domingo, 14 de abril de 2013

Messody Benoliel (Poesias & Trovas)

NÃO MAIS SOZINHA
.
Após um show, o retorno
na madrugada fria e chuvosa.
perigosas encruzilhadas
calçadas tortuosas

 E o ônibus não chega,
o pavor se apodera de mim.
De repente, um atabaque
batendo forte
chamando por OGUM.

 Tento em vão descobrir
de onde vem aquele canto
em louvor ao dono do aço.

 Mas o ônibus chegou
o medo passou
passou o cansaço.

SOLIDÃO

Na total solidão dessa casa,
onde respiro atmosfera triste,
não restou, de um mundo de guerras,
nenhum adversário a combater.

 Agora o inimigo quer paz.
Pudera! Ganhou a guerra!
E a guerreira, ingênua,
querendo salvar o que já havia perdido.

 As lágrimas predominando,
traição e cinismo destruindo
todo um sentimento verdadeiro,
abafado no peito, transformando-se em ódio.

 Ódio de mim e de você
que, ao premeditar a fuga,
tentou deixar sem rumo
quem só tinha olhos para vê-lo.

 No canto dos pássaros há esperança...
que conforta, que é alento.
Levo comigo a lembrança
de um amor, que foi amor por muito tempo.

SE...

Se amar é devanear à luz do dia,
deixando arder a chama interior,
creio sentir a esplêndida euforia
de ter vivido intensamente o amor.

 Se amar é não sofrer melancolia
e nem sequer de leve um dissabor,
um outro sentimento eu não devia
deixar crescer, enfim, com tanto ardor.

 Se foi assim, culpo a você somente
que me esqueceu sem pena, sem demora
não sei se infeliz ou felizmente.

 E se hoje vivo uma saudade imensa,
recordo com tristeza o amor de outrora
e a cicatriz dessa ferida intensa.

IDENTIDADE

Eu sou assim, coberta de incerteza
e paradoxalmente incontrolável
creio, portanto, mais do que explicável,
ser sempre um mar em plena correnteza.

 Sou o que sou devido a natureza
que não me quer de forma controlável
vivendo em ansiedade insustentável
que me atiça com muita sutileza.

 Sou contraste, sou várias numa só
sou fêmea calejada por amar
sabendo dar um laço e dar um nó.

 Sou outras, não sou nada certamente
necessário será me apaixonar
Para ser muitas, de repentemente.

ESTRADA QUE EU QUERIA

Vim pela estrada, certa de encontrar
a presença de um ombro doce e amigo,
passei por cravos, rosas e bendigo
a beleza do sol a rebrilhar.

De repente parei meu caminhar
ouvindo vozes a cantar comigo
canções ao som de um realejo antigo,
suavizando assim, o meu penar.

Contemplando o painel da natureza,
queria mais estrada percorrer,
extasiada de ver tanta grandeza.

Mas esqueci que a tarde já se ia
e a noite escura a me surpreender,
afastou-me da estrada que eu queria.

INCERTEZAS

Olhando o céu em busca do infinito
nuvens garbosas querem me dizer
que nesse espaço que não é restrito
elas bem sabem como se esconder.

Rara beleza em coração aflito
traz incertezas ao amanhecer,
fazendo assim, de um sonho tão bonito,
cruel verdade em que não quero crer.

Como é possível tal transformação?
teus tons mesclados, róseos, me encantavam
e de repente, a imensa escuridão.

Deixei de apreciar tuas belezas,
pois hoje sei o quanto me enganavam,
nuvens em mim ficaram… incertezas…

TACACÁ COM BASTANTE CAMARÃO

E mamãe me chamava:
– Vem, filha, vem almoçar.
Sem dar resposta, permanecia no meu quarto.

Aos gritos então insistia:
– Você vem ou não vem?
– Não, estou sem fome.

À noite, quando papai chegou, ela disse:
Ramiro, esta garota está doente ou
está comendo na rua muita porcaria…
Apavorada me escondia para
ouvir o que papai dizia:

– Deixe a menina em paz
Vai ver comeu na casa da coleguinha.
Na verdade, verdade mesmo, ao sair
da escola, pertinho do Largo da Pólvora,
tomava meu tacacá na lanchonete do bairro.
Aquela goma fresquinha com tucupi
e jambu treme-treme, me satisfaziam
pelo resto do dia.

Sei não, o açaí não tinha vez
por falta absoluta de espaço.

E papai ao saber de tudo, disse orgulhoso:
Minha filha puxou a mim que,
além de tacacazeiro, não abro mão
de um tacacá fresquinho com bastante camarão!

TROVAS

Nas asas da liberdade
firmei meu corpo a voar,
pois ser livre é ter vontade
de não parar de sonhar.

Minha mãe não tem descanso
nem após sua partida,
pois de chamá-la não canso,
pelos caminhos da vida.

Fontes:
– http://messodybenoliel.tripod.com/curriculum.htm
– http://www.poetasdelmundo.com/detalle-poetas.php?id=3900
– http://acervodagraphia.wordpress.com/category/messody-benoliel/

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