quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Olivaldo Júnior (A hora certa de chorar)

Nunca se sabe a hora certa de chorar. O choro, assim como a voz, é uma expressão da alma. E a alma, pelo que se sabe, não tem relógio, não é mecânica. A alma é o que se mostra pelos olhos e pelas lágrimas. Você tem chorado o suficiente? Há muitas pequenas mortes durante o dia, todos os meses, o ano todo. A pressa, muitas vezes, empurra o choro para dentro e o sufoca, porque é preciso enfrentar. Mas, enfrentar?! Enfrentar o quê?! A vida não era para ser vivida, curtida, experimentada? Era. Mas deve ter havido alguma falha, e certas pessoas se esqueceram disso. Onde as lágrimas dessa gente? De que rio do esquecimento se esquivaram e, num cantinho das pálpebras, num abrir e fechar de olhos, empedraram-se e não caem mais?

Chorar é deixar cair as lágrimas e se render a apenas contemplar o que se perde, e se perde muito pela vida. Viver é perder um pouco de si a cada instante. E não há hora certa de chorar. Sufocado, o choro explode em palavras, muitas vezes com raiva, frustradas pelo medo e/ou pelo pouco caso com a vida, que é líquida como as águas que rolam dos olhos e lavam a alma. E a alma, pelo que se sabe, também se suja. A alma é o que se esconde atrás dos olhos, em forma de lágrimas. Chorar faz bem. E, mal e mal, sempre se soube disso.

Fontes:
O Autor
Imagem = www.obaoba.com.br

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