sábado, 5 de maio de 2018

Gislaine Canales (Glosas Diversas) 1

MÃOS NOS OMBROS

MOTE:
Na dureza dos escombros,
quando as dores se equivalem,
amizade é mão nos ombros
embora os ombros não falem.
(Flávio R. Stefani)

GLOSA:
Na dureza dos escombros,
nos descaminhos da vida,
as lembranças são assombros
de uma esperança perdida!

Nos consolam os amigos,
quando as dores se equivalem,
livrando-nos dos perigos...
Que os amigos nos embalem!

Veremos com desassombros
os problemas dos caminhos...
Amizade é mão nos ombros
em gestos só de carinhos!

Esses gestos de ternura,
mais que os outros todos, valem,
pois falam de forma pura,
embora os ombros não falem.

MORADA NA TROVA

MOTE:
Pode o amor, banhado em sonhos,
construir morada nova,
nos braços sempre risonhos
dos quatro versos da trova.
(Flávio R. Stefani)

GLOSA:
Pode o amor, banhado em sonhos,
renovar-se, reviver,
mudando os dias tristonhos,
num eterno renascer.

E, assim, feliz e faceiro,
construir morada nova,
e seus dotes de engenheiro,
na construção, pôr à prova.

Apressar dias tardonhos
e atirar-se com alegria,
nos braços sempre risonhos
de ternura da poesia.

Essa morada bonita,
que a felicidade aprova,
tem a beleza infinita
dos quatro versos da trova.

OS VERSOS QUE EU SONHO

MOTE:
Meu conflito e meu fracasso
é que as trovas que eu componho
têm sempre os versos que faço,
e nunca os versos que eu sonho.
(Izo Goldman)

GLOSA:
Meu conflito e meu fracasso
vivem sempre dentro em mim...
Caminho, passo-antepasso,
e não atinjo meu fim!

O que me tira a alegria,
é que as trovas que eu componho
não fazem brilhar meu dia,
e muito amor, nelas, ponho!

Sinto aumentar meu cansaço,
pois minhas trovas somente,
têm sempre os versos que faço
que surgem da minha mente.

Minha sensibilidade
é pouca, isso eu suponho,
pois escrevo a realidade
e nunca os versos que eu sonho.

MORRE MENOS

MOTE:
Meus sentimentos diversos
prendo em poemas pequenos.
– Quem na vida deixa versos
parece que morre menos...
(Luiz Otávio)

GLOSA:
Meus sentimentos diversos
são a minha inspiração,
eles surgem sempre imersos
em ternura e emoção!

Sou feliz fazendo assim:
prendo em poemas pequenos
o que há de melhor em mim,
os meus sentimentos plenos.

Não tem destinos inversos
quem ama e escreve, também!
– Quem na vida deixa versos
"sempre deixa algo pra alguém"!

Mesmo na hora do adeus,
o poeta em seus acenos,
sendo um quase semideus,
parece que morre menos…

Fonte:
Gislaine Canales. Glosas. Glosas Virtuais de Trovas VI. 
In Carlos Leite Ribeiro (produtor) Biblioteca Virtual Cá Estamos Nós.
 http://www.portalcen.org. abril de 2003.

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