terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Contos do Oriente (O Amestrador de Tigres)

Um dos melhores amestradores da China chamava-se Liang Yang. Ele treinava qualquer tipo de animal, de lobos a tigres, de águias a serpentes. Mas Liang Yang estava envelhecendo e, caso morresse, não haveria ninguém para substituí-lo. O rei Xuan ordenou então que Mao Qiuyuan aprendesse com ele suas habilidades de amestrador.

— Eu não tenho nada para lhe ensinar — disse Liang Yang — Acontece que se você disser isso ao rei, ele vai achar que estou de má vontade.

Mao Qiuyuan escutou em silêncio o que lhe dizia Liang Yang. Começou então a observar como o amestrador entrava na jaula do leão, acariciava sua juba durante algum tempo e saía logo depois. Nesse momento, a pantera negra urrou debaixo de uma figueira. Liang Yang aproximou-se dela, os dois observaram-se durante algum tempo, até que Liang Yang pareceu lembrar-se de que Mao Qiyuan ainda o esperava.

— E então? — Quis saber Mao Qiyuan.

— Eu vou te falar um pouco sobre cuidados que você tem de ter. Alguns animais ficam muito bravos quando são desobedecidos. Cuidado com eles! Um amestrador, por exemplo, não ousa dar ao tigre animais vivos para comer, pois logo eles ficam bravos e impacientes. Não se pode também dar aos tigres um animal inteiro. Os tigres não gostam. Preferem a comida dada aos poucos. Além disso, um amestrador tem de saber quando o animal está faminto e o que pode irritá-lo. Embora tigres e homens sejam de espécies diferentes, os tigres vivem muito bem com seus criadores porque esses amestradores conhecem bem a vontade dos tigres e nunca os desobedecem.

´Eu nunca desobedeci meus tigres, deixando-os furiosos ou agradei-os, com obediência em demasia. Freqüentes alegrias são seguidas de repetidas fúrias e repetidas fúrias de alegrias: nenhuma dessas situações pode ser boa. Sendo assim, fico calmo e tranqüilo e nunca sou obediente ou irritante em excesso. Nos olhos dos animais e dos pássaros, somos da mesma espécie. Eles vivem no meu pátio como se ele fosse deles, nunca sentindo saudade da floresta, do mar, da montanha ou do vale.


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