quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Ógui Lourenço Mauri (Poemas Escolhidos) II


UM REFÚGIO POR OPÇÃO
(glosando José Feldman)

MOTE:
Pai, eu te peço perdão
por não ser o que querias!
Eu vivo na contramão,
num refúgio... de poesias!
 José Feldman (Maringá/PR)
  
GLOSA:

 Pai, eu te peço perdão
por ter frustrado teu sonho.
Assim, não queria, não;
é disso que me envergonho!

Lamento muito, meu velho,
por não ser o que querias!
 Na leitura do Evangelho,
eu tento acalmar meus dias.

Desde cedo, fiz a opção,
eu nasci pra ser poeta.
Eu vivo na contramão
de tua paternal meta.

Não me ajeito a obrigações,
só faço o que repudias.
Vivo minhas emoções
num refúgio... de poesias!
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PROCURA-SE UM PAPAI NOEL

Procura-se um Papai Noel bem brasileiro,
Com total verde-amarelo em seu visual.
Nada de indumentária vinda do estrangeiro,
Terá que mostrar sua origem tropical.

Procura-se um Papai Noel de tez morena,
Trazendo às crianças o sabor da surpresa,
Magia que o comércio retirou de cena
Na ânsia de vender, de acumular riqueza.

Procura-se um Papai Noel que abrace forte,
Um abraço bem ao modo tupiniquim...
Um gesto sem a frieza do Polo Norte,
Bem ao estilo dos que meu pai dava em mim.

Procura-se um Papai Noel, sorriso aberto,
Que a criança possa tocar, ver e curtir.
E que seu presente só seja descoberto
No exato momento em que o "Velhinho" partir.

Procura-se um Papai Noel de nossa gente.
Viajante de trenó e renas, jamais!
Nós almejamos alguém que esteja presente.
Muito nosso, sim!... Dos Pampas aos Seringais.
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CHEGANDO PELO SUL...

Você tramou tudo ao anoitecer
E chegou antes do clarão da lua...
Maliciosa, esperou-me farta e nua;
No rocio, sem que eu pudesse prever.

O modo como apareci, porém,
Resultou para você surpreendente,
Pois, evitando encontrá-la de frente,
Logrei pregar-lhe uma peça também.

Pouco somou seu tentador sorriso
Ao me aguardar desde os rumos do norte;
Pois vim do sul, a emoção foi mais forte,
E ao vê-la de costas perdi o juízo...

Fui às nuvens, não sabia onde estava
Quando, perto, e pela primeira vez,
Vi seu cabelo a ornar sua nudez...
Trança única que às nalgas chegava.

Fonte: O Poeta

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