quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Thalma Tavares (Balada do Eterno Jovem)

"Começa a vida aos quarenta!"
- afirmam. Pois, se é verdade
(embora a idade não minta),
digo que são mais de trinta
os anos de minha idade.

Quero, então, ao ficar velho,
ser um velho sorridente
que enfrenta de alma atrevida
os atropelos que a vida
coloca na sua frente.

Que o bom Deus não me permita
ser um velho rabugento.
Mas, se for dura a velhice,
que nenhuma rabugice
me apague o contentamento.

Quero ser aquele idoso
que tudo a Deus agradece,
que passa os dias cantando
e vai a dor espantando
no fervor de sua prece.

Quero servir, como agora,
ao meu Deus e à minha gente.
E ao puxar meu velho arado,
mesmo sedento e cansado,
que eu olhe só para a frente.

Quero sonhar pela estrada
feito um menino, sozinho,
e voltar quando anoiteça
sem que ninguém me aborreça
dizendo: - "É tarde, avozinho!"

Mas se eu chegar aos noventa
sem bengala, sem escolta,
sem que me façam de tolo,
quero uma vela em meu bolo
e muitos velhos em volta.

E dos noventa em diante,
quando se expire o meu prazo,
que minha suprema hora
tenha a alegria da aurora,
nunca a tristeza do ocaso.

Fonte:
Poema enviado por Vicente Liles de Araujo Pereira

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