domingo, 4 de fevereiro de 2018

Paulo Roberto de Oliveira Caruso (Buquê de Trovas)

1
A chave ao meu coração
só tu tens; não tenho medo.
Temos tão rica união
que eu nunca mudo o segredo!
2
As partidas de xadrez
têm decerto a sua essência.
Jogador tem sua vez;
é preciso paciência!
3
Certa vez ouvi um papo.
Um machista disse: “Eureca!
Homem não engole sapo...
Ele come perereca!”
4
Dando-se as mãos a cidade
com zeladora vigília
mostra solidariedade
virando grande família.
5
Deus construiu este mundo
com suor do seu trabalho.
Seu esforço foi profundo.
Assim nos nasceu o orvalho!
6
Fogueira em festa junina...
Eu me queimei um bocado!
Na quadrilha eu vi menina
e saí de lá casado!
7
Foto de bonita dama
atraiu Seu Juvenal.
Viu ser dum homem a trama
no tal mundo virtual!
8
Horas por dia eu passei
no tal mundo virtual,
até que um dia paguei
uma conta bem real!
9
João golpes praticou
no tal mundo virtual,
até que um dia encarou
um xilindró bem real!
10
Lendo sobre camisinha,
Joaquim logo gargalhou.
Em peça pequenininha
de agasalho ele pensou!
11
Menina virou rapaz
e rapaz virou menina...
Hoje muito isso se faz
não só em festa junina...
12
Meu coração suburbano
tu conheces muito bem!
Tem muito do amor humano
que preenche o teu também!
13
No ano de mil e quinhentos,
dia vinte e dois de abril,
Portugal, com ricos ventos,
arrecadou o Brasil.
14
Nosso amor é o sagrado.
O que revela união.
Ele sabe ser gerado
com paixão e compaixão.
15
O poeta Zé Mitôca
é mesmo "o cara" de Ocara!
Versos mil de sua boca
tornaram-se joia rara!
16
O político safado
faz o povo de capacho.
Da panela do coitado
raspa até o fim do tacho!
17
O silêncio é uma virtude,
disso todo mundo sabe.
Cala-te, não sendo rude,
quando falar não te cabe.
18
Para ser lugar perfeito
nossa querida cidade,
requer sempre um bom prefeito
praticando a honestidade.
19
Perguntou Seu Dorival
“o que é que a baiana tem?”
Não somente em carnaval,
rebola como ninguém!
20
Que dolorosa ironia:
a terra muito pisamos,
mas a morte chega um dia...
E sob a terra ficamos!
21
Quem diria? A sementinha
pela mamãe recebida
gera uma pessoazinha
regada a leite e querida!
22
Se mantemos o decoro,
o “eu” se doa pelo “nós”,
assim nasce o melhor coro,
parecendo uma só voz.
23
Se pregarmos a bondade,
o sagrado nós veremos:
em vez de fria cidade,
grande família teremos!




24
Teus olhos da cor da terra
são meu solo, são meu chão.
É neles dois que se encerra
minha antiga solidão!
25
Toda saudade, de fato,
traz o início dum sofrer.
Sabemos que ela num ato
vem do fim de um conviver.
26
Um enfermeiro embriagado
susto deu-me a injeção.
Meu braço foi preparado
com bafo, sem algodão.
27
Um soneto ia eu tentar,
mas a preguiça chegou.
Antes de os olhos pregar,
esta trova me sobrou.

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