terça-feira, 9 de agosto de 2016

Carlos Leite Ribeiro (A Deusa e o Mar) Capitulo 8, final

Três meses mais tarde, Luís Carlos desembarcava no aeroporto de Lisboa, vindo desta vez da Suíça.

Ainda nada sabia do resultado da operação da Sandra Cristina, pois nunca mais comunicara com o Dr. Richter, e passara o tempo por várias capitais da Europa, embebedando-se para esquecer a razão de ser da sua própria vida.

Por fim, convencido de que seria inútil continuar naquelas liberações, que o impossibilitavam para o trabalho, lhe arruinavam a saúde, e pior do que isso não lhe arrancava do seu coração a imagem de Sandra Cristina. Foi assim que decidiu, repentinamente, voltar a São Pedro de Moel, para visitar o seu amigo António das Ondas, e também, saber alguma coisa da Sandra.

Ao chegar à linda praia de São Pedro de Moel, logo encontrou o António das Ondas, que se encontrava sentado no chamado "banco dos reformados", que fica numa rua íngreme que vai dar ao varandim da esplanada, e logo os dois homens caíram nos braços um do outro.

Luís: -  Ah... Ah quanto tempo não o via e que saudades já tinha disto tudo, incluindo o Sr. António!

António: -  Eu já tinha quase esquecido a tua cara e a tua pessoa. Tu é que te esqueceste dos amigos…

Luís: - Olhe que nunca me esqueci, não... Mas diga-me: como está a Sandra Cristina?

António: -  Ela... Ela está completamente curada, e por acaso chega amanhã aqui. Foi um milagre, um verdadeiro milagre, a sua cura total!

Luís: - Completamente curada?!... Decerto que foi... Foi um grande milagre, Deus seja louvado por mais este milagre... A Sandra completamente curada!!!

António: - Não te excites tanto, Luís Carlos. Mas chora à vontade, pois nem sempre é feio um homem chorar. Mas, por favor, acalma-te!

Luís: -  Mas aquela linda mocinha completamente curada, até parece um sonho!

António: - Mas olha lá, tudo bem, mas não é razão par ficarmos para aqui os dois, agarrados um ao outro, a chorar como duas "Madalenas arrependidas"!

Luís: - Tem toda a razão, Sr. António.

António: -  Vamos a casa dos Mendes, e pelo caminho, tenho que passar pelos Correios, para saber se tenho lá alguma coisa para mim...

Luís Carlos ficou passeando pelo largo dos automóveis, enquanto o António das Ondas apressou-se a expedir um telegrama urgente para Nova Iorque e dirigido a Sandra Cristina, dizendo apenas isto:

"Luís Carlos chegou. Perguntou por ti. Disse-lhe que chegavas amanhã. Regressa rápido. António das Ondas".

Ao sair dos Correios, o bom velhote pensava e comentava com os seus botões:

"A verdade é que foi a primeira vez que menti na minha vida - mas foi por bem. Sim, porque senão guardo aqui este maluco do Luís Carlos à espera da Sandra Cristina, ele ainda é bem capaz de arranjar mais "macaquinhos" na sua cabeça, e sendo assim, ainda a nossa Sandra fica mais um ano à espera dele!”.

No outro dia e no último “expresso” que vinha de Lisboa, chegava a Sandra Cristina. Luís Carlos e o António das Ondas, assim como seus pais e alguns amigos, estavam à espera da moça…

Sandra: - Olá queridos papás! Graças a Deus que me encontro completamente curada!

Emília: - Minha querida filha, ainda me parece um sonho, um sonho lindo!

André: - Oh filha querida, como estás linda!

António: - Olá querida mocinha, tu cada vez estás mais bela, e agora, completamente curada!

Sandra: - Estou tão feliz! Mas... Mas o Luís Carlos, não me veio esperar?...

Luís: - Pois claro que sim, por isso estou aqui!...

Sandra: - Oh Luís Carlos, como estou feliz, meu amor! ... Perdoas-me?...

Luís: - O passado morreu minha querida. Mas como estás linda…

E um beijo uniu aquele grande amor...

Dois meses depois a capela de São Pedro de Moel estava linda...

Nesse dia, Luís Carlos e Sandra Cristina, dentro das suas convicções religiosas, iam-se unir para sempre.

São Pedro de Moel estava em festa, e toda a gente feliz com o evento.

Luís: - Olha, minha querida Sandra Cristina, temos de ir fazendo as nossas despedidas, antes de partirmos para a nossa lua-de-mel...

Sandra: - Vamos então. Podemos começar aqui pelo Sr. António das Ondas... Ora diga-me: como é que você sabia que eu ia chegar naquele dia e àquela hora?

O bom velhote levantou-se e calmamente encarou os dois jovens que estavam ali à sua frente, e com um sorriso nos lábios, respondeu-lhe:

António: - Olha lá Sandra, tu por acaso não recebeste o meu telegrama?

Sandra: -  Telegrama?! ... Ah, pois, claro que recebi. Ahahahahah! 

António - Então, minha boa e querida amiga, por vossa causa, menti, pela primeira vez na vida. Vão lá à vossa vida e sejam muito felizes!
 
F I M

Fonte:
O Autor

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