quarta-feira, 8 de junho de 2016

Olivaldo Júnior (Os Peixinhos do Mar)


Era uma vez um menino que morava pertinho do mar. Seus pais, ribeirinhos, viviam do que o mar oferecia aos que nele colhiam o sustento da casa. A casa, para quem pesca, tem dois lugares. Um deles, é claro, é o mar, que não tem pista, nem pouso, mas decola no peito de quem voa nos barcos, sol a sol, até se pôr... Por tanto ver o pai sair cedinho, aquele menino se pôs a imaginar de onde vinham os peixes, peixinhos do mar. Sabia que eram postos por Deus no verde frio das ondas e trazidos até as redes quentes do pai, dos amigos do pai e do padrinho, para que pudessem viver. Mas, na cabecinha do menino, tão fértil quanto aquele naco de mar à beira deles, um anjinho os desenhava, outro os coloria, Deus os animava e... tchibum! Caíam aos milhares lá do céu, quando ninguém estava olhando!... Claro que nunca tinha visto isso, nem poderia. Dormia cedo, assim como o pai e a mãe, que Deus ajuda quem cedo madruga (e quem sai pra pescar). Um dia, se pudesse aguentar, veria os peixinhos, cada peixe do mar, chover do céu no mar aberto, reluzentes, furta-cores, com escamas inda virgens, sem o sal que encharca a alma e cai dos olhos de quem assiste a essa cena. "Quem te ensinou a nadar? / Quem te ensinou a nadar?"... Dorme, menino, dorme... A vez é sua. Amém, amém, amém.

Fontes:
O Autor
Imagem = http://dar-a-tramela.blogspot.com

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