quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Olivaldo Júnior (Parabéns para um menino )

Há um ano nascia um menino que chamaram Arthur. Sim, Arthur, nome de rei, o da Távola Redonda. Seu pai, Luís Felipe, também nome de rei, mandou-me uma fotografia de seu pequeno, que mal nascera e já estava lá, sorrindo, aberto para a vida. Por causa desse sorriso, fiz uma música, uma canção de ninar e passei a cantá-la para minha mãe sempre que ela me pedia, até que, finalmente, a mostrei para o pai da criança. Não sei se ele costuma cantá-la para o filho. Muita, muita água rolou desde então, sob a ponte e pelos olhos, que a vida vem da água, vive em água e volta para a água. Se existe algum pó em nossos corpos e em nossas almas é o do tempo, que nos cobre e nos recobre de poeira de estrelas, nossa cosmicidade natural, tão clichê, que nem a notamos. Somos de tempo, os tais seres históricos. De história em história, viramos memória e voltamos para as águas, de rio e de mar, com seus afluentes. Eu, que, em meio ao trajeto, me perco em lagos, pequenas fontes, parabenizo os pais pelo nascimento do menino Arthur há exatamente um ano.

A imagem de seu sorriso é a primeira e a única que tenho. Quando o vi ao vivo, ele estava dormindo. Não é à toa que as crianças e os velhos dormem tanto. No caso delas, por estarem se acostumando ao nosso mundo; no dos velhos, porque já estão se preparando para o outro, que, no fundo, é o mesmo, dois lados do eterno espelho em que nos vemos todos. Pela água, pela luz e pelas fotografias, como essa, a do Arthur.
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Fontes:
O Autor
Imagem = www.chegadadobebe.com

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