
 Que, o que faças
 transmute teu verso
 em meu inverso,
 fase maior do meu universo?

LIBERDADE

 Essa noite sou tua.
 És meu inteiro!
 Como eu,
 Nua, a lua nos encara,
 Banha-te em luz .
 O vento varre os anos
 do meu - teu tempo,
 A nuvem encobre, solícita,
 As rugas e as imperfeições
 do meu - teu semblante,
 perfeitos, ficamos,
 perfeitamente, livres...
 e amantes,
 em busca,
 do sempre inenarrável.

ALEGRE PORTO

 A Porto Alegre - terra onde semeei dias e amores.

Porto Alegre, berço beira-rio,
Olhos cravados nos sonhos,
Ontem, futuro incerto,
Busquei teu céu - amanhã,
Muro azul, minha imaginação,
Magia de sol avermelhando no horizonte.

Rezei-te terços em luta, mais de meia vida,
Semeei de meus passos tuas ruas,

Praças, igrejas, escolas, casas de cultura,
Teu lago, um sorriso aberto,
Amenizou meu semblante-fantasia,
É minha a honra de seres o chão
Dos filhos de meus sonhos.
Hoje, dias obscuros, paço de meus amores,
Doces e terríveis momentos,
Ternura e luta - realização,
Estrela guia de tantos natais,
Vou contigo, tortuosas curvas,
Busco-te, alegre porto,
Amo-te mais e mais.

BARALHO DE AMOR  

Cinquenta e duas cartas de amor
Em tuas mãos solícitas,
Acarinhando e embaralhando tanto,
A trocá-las de lugar a cada instante,
Formando maços, traçando ouros,
Em copas, fazendo diferentes laços,
Afugentando sonhos e percalços.
Espadas em estranhos desenlaces,
Qual rei em guerra, sem valetes.
Perdida dama de paus,
Sem rumo entre coquetes,
Joguete, apenas.
Como último cartucho, o ás d’ouro,
A arder, qual ferro em fogo, 
Debato-me entre as damas
Reis e ases de alto luxo,
E coringas são insuficientes
Para salvar-me, abatida em mesa, 
Sonolentas vão 
As esperanças de deter-te,
Do monte, lanço mão.
E os sonhos já se acabam...
Em última partida agonizo,
Em mãos, o sete belos d’ouro,
Transforma-se à paixão,
Cartada vil de mísero baralho,
Sob a manga mágica do sonho,
E na última rodada, já em transe,
Banco o amor sem esperança,
Entrega especial antes de morrer: 
Viciado de ti, o coração…

A VOZ QUE CALA

A voz que cala no vale,
Sopro de tua voz,
Cheiro de tua boca,
Independente de ti,
Fica ao meu ouvido
Retumbante nos ares,
Dizendo da paixão 
Que nos arrebata para a vida.

A voz que cala nas colinas,
Vento devastador
Destruindo esperanças, 
Em nossas formas
Submersas no tempo
Que não nos exploramos, 
Submissa às visões do mundo,
Mais que palavras que falam de ti.

A voz que cala na cachoeira,
Brisa serena do universo de nós,
Do mais profundo de ti,
Emergente em meu ser,
Lava nossas almas
Do pecado originado,
Orações não rezadas 
De meu clamor por ti.

A voz que cala em tua boca, 
Teus beijos não dados, 
Nossa ânsia louca
Não nos entregando,
Relíquias do prazer 
De nos termos para sempre,
Mesmo na certeza de te ter, 
Não te tendo aqui.

A voz que cala no silêncio,
É a minha a teu ouvido,
Sinfonia que não quer parar
E te ofertando
O tema escolhido, 
Inacabado assim, mas salutar, 
Virtual, virtuoso, reprimido,
Vida e sobrevida para amar.

A voz que cala no tempo,
É meu ser que invade o teu, 
A lira que me encanta, 
E, maga, realiza meu sonho,
Apesar do desencanto, 
De tua surdez aos meus apelos,
Indubitavelmente,
É a voz do meu amor por ti.

SOU

 Sou teu sonho, teu deleite,
 Sou teu lençol , sou teu leito,
 Sou vida da tua vida,
 Sou o pelo do teu peito.
 Sou conto dos teus romances,
 Sou poesia de tua alma,
 Sou doce enlevo em teu monte,
 Sou linha da tua palma.
 Sou resposta aos teus anseios,
 Sou tua ira, tua calma.
 Sou tua sombra, tua escada,
 Sou pássaros em revoada.
 Se te ganho sou mulher,
 Sou fiel e apaixonada,
 Se te perco, és meu sonho,
 Sou uma folha empoeirada.

GRITO PELA PAZ

 Grito por esse amor imenso
 Rasgando meu pensar:
 - grito de paz, dos desvalidos,
 Na guerra a soçobrar,
 Dos aleijados de braços, pernas,
 De órfãos de pais,
 De irmãos de amar,
 De ouvidos loucos
 E corpos combalidos.
 Grito pelas insanas naus,
 Barcos sem velas
 Bombas sem rumo,
 Largados do oriente,
 Insanidade moral,
 Desatinada e má,
 Ativada por homens
 Ditos do bem,
 Em nome de um deus,
 Que ao encontro não vem.
 Grito desse ocidente explorado,
 Ainda tão criança,
 De exploração do verde
 E roubo da esperança.
 Grito por luzes não acesas
 E falta de água,
 De arroz e de feijão plantados
 Sem esperança de colheita,
 Pela fome e a miséria
 Que ao humano espreita.
 Grito pelas águas dos rios,
 Mudando de cor, sabor e berço.
 Grito pelos pássaros,
 Que não passarão de ovos...
 Pelas baleias e
 Tubarões mortos,
 Sem deixar herdeiros
 Para esticar sua história...
 Grito pela Paz,
 Onde tantos gritam pela guerra.
 Grito por meus gritos,
 De querer crer,
 Que a PAZ não é quimera
 PAZ é BEM
 Que há de ser à aurora,
 Iniciado no amor
 De um por outro ser!

Fonte:
http://www.teiadosamigos.com.br/Nossos_Poetas/ieda/index.html

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