segunda-feira, 18 de julho de 2016

Luiz Otávio, Príncipe dos Trovadores (Centenário de Nascimento)



Não, Luiz Otávio não morreu. Vive em cada coração amigo e esclarecido que lhe sabe reconhecer o valor.

Luiz Otávio continua, entretanto, presente em sua obra monumental, através da sua ternura sem limites que abraçou o Brasil inteiro numa ciranda trovadoresca que encontrou eco nos países de língua irmã. Luiz Otávio continua presente nos frutos que semeou, colhido por quem os merece e por quem não os merece, também. Presente nas suas trovas, presente nos seus versos. Fundador da União Brasileira dos Trovadores, vários livros seus foram de trovas e poesias. 

Continua presente no elo de amor que aquece o coração de quantos souberam entender a sua luminosa passagem por este mundo.E que seguiram os seus conselhos, expressos nos seus atos desassombrados nem sempre compreendidos e aceitos com a mesma sinceridade. Presentes no seu idealismo puro e autêntico, desprendido e apaixonado, como difícil encontrar igual, e também no seu acervo de trabalho, repleto de vigor e energia de alma, ainda mesmo quando lhe fugiam as forças físicas. Sublimando os próprios sofrimentos e limitações gradativas, até o último momento dirigiu em prol e em defesa da sua “Rosa”, a “União Brasileira de Trovadores”, filha dileta do seu sonho de poeta. Seu “ex-libris”: 

“Quer ser feliz? Então siga 
a minha vida bizarra 
que tem muito de formiga
e ainda mais de cigarra…”

A formiga descansa. A cigarra continua cantando. Cantando indefinidamente, em ressonâncias de ternura espalhadas por todo este Brasil, Portugal, Angola, que choraram a parida do Príncipe da Trova. 

Em sua sepultura, em Santos, estas palavras lhe servem de epitáfio:

“O que mais me comove neste Príncipe adormecido é a sua fidelidade a uma flor; é a imagem de uma rosa que brilha nele como a chama de uma lâmpada, mesmo quando dorme (Antoine Sant-Exupery, Pequeno Príncipe)

E nas palavras de J.B. Xavier,

O vitorioso sorri quando outros choram, avança quando outros param, persiste quando outro outros retornam, cria onde outros copiam, transpira quando outros descansam. E, se chora, será de alegria, se arrefece a caminhada será para admirar a paisagem que transformou, se retorna será para auxiliar os que não lhe acompanham o passo, se copia será para ratificar, com o devido crédito,  o que de bom se fez antes dele, e, se descansa, será para se preparar a retomada do caminho em direção ao sonho ainda não realizado.  Luiz Otávio esculpiu com primor, em pedra rara, o teu sonho ideal de puro artista!

Finalizando,

Luiz Otávio foi um construtor de sonhos, cujo encanto maior está pelo fato de que não quis só para si, mas sim, para que todos nós que hoje aqui estamos (e muitos outros que ainda virão) façam parte destes sonhos. Por isso, meus irmãos e irmãs, Luiz Otávio não morreu, continua vivo e firme no coração de cada um segurando o estandarte da Rosa!

De Luiz Otávio:

“Prossegue a cantar! Insiste!
Mesmo a sofrer e a chorar!
Pois, pior que um canto triste,
é uma vida sem cantar.”
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Quanto poema extenso e mudo,
sem transmitir nada à gente,
e eu sei que te digo tudo
com quatro versos somente…

Fontes:
- Carolina Ramos. Jornal “A Tribuna”, de Santos em 1977.
- J B Xavier
- José Feldman



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