quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Cidade de Campos dos Goytacazes/RJ (alguns aspectos)


Campos dos Goytacazes é um município do interior do Estado do Rio de Janeiro, no Brasil. De acordo como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, possui uma população de 487 186 habitantes. É a mais populosa cidade do interior do Estado. Este é o município de maior extensão territorial do Estado do Rio de Janeiro, ocupando uma área de 4 826,696 quilômetros quadrados. 

Localizam-se no município, importantes universidades públicas. Segundo o IBGE, Campos dos Goytacazes teve, em 2013, o sétimo maior PIB do Brasil, sendo a cidade brasileira, que não é capital, com o maior PIB nacional, naquele ano.

Originalmente foi habitada pelos índios da tribo Goitacá, que se caracterizavam por ter um porte atlético, serem exímios nadadores e muito hábeis na arte de lidar com cavalos. Guerreiros, defendiam o seu chão do domínio estrangeiro, com muita garra, chegando a ter fama de antropófagos. 

Com a chegada dos padres jesuítas e beneditinos, na região e da pacificação junto aos índios é que as terras passaram a ser conhecidas pelos colonizadores e senhores de engenhos. A colonização de origem portuguesa porém, só se iniciou a partir de 1627, quando o governador Martim Correia de Sá, em reconhecimento ao heroísmo nas lutas contra os índios, doou algumas porções de terra da capitania aos SETE CAPITÃES, que, em 1633, construíram currais para o gado, próximos da Lagoa Feia e da ponta de São Tomé.

A partir de então, começou a verdadeira ocupação de origem portuguesa na cidade de Campos. Os capitães moravam em seus engenhos, no Rio de Janeiro e Cabo Frio, arrendando quinhões de suas sesmarias, contribuindo, assim, para o crescimento da população. A criação do gado, neste período, se multiplicou de forma assombrosa, assim como a diversificação de atividades.

Os canaviais começaram a aparecer nas regiões mais elevadas da planície. A política, até então estável, foi quebrada com a chegada de latifundiários poderosos, entre eles Salvador Corrêa de Sá e Benevides, que abusou do poder e da posição (pois era o governador da capitania na época), estabeleceu parcerias com os religiosos, que se beneficiavam na partilha da planície. Começaram, então, as lutas pelas terras. 

De um lado, herdeiros dos SETE CAPITÃES, pioneiros, colonos, campeiros e vaquejadores; de outro, os ASSECAS, herdeiros de Salvador de Sá. Durante aproximadamente 100 anos, a capitania viveu em conflitos pela posse das terras. A Coroa chegou a retomar a terra várias vezes, mas, devido às crises vividas pela mesma, voltou para as mãos dos Assecas. Somente em 1752, com a compra da capitania e a contribuição pecuniária da própria população, é que a região foi finalmente pacificada.

No decorrer do domínio dos Assecas, predominava a pequena propriedade, mas também condicionada pelo meio natural, devido à inexistência de áreas contínuas de grande extensão, já que havia inúmeras lagoas. Campos possui um importante bacia hidrográfica, formada pela Lagoa de Cima, Lagoa do Vigário, Lagoa Limpa, Lagoa do Sapo, Rio Paraíba do Sul e Lagoa Feia.

A partir do domínio da CANA-DE-AÇÚCAR, a região passou por um período de recuperação, mas continuava isolada da capital do Estado do Rio de Janeiro. No início dos anos 1800, toda a planície encontrava-se ocupada e partilhada, mas ainda restavam quatro latifúndios: Colégio dos Jesuítas e São Bento (correspondentes à cidade de Campos e seu entorno), Quiçamã, além da fazenda dos Assecas, onde surgiu o povoado da Barra Seca (atual município de São Francisco de Itabapoana).

No ano de 1833, foi criada a Comarca de Campos e, em 28 de março de 1835, a Vila de São Salvador é elevada à categoria de cidade, com o nome de CAMPOS DOS GOYTACAZES. A pecuária e o cultivo da cana-de-açúcar se estenderam pela planície entre o Rio Paraíba do Sul e a Lagoa Feia. Em 1875, a cidade tinha 245 engenhos de açúcar, com 3 610 fazendeiros estabelecidos na região. 

A primeira USINA foi construída em 1879, com o nome de Usina Central do Limão, pertencente ao doutor João José Nunes de Carvalho. Devido à sua importância, a cidade de Campos recebeu a visita de D. Pedro II quatro vezes. Na primeira, em 1883, o imperador inaugurou a luz elétrica na cidade, passando assim a ser a primeira cidade da América do Sul a ter luz elétrica.

Ao final dos anos 1980, os municípios de Campos, Macaé e Conceição de Macabu, tinham uma agroindústria açucareira expressiva. A ascensão de São Paulo como maior produtor nacional, seus altos níveis de produtividade, além da expansão da área cultivada pela cana-de-açúcar no Nordeste do país, aliados à falta de modernização do complexo campista, fizeram com que a região passasse a ser coadjuvante no contexto nacional. 

O endividamento de algumas usinas obrigou muitas delas a se fecharem, atingido, consequentemente, a economia da região Norte Fluminense. A descoberta do PETRÓLEO na bacia de Campos, nos anos 1970, e a construção do Superporto do Açu têm contribuído para a recuperação da região, nos dias de hoje.

A história de Campos é rica em importantes acontecimentos políticos. Foi um dos primeiros do Brasil a embarcar voluntários para a guerra do Paraguai, em 28 de janeiro de 1865, pelo vapor Ceres.

Foi a primeira cidade da América Latina a ter energia elétrica, em 24 de julho de 1883. O movimento abolicionista também encontrou eco em Campos. A campanha abolicionista teve seu ponto alto em 17 de julho de 1881, com a fundação da Sociedade Campista Emancipadora, que propagava a luta pela emancipação dos negros, tendo, na pessoa do jornalista Luiz Carlos de Lacerda, o seu maior expoente. 

O grande vulto José Carlos do Patrocínio, o "tigre da abolição", foi também um dos principais nomes da luta pelo fim da escravidão, que mudaria os destinos políticos do Brasil imperial, preparando-o para a proclamação da República do Brasil.

Vários campistas governaram o Estado do Rio de Janeiro, como Nilo Peçanha, eleito pela primeira vez para o período de 1903 a 1906 e, pela segunda vez, de 1914 a 1917. Nilo Peçanha foi eleito vice-presidente do Brasil e assumiu o mandato, de 1909 a 1910, com a morte de Afonso Pena. Mais recentemente, o ex-prefeito de Campos, o radialista Anthony Garotinho foi eleito governador, em 1998. A sua esposa Rosinha Garotinho concorreu à sua sucessão e foi eleita em 2002. Esse mesmo grupo político permaneceu no poder até 2016, quando foi eleito o jovem vereador Rafael Diniz, por uma expressividade esmagadora de votos e passará a ser o novo prefeito da cidade a partir de 2017.

A cidade de Campos dos Goytacazes tem um total de mais de 150 bairros. A LAPA é um bairro da cidade, de origem operária, formada em torno de uma fábrica de tecidos que existia, na cidade. Neste bairro, em uma curva do rio Paraíba do Sul, existe a Igreja da Lapa, onde existia um orfanato, que foi mantido por uma ordem religiosa, cujas irmãs de caridade cuidavam de meninas órfãs, algumas abandonadas à porta da Igreja, outras colocadas na Roda dos Enjeitados, existente no antigo prédio da Santa Casa de Misericórdia de Campos (no centro da cidade), instituição que essas freiras ajudavam a administrar. Esse prédio foi demolido, junto com esse patrimônio histórico de Campos.

Campos tem muitas bordadeiras e artesãs. Existe uma feira municipal, cujas barracas são montadas no centro da cidade, com os mais variados trabalhos artísticos de bordados em ponto de cruz, tricô e crochê. Encontram-se lá também barracas de doces e salgados. 

Cidade do açúcar e do petróleo, Campos notabiliza-se, além da produção da cachaça. pela produção de muitos DOCES, como a GOIABADA e melado. Entre os doces típicos de Campos, destaca-se o CHUVISCO. Sabemos que as portuguesas são notáveis na habilidade de preparar doces, utilizando-se da gema e da clara de ovos. No Brasil, somente as campistas e as gaúchas de uma forma geral dominaram a arte de fabricar, além dos chuviscos a ambrosia e o papo de anjo. Além de docerias e fábricas, o doce é produzido de forma artesanal e caseiro por diversas cozinheiras, residentes em diversos pontos do município, que fabricam o doce por encomenda, para as festas de casamento, aniversário, batizado e jantares especiais. 

O doce chamado CHUVISCO já foi tema de teses e pesquisas em universidades campistas. Em 2011, foi tombado como patrimônio imaterial da cidade pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Municipal (Coppam). O doce é parte da culinária portuguesa e chegou ao Rio com a vinda da Família Real, em 1808. Diz-se que os portugueses utilizavam claras de ovos para engomar as roupas e, para aproveitar as gemas, faziam o chuvisco. 

A receita foi parar em Campos e, mais de cem anos depois, pelas mãos de Nilze Teixeira de Vasconcellos, a Mulata Teixeira ficaram ainda mais famosos. Conta-se que os ex-presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek teriam saboreado a guloseima da Mulata Teixeira quando visitavam Campos. 

O chuvisco pode ser cristalizado (como é este da foto abaixo), caramelado, em calda, com nozes, passas ou chocolate. Ele é produzido, em larga escala, por fábricas do município e também de forma artesanal por pequenas docerias. As gemas são batidas pelo menos cem vezes até a massa engrossar. De colherinha em colherinha, o doce é frito na calda de açúcar, três vezes, passa-se o chuvisco no primeiro tacho para ressecar. No segundo, para incorporar o açúcar. E no terceiro, para ficar molhado, com uma calda mais fina. Existem clientes campistas que moram no exterior e encomendam esse doce. 

Fonte:
Talita Batista – Seção da UBT de Campos dos Goytacazes.

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