segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Vuldembergue Farias (Versos Melódicos)

Vuldembergue é de Fortaleza/CE

FORÇA DE EXPRESSÃO

É por força de expressão
Ou mesmo uma metáfora
Pode até ser uma diáfora
Mas a minha falação
É sobre a enganação

É por força de expressão
Que se falta com a verdade
Só se fala por dualidade
Não se conhece a versão
Do fato ou da verdadeira ação

E por força de expressão
Digo o que não quis dizer
Pra você não entender
Mas eu não quis uma omissão
Onde eu disse sim, agora eu digo não

Sempre nego e digo não
Às vezes até marco um zero
Digo sim quando nem quero
Mas é por força de Expressão
Sim, eu disse foi um não.

MUNDO DA FANTASIA

Homens maquiam-se
Mulheres maquiam-se
O mundo maquia-se
Tudo isso para cobrir
O que os olhos não escondem

Vestimos máscaras
Adotamos fantasias
Todo tempo, no tempo
Para mostrar o que não somos
E o que desejamos ser

Vivemos de máscaras
E elas são aquilo que representam
Máscara bonita nos deixa bonitos
As feias nos deixam mais feios
Máscaras nos deixam simpáticos
Ou nos fazem dramáticos

Máscaras não expõem fraquezas
Não mostram as idades
Nem o envelhecimento
Nem sentimentos, nem alegria
Máscaras são necessárias
Para olharmos nos olhos
E vermos o mundo da fantasia

PROFECIA

Quando o dragão do mar descer do céu
E o véu da noite cobrir os oceanos
Quando os decanos forem hexadecimais
E os seres normais forem também felizes
As cicatrizes da amargura serão ternura.

Quando a brandura do fogo eterno
For inverno e o verão alvorecer
Quando um dia adormecer a escuridão
E a cognição apagar nos imortais
As simples estruturas dos fractais.

Areais e oceanos, serras e mares,
Amizades e versos, princípios e matérias,
Artérias e nervos, tantras e vontades,
Verdades e mistérios surgirão do fundo,
Do mundo dos infernos vivos e imundos.

LOUCURA

Louco é quem não acredita na loucura
E procura por todos os meios
Os erros justificar
E amar fica em segundo plano
É o desengano, como cigano,
Por aí, a andar, andar e andar

Que louco é esse que tem juízo
Que dá um sorriso e prega um aviso
Que sabe entrar, que sabe sair
Que sabe enfeitar
Mas também sabe mentir?

Loucura que impede de ser feliz
Que diz o que deve ser feito
Dentro das normas e das formas
Das convenções e lições
Isso é acomodação
Loucura mesmo é não viver
É não ter amor, é não ter paixão

UTOPIA

Viver bem é uma utopia
Que se busca apesar de loucos
Mas viver uma fantasia
É a alegria de poucos

Na imaginação, a miragem
Na rotina da vida, a viagem
De sonhos e realidade
De espera e ansiedade

Por uma paixão ou amor
Diversão e felicidade
Na ilusão do multicor
Se revela a ingenuidade

E nas raias da agonia,
Da utopia, da existência
Da ciência, da alquimia
Sem amor não se viveria
Sem amor não se viveria

ERA S. JOÃO

Não tem mais fogueira
Não tem mais balão
Não corto mais a bananeira
Nem tem mais adivinhação

Meu S. João eu não posso acreditar
Que nossos festejos, nossos folguedos
Estão para se acabar

Não tem mais quadrilha improvisada
Ela é estilizada
Anarriê, anavantú, né pá de quá não mais se canta
Ela parece escola de samba

Milho assado na fogueira
Cadê o traque e a bombinha
Que saudade da fumaceira
Do pé de moleque e da chuvinha

São João disse, São Pedro confirmou
Ser madrinha ou padrinho
Na fogueira meu amor
Sou compadre que o santo mandou

ALEGRIA

Hoje, eu vou brincar com a fantasia da folia
Como eu queria que você aqui estivesse
Que me quisesse, me dissesse que encontrava
Uma saída para essa tal de tristeza

Não sofro mais
Crises existenciais
Não, se você estiver comigo enfim
Pelos carnavais sem fim

Anda minha alegria como eu queria
Te ter pertinho de mim
Numa dança sem parar

Até o raiar do dia, alegria
Vem com a bondade de Deus
Manda pra tristeza um adeus, alegria
E teu povo contagia

CHOVE CHUVA

Chuva, deixa de farofa,
De chove não molha, me deixa em paz.
Hoje estou resfriado,sem grana e sem saco
Nada me compraz

E presta atenção no que digo,
Não brinca comigo, para de chover.
Eu sinto ter que lhe dizer, vaza, vai embora
E seja fugaz.

Chove chuva chove, mas não molha meu amor
Faça uma ação bonita, deixa de fita, só mata o calor.

Nesse chover no molhado deixando ensopado
O meu coração.
Como em Dançando na chuva, cai como uma luva,
Ensaio e ação.

No tempo todo encharcado,
Com todo cuidado pra não escorregar
Pois se qualquer pirueta,
É uma falseta pra me derrubar.

Chuva, dê licença, a sua presença
A sua sentença, me tira do sério.
Então se mande urgentemente
E concomitantemente me leve o tédio.

LIMITES

Quero falar sobre
Os extremos de pequenos
Espaços
Limites, tempos, distância,
Lenta velocidade
E intervalos.

Diminutos
Laços e abraços,
Discretos olhares,
Incontidos andares,
Mera felicidade
Entre o ter e o poder.

Separa-me
Dessa realidade,
Menor, igual, maior
Que meu desejo de ser,
De estar no limite
Do meu particular.

Prendam-me,
Deixem-me estar,
Na divisa do bem e do mal,
Entre o antes e o pós
O fundo e o raso
Entre laços e nós.

Viver de fachada,
Ou viver discreto,
É como concreto aparente,
Sente quem vê,
Excede o limite,
Da vida corrente

Fonte:
Clube Caiubi

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