sexta-feira, 25 de abril de 2008

Richard Wagner (O Anel do Nibelungo: Parte 2: A Valquíria)

A Valquíria é uma ópera de Richard Wagner, a segunda parte de quatro que compõem a tetralogia O Anel do Nibelungo. Sua estréia ocorreu no Teatro Nacional em Munique em 26 de junho de 1870, antes mesmo do término da ciclo do Anel. Para esta obra, Wagner inspirou-se na lenda nórdica da Saga de Volsunga. A parte mais popularizada é a passagem musical da Cavalgada das Valquírias, que abre a primeira cena do terceiro ato.

(Primeira parte postada em 24 de fevereiro)

Sinopse

Ato I - Cena I

A obra é iniciada com personagens cujas identidades são desconhecidas (uma técnica já usada pelo autor em outras óperas fora da tetralogia do Anel, como Lohengrin). Durante uma grande tempestade, Siegmund procura abrigo na residência do guerreiro Hunding. O local é uma habitação rude, e há uma grande árvore no centro da sala. O dono da casa não se encontra no local, mas, exaurido e caindo próximo a uma lareira, Siegmund é recepcionado por Sieglinde, esposa infeliz de Hunding. Ele a conta que estava escapando de seus inimigos e que agora está ferido. Após beber um pouco de hidromel oferecido pela mulher, já se direciona para a saída alegando estar amaldiçoado pelo infortúnio. Ele acrescenta que sempre leva a desgraça onde quer que vá. Entretanto, ela o convida a permanecer, justificando que ele não pode trazer infortúnio em um lar onde a má sorte já reside, em referência a sua infelicidade.

Ato I - Cena II

Ao retornar, Hunding relutantemente oferece hospitalidade ao visitante. Marcando a transição para a segunda cena, a entrada desse novo personagem é caracterizada por compassos curtos que demonstram seu caráter sombrio. Hunding surpreende-se com tamanha semelhança ente sua esposa e o forasteiro. Ele começa a conversar com o hóspede, perguntando seu nome, até então desconhecido. Siegmund responde que não pode chamar-se Pacífico nem Jubiloso, mas sim Doloroso.

Sieglinde, cada vez mais fascinada pelo sujeito desconhecido, pede para que ele conte sua história enquanto os homens comem. Siegmund então descreve um dia estar voltando para casa com seu pai após caçarem juntos, encontrando sua casa incendiada, sua mãe morta e sua irmã gêmea desaparecida, raptada pelo povo Neindinge (invejoso). Ambos passam a viver na floresta, lutando contra inimigos que por vezes apareciam. Hunding então o interrompe por um momento, dizendo que já havia ouvido falar sobre rumores dessa corajosa dupla que vivia na floresta. Siegmund continua sua história, e como o povo Neindinge os perseguiu de forma que ele perdesse contato com seu pai. Nessa hora a orquestra executa o tema da Valhala, uma referência a origem do pai de Siegmund, ainda desconhecida. Agora sozinho, ele deixa a floresta e torna-se um desafortunado.

Após comentário seco de Hunding, Sieglinde pergunta ao hóspede como perdeu suas armas. Ele explica que certo dia encontra uma garota sendo forçada a se casar e discute com os parentes da moça, matando seus irmãos. Entretanto, por vingança suas armas foram quebradas e a moça morta pelo restante dos familiares. Desarmado e ferido, ele então escapou do local, chegando eventualmente à residência de Hunding. Quando Siegmund termina, Hunding revela que é um de seus capturadores (assume-se que é um dos membros da família que quer vingança). Ele garante uma noite de hospedagem ao estranho, mas o desafia para um duelo na manhã seguinte. Hunding então deixa a sala com Sieglinde, ignorando o desconforto de sua esposa. Antes de deixar o recinto, ela indica um ponto específico da árvore em sua sala ao visitante, que não entende o significado.

Ato I - Cena III

Iniciando outra cena, anoitece. Sozinho, Siegmund lamenta sua desgraça, citando a promessa de seu pai de que ele encontraria uma espada quando precisasse (lembrar que suas armas estavam quebradas pela batalha anterior, ele não tinha no momento outras disponíveis para duelar). Ele se sente desprotegido no local, apesar da presença da mulher adorável que acabara de conhecer. Começa então a invocar Volsa pela espada diversas vezes, um nome cujo significado é entendido posteriormente. Com o apagamento da lareira, ele percebe um clarão na árvore antes indicada por Sieglinde, e questiona o que seria aquilo.

Sieglinde retorna, explicando ter drogado a bebida de seu marido com uma erva narcótica para que repousasse profundamente. Ela diz querer lhe mostrar uma arma, e começa revelando que havia sido forçada a casar-se com Hunding após ter sido raptada. Durante a festa de casamento, um velho homem com um dos olhos cobertos apareceu e encravou uma espada no tronco de uma árvore localizada no centro da sala de sua casa, que nem Hunding nem seus comparsas conseguiam retiram. (Posteriormente descobre-se que o velho homem era Wotan, seu pai.) Ela toma conhecimento sobre o tal velho e a que a espada se destina, e expressa seu anseio pelo herói que poderia obter a espada para si e salvá-la de sua condição atual. Após ouvir a história, Siegmund expressa seu amor pela mulher, sendo correspondido por ela, que por sua vez tenta entender de onde já o reconhece. Deduzindo que o forasteiro era seu herói, quando ele cita o nome de seu pai, Volsa, ela declara que ele é Siegmund, e que a espada era destinada especialmente para ele. A porta se abre sozinha, assustando os dois.

Siegmund então facilmente obtém a espada para si, e ela declara que é Sieglinde, sua irmã gêmea. Ele então nomeia a espada Nothung. O ato encerra-se com Siegmund chamado Sieglinde por noiva e irmã, acariciando-a, e os dois partem do local.

Ato II - Cena I

Wotan está nas rochas de uma montanha com Brünnhild, uma de suas filhas valquírias. Ambos animados, ele a instrui a proteger Siegmund de um eminente ataque de Hunding (que após acordar do longo repouso proporcionado pelas drogas, estaria furioso pela ausência de sua esposa). Ela acata o pedido exclamando o brado típico das valquírias, e então percebe que Fricka está chegando rapidamente em um carro movido a carneiros. Fricka é esposa de Wotan e guardiã dos casamentos. A valquíria deixa o local. Ao chegar, claramente transtornada, Fricka exige a punição de Siegmund e Sieglinde por adultério e incesto. Ela sabe que Wotan era pai do casal; apesar de deus, ele também é conhecido como o homem mortal Volsa. Em seu contrato de casamento, Wotan prometeu ajudá-la em todos os momentos, ele deveria cumprir mais esse tratado. Ele protesta, alegando que precisava de um herói livre (não governado por ele, o governante dos deuses) para executar seus planos [Em relação ao problema do anel forjado por Alberich após o roubo do "Ouro do Reno" das ninfas, e que agora estava sob poder do gigante Fafner, como apresentado na primeira parte da tetralogia. Para mais informações, ler a sinopse da Parte 1: O Ouro do Reno, postado em 24 de fevereiro]. Também alega que não vê problema na união dos dois, que foi motivada por amor. Mas Fricka replica, alegando que Siegmund não passa de um fantoche dele e não um herói livre, e censura a relação incestuosa do casal, inaceitável segunda ela, e a desonra da quebra do casamento entre Hunding e Sieglinde. Sem saída, tendo que cumprir seu contrato com a esposa, Wotan promete a ela cumprir sua última exigência: retirar a magia da espada de Siegmund de forma que ele perca o duelo, e que a valquíria não o ajude nessa batalha. Brünnhild chega e Fricka parte, não antes de dizer à moça que seu pai tem algo a dizer.

Ato II - Cena II

Fricka se retira, deixando Brünnhild com um Wotan desamparado, bem diferente de quando haviam se encontrado pela última vez. Após pedido, Wotan a explica seus problemas, primeiramente hesitante ao abrir-se com a filha, o que poderia fazer com que perdesse sua figura autoritária. Ele começa desde seus impulsos que o fizeram mal uso dos tratados que legisla e a participação de Loge, o "O Ouro do Reno" e o anão Alberich, a mensagem transmitida por Erda já prevendo desastre eminente; Brünnhild inclusive é sua filha com Erda. Ela e suas oito irmãs cresceram como as valquírias, damas da guerra que levam as almas dos heróis mortos para formar na Valhala um exército contra Alberich. Era uma tentativa de Wotan de reverter os fatos que estavam se sucedendo desde que ele havia sido amaldiçoado pelo anel. Neste momento, ela o interrompe momentaneamente para dizer-lhe que o exército está em boas condições, mas é avisada por Wotan que o problema ainda não era esse, havia mais a ser explicado. Ele continua, dizendo que o exército seria derrotado se Alberich tivesse posse do Anel, que no momento estava sob posse do gigante Fafner. Usando o elmo mágico Tarnhelm, o gigante havia se transformado em um dragão, circulando pela floresta com o tesouro de Nibelungo. Wotan não poderia obter o Anel de Fafner através da força, pois era governante e a posse do anel estava com o gigante sob contrato, não havia nada a fazer por conta própria. Ele precisava de um herói livre para derrotar Fafner em seu lugar, uma pessoas isenta de sua influência. A valquíria chega a citar Siegmund. Entretanto, como apontado por Fricka, Wotan só consegue criar servos para si, meros fantoches como Siegmund não eram pessoas livres de fato.

Severamente, Wotan ordena Brünnhild a obedecer Fricka e assegurar a morte de Siegmund, filho de Wotan e meio-irmão da valquíria. Ela hesita, questionando as ordens contraditórias de seu pai, mas por fim acata o pedido. Ele sai, deixando-a sozinha para preparar-se para o duelo que viria a seguir.

Ato II - Cena III

Após fugir da residência de Hunding, o casal Siegmund e Sieglinde chega à passagem da montanha, onde Sieglinde desaba exausta e sentindo-se culpada, indigna do amor de Siegmund. Ele a conforta, dizendo que se vingará de Hunding. Ela alega começar a ouvir a perseguição de seu marido, e delira, já antevendo o duelo.

Ato II - Cena IV

Brünnhild chega de uma gruta e se aproxima de Siegmund, contando-o sobre sua morte eminente. Ela diz que sua função é se apresentar àqueles prestes a morrer, levando-os à Valhala. Os dois conversam sobre a vida que Siegmund teria nesse novo lugar, e por fim ele recusa segui-la quando descobre que Sieglinde não poderia o acompanhar. Ela lhe diz que não resta outra alternativa, mas ele replica que não haveria como morrer tendo a espada mágica de seu pai em punho. A valquíria o esclarece que a mesma pessoa que o havia concedido a espada retirara seu poder. Siegmund revolta-se com a traição que ocorrera, clamando preferir ir ao inferno que acompanhar Brünnhild à Valhala.

Transtornado, o guerreiro já ameaça matar sua esposa sendo impedido pela valquíria. Impressionada por sua coragem e comovida pela situação, Brünnhild reconsidera e concorda em proteger Siegmund, desrespeitando as ordens de seu pai. Com seus votos de bênção, ela deixa o local.

Ato II - Cena V

Enquanto Siegmund contempla sua noiva repousando, Hunding chega anunciado por sua trompa, os dois discutem e Hunding ataca seu oponente. Abençoado pela imortal Brünnhild, Siegmund reage e toma vantagem no duelo, mas Wotan aparece e estilhaça Nothung (a espada de Siegmund) com sua lança. Desarmado, Siegmund é morto por Hunding. Brünnhild reune Sieglinde e os pedaços da espada, e foge em seu cavalo. Wotan observa muito triste seu filho morto. Em sua fúria, mata Hunding com somente um gesto, e parte em perseguição a sua filha, que havia desrespeitado sua ordem, deixando a cena ao som de um trovão.

Ato III - Cena I

Em uma passagem musical conhecida como a Cavalgada das Valquírias (conhecida amplamente por sua utilização em outros meios), as valquírias Gerhilde, Ortlinde, Helmwige, Schwertleite, Waltraute, Siegrune, Grimgerde e Rossweisse se reúnem em uma montanha, cada uma com seu cavalo e levando um herói morto. Elas se espantam quando Brünnhild chega trazendo consigo uma mulher viva. Ela pede ajuda a suas irmãs, explicando a perseguição de Wotan, mas elas não ousam desafiar seu pai. Insiste, pedindo um cavalo, mas elas estão irredutíveis. Brünnhild então decide esperar Wotan enquanto Sieglinde foge. Antes de se retirar, Brünnhild revela que Sieglinde está grávida de Siegmund, e chamada o garoto ainda não nascido Siegfried. Sieglinde agradece e parte para a floresta. Ouve-se a voz enfurecida de Wotan, e as valquírias rodeiam Brünnhild a fim de protegê-la de seu pai.

Ato III - Cena II

Wotan chega enfurecido, exigindo que as outras valquírias entreguem Brünnhild. Apesar delas tentarem acalmá-lo, ele se enfurece ainda mais com a atitude fraternal "mortal" das moças, indignas de sua condição de valquírias. Por fim, Brünnhild se apresenta, e Wotan a julga: ela tem seu status de valquíria retirado, tornando-se uma mortal (um grande castigo a uma valquíria), e entrará em sono mágico na montanha até que um homem a salve, tornando-se seu esposo. As outras valquírias rogam piedade, mas após Wotan exigir que elas se retirem ameaçando estender a punição às outras elas fogem do local.

Ato III - Cena III

Brünnhild suplica piedade a Wotan, ela que era sua filha favorita. Ela explica a coragem de Siegmund e sua decisão de protegê-lo, conhecendo os reais desejos de Wotan e não os impostos por Fricka. Entretanto, Wotan mantém a decisão. Já conformada com o fato de tornar-se uma mortal, ela ainda não aceita estar a mercê de um homem qualquer, sem valor. Chega a citar Siegfried. Wotan reafirma a decisão, enfatizando que qualquer um que a acordar do sono profundo a terá como esposa. Ela insiste, pedindo que somente um bravo herói digno consiga acordá-la do sono. Apesar de resistência inicial, seu pai acaba acatando o pedido emocionado com a situação, definindo que o perímetro da montanha esteja coberto por fogo mágico, de forma que somente os bravos heróis dignos do amor da ex-valquíria a consigam encontrar. Através do leitmotiv, ambos percebem que esta pessoa será o ainda não nascido Siegfried. Para realizar o pedido, Wotan deita Brünnhild em uma rocha e a beija, iniciando o sono mágico. Ele invoca Loge para iniciar o círculo de fogo que a protegerá, sendo prontamente atendido. Ele então parte, citando "(...) quem teme a ponta de minha lança não passará pelo fogo"; isto é, somente pessoas livres poderão passar pelo fogo, quem não for regido pelo governante dos deuses [A lança de Wotan é o símbolo do seu poder como legislador dos deuses.].

Papéis

Entre os personagens mortais, o papel de Siegmund é interpretado por um tenor, o de Sieglinde por uma soprano e o de Hunding por um baixo. Entre os deuses, Wotan é baixo-barítono e sua esposa Fricka mezzo-soprano. Entre as valquírias, filhas de Wotan, Brünnhild, Gerhilde, Ortlinde e Helmwige são sopranos, Schwertleite é contralto, Waltraute, Siegrune, Grimgerde e Rossweisse são mezzo-sopranos.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/
http://seraqueosanjostemsexo.blogspot.com/ (imagem)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Raul Pompéia (O Ateneu)

Trecho da Obra "O Ateneu", de 1988.
Biografia do autor postada em 11 de abril de 2008.

I
"Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta."

Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regímen do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita, dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam.

Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo - a paisagem é a mesma de cada lado, beirando a estrada da vida.

Eu tinha onze anos.
[...]
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação.

Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios.

O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o Império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à sustância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. E engordavam as letras, à força, daquele pão. Um benemérito. Não admira que em dias de gala, íntima ou nacional, festas do colégio ou recepções da coroa, o largo peito do grande educador desaparecesse sob constelações de pedraria, opulentando a nobreza de todos os honoríficos berloques.

Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar o pulso ao homem. Não só as condecorações gritavam-lhe do peito como uma couraça de grilos: Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um anúncio. Os gestos, calmos, soberanos, eram de um rei - o autocrata excelso dos silabários; a pausa hierática do andar deixava sentir o esforço, a cada passo, que ele fazia para levar adiante, de empurrão, o progresso do ensino público; o olhar fulgurante, sob a crispação áspera dos supercílios de monstro japonês, penetrando de luz as almas circunstantes - era a educação da inteligência; o queixo, severamente escanhoado, de orelha a orelha, lembrava a lisura das consciências limpas - era a educação moral. A própria estatura, na imobilidade do gesto, na mudez do vulto, a simples estatura dizia dele: aqui está um grande homem... não vêem os côvados de Golias?! Retorça-se sobre tudo isto um par de bigodes, volutas maciças de fios alvos, torneadas a capricho, cobrindo os lábios, fecho de prata sobre o silêncio de ouro, que tão belamente impunha como o retraimento fecundo do seu espírito, - teremos esboçado, moralmente, materialmente, o perfil do ilustre diretor. Em suma, um personagem que, ao primeiro exame, produzia-nos a impressão de um enfermo, desta enfermidade atroz e estranha: a obsessão da própria estátua.

Como tardasse a estátua, Aristarco interinamente satisfazia-se com a afluência dos estudantes ricos para o seu instituto. De fato, os educandos do Ateneu significavam a fina flor da mocidade brasileira.

A irradiação da reclame alongava de tal modo os tentáculos através do país, que não havia família de dinheiro, enriquecida pela setentrional borracha ou pela charqueada do sul, que não reputasse um compromisso de honra com a posteridade doméstica mandar dentre seus jovens, um, dois, três representantes abeberar-se à fonte espiritual do Ateneu.

Fiados nesta seleção apuradora, que é comum o erro sensato de julgar melhores famílias as mais ricas, sucedia que muitos, indiferentes mesmo e sorrindo do estardalhaço da fama, lá mandavam os filhos. Assim entrei eu.

A primeira vez que vi o estabelecimento, foi por uma festa de encerramento de trabalhos.

Transformara-se em anfiteatro uma das grandes salas da frente do edifício, exatamente a que servia de capela; paredes estucadas de suntuosos relevos, e o teto aprofundado em largo medalhão, de magistral pintura, onde uma aberta de céu azul despenhava aos cachos deliciosos anjinhos, ostentando atrevimentos róseos de carne, agitando os minúsculos pés e as mãozinhas, desatando fitas de gaze no ar. Desarmado o oratório, construíram-se bancadas circulares, que encobriam o luxo das paredes. Os alunos ocupavam a arquibancada. Como a maior concorrência preferia sempre a exibição dos exercícios ginásticos, solenizada dias depois do encerramento das aulas, a acomodação deixada aos circunstantes era pouco espaçosa; e o público, pais e correspondentes em geral, porém mais numeroso do que se esperava, tinha que transbordar da sala da festa para a imediata. Desta antessala, trepado a uma cadeira, eu espiava. Meu pai ministrava-me informações. Diante da arquibancada, ostentava-se uma mesa de grosso pano verde e borlas de ouro. Lá estava o diretor, o ministro do Império, a comissão dos prêmios. Eu via e ouvia. Houve uma alocução comovente de Aristarco, houve discursos de alunos e mestres; houve cantos, poesias declamadas em diversas línguas. O espetáculo comunicava-me certo prazer respeitoso. O diretor, ao lado do ministro, de acanhado físico, fazia-o incivilmente desaparecer na brutalidade de um contraste escandaloso. Em grande tenue dos dias graves, sentava-se elevado no seu orgulho como em um trono. A bela farda negra dos alunos, de botões dourados, infundia-me a consideração tímida de um militarismo brilhante, aparelhado para as campanhas da ciência e do bem. A letra dos cantos, em coro dos falsetes indisciplinados da puberdade, os discursos, visados pelo diretor, pançudos de sisudez, na boca irreverente da primeira idade, como um Cendrillon mal feito da burguesia conservadora, recitados em monotonia de realejo e gestos rodantes de manivela, ou exagerados, de voz cava e caretas de tragédia fora de tempo, eu recebia tudo convictamente, como o texto da bíblia do dever; e as banalidades profundamente lançadas como as sábias máximas do ensino redentor. Parecia-me estar vendo a legião dos amigos do estudo, mestres à frente, na investida heróica do obscurantismo, agarrando pelos cabelos, derribando, calcando aos pés a Ignorância e o Vício, misérrimos trambolhos, consternados e esperneantes.

Um discurso principalmente impressionou-me. À direita da comissão dos prêmios, ficava a tribuna dos oradores. Galgou-a firme, tesinho, o Venâncio, professor do colégio, a quarenta mil réis por matéria, mas importante, sabendo falar grosso o timbre de independência, mestiço de bronze, pequenino e tenaz, que havia de varar carreira mais tarde. O discurso foi o confronto chapa dos torneios medievais com o moderno certâmen das armas da inteligência, depois, uma preleção pedagógica, tacheada de flores de retórica a martelo; e a apologia da vida de colégio, seguindo-se a exaltação do Mestre em geral e a exaltação, em particular, de Aristarco e do Ateneu. "O mestre, perorou Venâncio, é o prolongamento do amor paterno, é o complemento da ternura das mães, o guia zeloso dos primeiros passos, na senda escabrosa que vai às conquistas do saber e da moralidade. Experimentado no labutar quotidiano da sagrada profissão, o seu auxílio ampara-nos como a Providência na terra; escolta-nos assíduo como um anjo de guarda; a sua lição prudente esclarece-nos a jornada inteira do futuro. Devemos ao pai a existência do corpo; o mestre cria-nos o espírito (sorite de sensação), e o espírito é a força que impele, o impulso que triunfa, o triunfo que nobilita, o enobrecimento que glorifica, e a glória é o ideal da vida, o louro do guerreiro, o carvalho do artista, a palma do crente! A família é o amor no lar, o estado é a segurança civil; o mestre, com o amor forte que ensina e corrige, prepara-nos para a segurança íntima inapreciável da vontade. Acima de Aristarco - Deus! Deus tão-somente; abaixo de Deus - Aristarco."

Um último gesto espaçoso, como um jamegão no vácuo, arrematou o rapto de eloqüência.
[...]

À noite houve baile nos três salões inferiores do lance principal do edifício e iluminação no jardim.

Na ocasião em que me ia embora, estavam acendendo luzes variadas de bengala diante da casa. O Ateneu, quarenta janelas, resplendentes do gás interior, dava-se ares de encantamento com a iluminação de fora. Erigia-se na escurodão da noite, como imensa muralha de coral flamante, como um cenário animado de safira com horripilantes errantes de sombra, como um castelo fantasma batido de luar verde emprestado à selva intensa dos romances cavalheirescos, desapertando um momento da legenda morta para uma entrevista de espectros e recordações. Um jato de luz elétrica, derivado de foco invisível, feria a inscrição dourada em arco sobre as janelas centrais no alto do prédio. A uma delas, à sacada, Aristarco mostrava-se. Na expressão olímpica do semblante transpirava a beatitude de um gozo superior. Gozava a sensação prévia, no banho luminoso da imortalidade a que se julgava consagrado. Devia ser assim: - luz benigna e fria, sobre bustos eternos, o ambiente glorioso do Pantheon. A contemplação da posteridade em baixo.

Aristarco tinha momentos destes, sinceros. O anúncio confundia-se com ele, suprimia-o, substituía-o, e ele gozava como um cartaz que experimentasse o entusiasmo de ser vermelho. Naquele momento, não era simplesmente alma do seu instituto, era a própria feição palpável, a síntese grosseira do título, o rosto, a testada, o prestígio material do seu colégio, idêntico com as letras que luziam em auréola sobre a cabeça. As letras, de ouro, ele, imortal: única diferença.

Guardei, na imaginação infantil, a gravura desta apoteose com o atordoamento ofuscado, mais ou menos de um sujeito partindo à meia-noite de qualquer teatro, onde, em mágica beata, Deus Padre pessoalmente se houvesse prestado a concorrer para a grandeza do último quadro. Conheci-o solene na primeira festa, jovial na segunda, conheci-o mais tarde em mil situações, de mil modos; mas o retrato que me ficou para sempre do meu grande diretor, foi aquele - o belo bigode branco, o queixo barbeado, o olhar perdido nas trevas, fotografia estática, na ventura de um raio elétrico.
[...]

Fonte
http://www.academia.org.br

Nilto Maciel (Panorama do Conto Cearense - Parte III)

CONTISTAS DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Braga Montenegro afirma que “o conto cearense só adquiriu substância e qualidade artísticas após ou simultaneamente à guerra, com novos nomes e novas intenções estéticas”.

No início do século XX apenas dois nomes merecem destaque: Gustavo Barroso e Herman Lima. No entanto, Assis Brasil, no Dicionário Prático, não menciona os nomes deles, embora não tenha esquecido outros nomes importantes da literatura cearense: Aluízio Medeiros, Antônio Girão Barroso, Araripe Júnior, Artur Eduardo Benevides, Braga Montenegro, Caio Porfírio Carneiro, Domingos Olímpio, Eduardo Campos, Francisco Carvalho, Franklin Távora, Holdemar Menezes, Jáder de Carvalho, João Clímaco Bezerra, José Albano, José Alcides Pinto, José de Alencar, Juarez Barroso, Manuel de Oliveira Paiva, Moacir C. Lopes e Rachel de Queiroz. Deixou também de fora nomes singulares, como os de alguns naturalistas.

Gustavo (Dodt) Barroso nasceu em Fortaleza, no dia 29 de dezembro de 1888. Filho de Antônio Filino Barroso e Ana Dodt Barroso. Fez o curso preparatório no Liceu Cearense e o de ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Ceará e na do Rio de Janeiro. Versou os mais variados assuntos e temas – História, Biografia, Arqueologia, Museologia, Economia e Finanças, Folclore, Lexicografia, Literatura histórica, didática e infantil, Política, Memórias, Viagens, Teatro. De sua vasta obra, destacam-se os contos e novelas de Praias e Várzeas, Casa de Maribondos, Mula Sem Cabeça, Alma Sertaneja, Mapirunga, A Ronda dos Séculos, Pergaminhos, Livro dos Milagres, O Bracelete de Safiras, Mulheres de Paris e Cinza do Tempo, e os romances Tição do Inferno, O Santo do Brejo, Mississipe e A Senhora de Pangim. Foi membro da Academia Brasileira de Letras e diretor do Museu Histórico Nacional. Realizou inúmeras traduções. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de dezembro de 1959.

Braga Montenegro vê nele o ponto culminante da prosa de ficção curta no Ceará nos primeiros anos do século XX. Sânzio informa que “se trata de um dos maiores vultos do conto realista e regionalista do Ceará”. E acrescenta à lista de suas coleções de histórias O Livro dos Enforcados (1939), sobre o qual diz o seguinte: “tão esquecido de quantos enumeram os contos de Gustavo Barroso, e que, não obstante seja baseado em acontecimentos históricos, retirados da crônica criminal do Ceará, reúne algumas narrativas do mais autêntico sabor ficcional”. Numa análise de várias páginas do ensaio citado linhas atrás, assegura o crítico: “Não é difícil perceber a segurança com que Gustavo Barroso trabalha o conto, não o alongando excessivamente, e demorando-se em descrições apenas o estritamente necessário à pintura do ambiente e à preparação do clímax da fabulação”.

Em A Literatura no Brasil, volume 6, pág. 53, Herman Lima enfatiza: “Gustavo Barroso é o grande nome do conto cearense, isolado no panorama das letras de sua província literária, até o recente advento de Eduardo Campos e Moreira Campos, duas vocações integrais de contistas modernos. Durante muitos anos, nossa mais bela produção de gênero (sic) estava realmente enfeixada nos livros de Gustavo Barroso, Praias e Várzeas (1915), Mula-sem-cabeça (1922), Alma Sertaneja (1924), de ásperos cenários sertanejos e praianos, dum encanto imperecível, como é o caso de ‘Velas brancas’, ‘Pescadores’, ‘Luíza do seleiro’ e Mapirunga (1924), ao lado de outras coletâneas de âmbito universal, como O Bracelete de Safiras (s/d), Ronda dos Séculos (1920), Pergaminhos (1922), Livro dos Milagres (1924), Cinza do Tempo (s/d) e Mulheres de Paris (1933)”.

Dolor Barreira, ao se referir a Praias e Várzeas, anotou: “Todos os contos, que li duma assentada, tal a leveza das suas páginas, são escritos em forma correta e elegante, fora dos exageros da gramática, mas obediente sempre aos cânones da boa linguagem”.

Otacílio Colares, no ensaio “Gustavo Barroso e o Regionalismo”, introdução à edição de 1979, da Livraria José Olympio Editora, de Praias e Várzeas e Alma Sertaneja, num só volume, reabre a questão: estes escritos são contos ou apenas estórias populares adaptadas? “Num como noutro destes livros daquela prosa que diríamos ser ainda alencarina, pela musicalidade, mas, já em parte, pessoal, pelo cunho de realismo regional, quase – diríamos – tendente ao documental, num como noutro, o leitor preocupado com definições rígidas esbarra com o dilema: são contos o que está em ambos os volumes reunidos, ou apenas o são no que a palavra conto significa invenção e a palavra raconto é entendida como repetição (podendo ser modificada) de velhas narrativas.”

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Herman (de Castro) Lima, nascido em Fortaleza no dia 11 de maio de 1897 e falecido em 1981, era filho de Antônio da Silva Lima e de Julieta Demarteau de Castro Lima. Formou-se em Medicina após estrear em livro com Tigipió (1924). Seguiu-se A Mãe-da-Água (1928).

Depois de Gustavo Barroso, o nome mais importante da história curta cearense no início do século XX é o de Herman Lima, que se teria iniciado na elaboração desse tipo de prosa “por influência” da ficção do primeiro, na opinião de Sânzio de Azevedo, que o chama de “mestre incontestável, na teoria e na prática, autor que seria de contos e livros sobre a técnica do conto”. Noticia Sânzio que a partir da terceira edição (1932) o primeiro livro sofreu alterações: teve incluídos o inédito “O Arrieiro” e três peças do segundo livro (“Os Caboclos”, “As Mulheres” e “A Mãe-dágua”). Na mesma nota, no final do livro, Herman Lima esclarece que não pretende “reeditar esse último, por ser um livro sem homogeneidade, composto de contos e crônicas”. O contista publicou também o romance Garimpos e obras de pesquisa, Rui e a Caricatura e História da Caricatura no Brasil, tido como sua principal obra e com a qual se tornou o maior conhecedor do assunto no país. Tornou-se, ainda, um dos grandes teóricos da história curta e escreveu Variações Sobre o Conto, com que mereceu os melhores elogios.

No mesmo ano de sua publicação, Tigipió recebeu prêmio da Academia Brasileira de Letras, apesar de impresso na Bahia e às expensas do autor. Quase todos os críticos brasileiros de então teceram grandes loas a Tigipió. Humberto de Campos escreveu: “O Sr. Herman Lima não é, entretanto, apenas um admirável fixador das coisas do sertão de que é filho. As suas qualidades de marinhista são, igualmente, consideráveis”. Carlos Drummond de Andrade também se rendeu aos encantos dos livros de Herman: “Há em Tigipió, como em Garimpos, uma identificação com a terra, uma visão amorosa e fiel de paisagens e seres, um sentido dramático das situações que tornam admiráveis muitos de seus contos e cenas do romance”. A composição de Herman estudada por F. S. Nascimento, em livro citado linhas atrás, intitula-se “O Arrieiro” e, curiosamente, teve como primeiro título “O Camarada”, traduzido para o francês como “Le Muletier”, em 1935. Na lição de Nascimento, “aliando o senso de observação ao jogo impressionista das cores tropicais, Herman Lima se firmaria como um extraordinário paisagista, retratando com absoluta fidelidade as praias e os sertões do Ceará.”

Sânzio ensina: “narrativas como ‘Tigipió’, ‘Alma Bárbara’, ‘Os Sertanejos’, ‘O Arrieiro’, ‘Ventura Alheia’ e outros garantem a Herman Lima lugar do maior destaque no panorama do conto cearense, ele que na verdade já figura no panorama do conto brasileiro”. Em “Relendo Herman Lima”, de Dez Ensaios, o citado estudioso assegura: “Alguns contos de Tigipió são páginas soberbas, dignas de qualquer antologia do gênero: seja no clima fantástico de ‘’Sereias”, no anedótico de “As Guabirabas”, ou no trágico de “Alma Bárbara”; em todas as narrativas sentimos o pulso do verdadeiro ficcionista”.

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Ao analisar os anos de 1909 e 1910, Dolor Barreira assim se manifesta: “O conto, de sua parte, adormecera desde os buliçosos e entusiásticos tempos da Padaria Espiritual e do Centro Literário, com José Carvalho, Eduardo Sabóia, Artur Teófilo, Viana de Carvalho, Soares Bulcão, Aníbal Teófilo, Pedro Moniz, Frota Pessoa, Marcolino Fagundes, Joaquim Fabrício e outros”.

Sânzio lembra, ainda, os nomes de Francisco Matos, José Luís de Castro, Domingos Bonifácio e Melo Sidney. Seus nomes não foram mencionados nas obras do historiador Raimundo Girão que serviram de fonte para a elaboração de algumas biografias neste estudo. Ao último se refere Dolor, na página 396 de sua História: “Ainda em 1909 dá-nos a conhecer Melo Sidney O meu irmão Mário (conto)”. E também ao penúltimo, assim: “Mas não só no verso se sobressaiu Domingos Bonifácio. Sobressaiu-se também na história curta, “que foi de preferência o campo que explorou com raro brilho e delicadeza, deixando alguns de incontestável valor artístico”. Escreveu, com efeito, vários contos de Natal, alguns dos quais foram publicados, figurando entre eles: – “O Raca de Kalmaka” – e – “Natal feliz” –. Pouco antes de sua morte, ideou e reduziu a escrito um conto a que deu o título de – No pavilhão dos Lázaros. Alguém que o leu afirma que o colorido forte da expressão, a precisão da narrativa dos fatos, as cenas bem delineadas e urdidas, o enredo emocionante e comovente, dão a impressão de se estar lendo um desses contos fantásticos de Hoffmann ou Edgar Poe, e acrescenta que sem favor esse conto ficará na história das nossas letras como uma das mais expressivas e vigorosas páginas em que a dor humana tenha sido, nos seus aspectos mais horrorosos, um motivo de arte. Destaca-se, entretanto, entre todos os seus contos – “A Boneca Bojuda” –, trabalho de fino lavor, em que se conjugam, inegavelmente, imaginação, estilo e sentimento. Só esse trabalho – diz-se – se outros não tivera escrito, lhe asseguraria lugar de relevo nas letras cearenses, entre os prosadores de renome”.

Outros nomes lembrados por Dolor Barreira são os de Pontes Vieira, Atahualpa Barbosa Lima e Ocelo Sobreira. Em 1912, na revista O Árcade, órgão da sociedade literária Arcádia dos Quinze, fundada em 1910, o primeiro publicou “O filho das selvas” e “Coração de filho”; o segundo, “A sad narration” e “O cochilo”; e o terceiro, “Coriscos” e “Felicidade conjugal”. Ainda em 1912 aparecem peças ficcionais de outros escritores na revista Fênix, como de Genuíno de Castro, Gustavo Frota Braga, Gil Amora, Daniel Lopes, Pancrácio Júnior, Estevam Mosca, Clovis Monteiro e Edigar de Alencar. Na exposição de Barreira, “a nota joco-espirituosa preponderava sempre na prosa de Genuíno de Castro”. Em 1916 se editou Mel e Pimenta, de Ernesto Paula Sena.

Antônio Furtado (Quixeramobim, 1893) editou, no Rio de Janeiro, em 1931, o volume Idéia Fixa. Sânzio lhe dá destaque “pela sua qualidade literária”. Composto de cinco histórias, o livro tem “visível influência de Eça de Queiroz”, segundo Barreira. Teve incluído na revista Fênix, em 1912, o conto ou fantasia “Tuberculosa”.

Na revista Panóplia, surgida em 1913, também se publicaram obras de ficção menor, como “O ébrio”, de Alf. Castro; “Fé de Tachi”, de Bezerra Filho; “Os pobres”, de Antônio Furtado; “O tropeiro da serra”, de João da Maia; e “O milagre de Santa Briolanja”, de Gustavo Barroso. Na apreciação de Dolor, “Neste conto, Alf. Castro patenteia-nos apreciáveis qualidades de conteur: – talento descritivo, que faz com que as coisas e aspectos que ele descreve se movimentem e como que vivam aos nossos olhos; senso de realidade, servido pelo qual consegue apanhar as circunstâncias ambientes, nos seus mínimos pormenores, com clareza e precisão”. Em relação ao conto de Bezerra Filho vislumbrou o historiador “o poder de objetividade de seu autor, a que um estilo forte e florido presta inestimável ajuda”.

Carlyle Martins (Fortaleza, 1899-1986), poeta e crítico literário, com vasta obra publicada, reuniu, já em 1960, no livro Alma Rude seus contos regionais.

Cruz Filho (Canindé, 1894-1974), poeta dos maiores, teria deixado inéditos dois volumes de narrativas. Suas Histórias de Trancoso se publicaram em 1971. Na opinião de Raimundo Girão, um “exímio contista”.

Santino Gomes de Matos (1908-1975), autor de Flagrantes ao Sol do Norte (1929).

Sabóia Ribeiro (Jaguaribe, 1898), contista, romancista, poeta e ensaísta, imprimiu em 1933 o livro Rincões dos Frutos de Ouro, premiado pela Academia Brasileira de Letras, e Contos do Cacau, em 1966, além de romances, ensaios e conjuntos de poemas. “Um escritor seguro de sua técnica, com perfeito domínio da palavra e da frase”, na opinião de Braga Montenegro.

José Potyguara ou Potiguara (Sobral, 1903), romancista, cronista e contista, autor de Sapupema (contos amazônicos), de 1943, e dois romances.

Martins Capistrano (Canindé, 1905) apresentou aos leitores alguns livros, um deles Turbilhão, de contos.

R. Magalhães Júnior (Ubajara, 1907-1981), mudou-se, ainda jovem, para o Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo. Poeta, biógrafo, contista, é autor de Impróprio para Menores (1934) e Fuga e Outros Contos (1936), ambos de narrativas curtas.

Maria Stela Barros Nascimento (Mulungu, 1923) teve “Celine” premiado em primeiro lugar em concurso promovido pelo jornal O Povo. Editou o romance Mulungu (1973).

Carlos de Vasconcelos (Carlos Carneiro Leão de Vasconcelos) está biografado no Dicionário da Literatura Cearense, de Raimundo Girão, e estudado por Otacílio Colares em Lembrados e Esquecidos – III, no longo estudo “Carlos de Vasconcelos, ficcionista do exótico e criador de palavras”. Nasceu em Granja (11.10.1881) e faleceu no Rio de Janeiro (31.1.1923). A Rua Carlos Vasconcelos, em Fortaleza, é uma homenagem ao escritor. Estreou em 1912, com Cartas da América, publicou romances e um livro de histórias, Torturas do Desejo (episódios trágicos), em 1922, pela Livraria Castilho, do Rio de Janeiro, com 309 páginas. Segundo Otacílio, “escritor bizarro, estranho, para uns, preciosístico, para outros; na verdade, atrevido na inventiva como no uso da língua portuguesa, em que todos os malabarismos sintáticos se permitiam, bem assim o recuo ao passado, pelo uso do quase já arcaico, quando não a contorção de uma palavra em outra”. Viriato Correia, ao se referir ao livro de contos e a Os Deserdados, que é de 1921, afirma: “São páginas formidáveis, escritas num estilo às vezes arrevesado, mas páginas que se não esquecem, agitadas por uma imaginação inundante e potente” (transcrito do ensaio de Otacílio Colares).

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Destaque especial deve ser dado a Rachel de Queiroz, nome nacional desde o livro de estréia, o romance O Quinze (1930). Não participou do Clã, embora seja contemporânea da maioria dos membros daquele grupo. Como consta de todos os dicionários, enciclopédias e estudos de Literatura Brasileira, Rachel de Queiroz (às vezes grafado Raquel de Queirós) é principalmente romancista, cronista e teatróloga.

Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza, no dia 17 de novembro de 1910, filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descendendo, pelo lado materno, da estirpe dos Alencar (sua bisavó materna, "dona Miliquinha", era prima de José de Alencar). Em 1917 mudou-se para o Rio de Janeiro e a seguir para Belém do Pará, retornando à capital cearense em 1919. Ainda jovem se iniciou no jornalismo. E logo se tornou nome nacional, ao publicar o romance O Quinze, em 1930, que lhe deu o prêmio da Fundação Graça Aranha. De volta à antiga capital da República, passou a atuar na grande imprensa, como na revista O Cruzeiro e no jornal Última Hora. Sua peça Lampião, de 1953, ganhou o prêmio Saci. Em 1957 recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra. Além de peças, romances, crônicas, literatura infantil, Rachel escreveu contos. Em 1977 ingressou na Academia Brasileira de Letras, tornando-se a primeira mulher da agremiação. Obras: Romances: O Quinze (1930); João Miguel (1932); Caminho de pedras (1937); As três Marias (1939); Dôra, Doralina (1975); O galo de ouro (1985) - folhetim na revista O Cruzeiro (1950); Memorial de Maria Moura (1992). Literatura Infanto-Juvenil: O menino mágico (1969); Cafute & Pena-de-Prata (1986); Andira (1992). Teatro: Lampião (1953); A beata Maria do Egito (1958); O padrezinho santo (inédita); A sereia voadora (inédita). Crônica: A donzela e a moura torta (1948); 100 Crônicas escolhidas (1958); O brasileiro perplexo (1964); O caçador de tatu (1967); As menininhas e outras crônicas (1976); O jogador de sinuca e mais historinhas (1980); Mapinguari (1964); As terras ásperas (1993); O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas); A longa vida que já vivemos; Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas; Cenas brasileiras. Traduções para o alemão, o francês, o inglês, o japonês. Diversos prêmios, condecorações e títulos. Morreu no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 2003.

Quando publicou, em 1965, o famoso ensaio “Evolução e Natureza do Conto Cearense”, Braga Montenegro fez a seguinte observação: “‘Monólogo’, ‘Romance’, ‘Luisinha, a Manicura’ e mais um punhado de contos a ser retirado em meio a uma avalanche de crônicas, notadamente em O Brasileiro Perplexo (1963), constituem a limitada bagagem de Rachel de Queiroz. Entretanto, a escassez não insinua a inaptidão. Rachel de Queiroz, se quisesse, seria contista na mesma altura por que é romancista, e até não há exagero em afirmar-se que poucas de suas páginas superam a humanidade, a contagiante ternura, a discreta beleza de ‘Monólogo’”.

Nas abas (“O Percurso Cúmplice de Viver”) de A Casa do Morro Branco, José Nêumanne aduz: “A contista Rachel de Queiroz é contundente como o quê, sutil e cortante qual gume de faca de picar fumo nas feiras livres do interior do Ceará. Ela descreve a vida sem disfarce, sem dourar a pílula, com a impressionante frieza de um assassino profissional. Seus personagens são doces e perversos, agem com a cabeça ou com os bofes, chutam lata e atanazam sempre, não deixando o próximo em paz nem quando desencarnam, pois voltam sempre à vida, depois de mortos, só para azucrinar os acomodados. A prosa curta da romancista é escorreita e crua, sem subterfúgios nem tergiversações: adjetivos são dispensados sem cerimônia, prevalecendo a força dos substantivos comuns, enfileirados com argúcia e sensibilidade”.

Em outro parágrafo, Nêumanne esclarece: “A narradora nunca se precipita, mas também não se atrasa à expectativa do leitor. Escritura e leitura andam lado a lado, como se passeassem de mãos dadas domingo no parque. Em cada frase que lhe surge, o leitor parece tropeçar no olho gaiato da Autora, que se diverte, saltitante à sua frente, conduzindo-o por um labirinto que vai se iluminando à medida que ambos descortinam cada passagem do texto”.

continua...

Fonte:
http://www.cronopios.com.br/

Ângela Bretas

Ângela Bretas é natural de Santa Catarina. Sempre gostou de escrever prosa e versos. Mudou-se para os EUA em 1985 e cursou língua inglesa no Lynn Community College, em Massachussetts. Tem três livros publicados e dois no prelo, e atua como free-lance para diversos jornais no Brasil e nos Estados Unidos, trabalhando como colunista e jornalista. Reside em Boca Raton - Florida/USA.

No momento ultima a produção do livro “BRAVA GENTE BRASILEIRA EM TERRAS ESTRANGEIRAS”, uma coletânea de poesias e crônicas de 29 brasileiros residentes nos mais diversos lugares desta Terra. O livro deverá ser lançado na Feira Internacional do Livro de Miami - "Miami International Book Fair" -, em agosto de 2004, e na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em 2006.

Livros e trabalhos publicados:

- “Éramos quatro”, 1983
- “Sonho americano”, 1997
- “Conversando com as estrelas”, 2002
- American Antology of Poetry. 1999
- Antologia de Poesias, Contos e Crônicas
17ª Bienal Internacional de São Paulo, 2002
- Antologia diVersos – Grupo Pax Poesis Encantada, 2002
- Antologia Poetrix – Movimento Internacional Poetrix, 2002
- Talento Feminino em Prosa e Verso
Rede Brasileira de Escritoras, 2002
- Antologia Tempo Limitado – Scortecci Editora, 2002

E- books:
- Poetrix
- Ecos Inspiracionais
– Prosas Poéticas
- 1º Concurso Verso e Prosa da Florida – coordenadora

Alguns prêmios, troféus e participações:

- Recebeu o prêmio Troféu Brasil 2001 na categoria jornalismo, evento realizado em Miami anualmente homenageando brasileiros que lutam para manter a cultura brasileira em terras norte-americanas.

- Foi indicada, através do voto popular, pelo terceiro ano consecutivo ao Brazilian Press Awards de Miami 2001.

- Finalista do prêmio ''Eccho of Literature'' com base em Londres – Inglaterra, pela editora Rickmarck Publishing.

- Homenageada com o Troféu Imigrante 2002 – Miami – categoria jornalismo.
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Fonte:

Ângela Bretas (Mulher Abstrata)

Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

3a. Seleção Pública de Projetos Culturais


São Paulo, 23 de abril de 2008 - O Instituto Votorantim abre as inscrições para a 3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural Votorantim, que selecionará projetos que objetivem a fruição, experimentação e vivência de conteúdos culturais pelo público, principalmente pelos jovens entre 15 e 24 anos. A empresa investirá neste edital R$ 4 milhões em iniciativas de todas as áreas culturais.

Lançado em 2006, o Programa apóia, hoje, cerca de 50 projetos culturais, com atuação nos centros urbanos e rurais de todo o País, beneficiando mais de 200 municípios. “Procuramos direcionar recursos para o apoio a iniciativas que proporcionem, principalmente à população jovem, oportunidades de contato qualificado com atividades culturais. Seja por meio do acesso a produções artísticas ou pela abertura de portas para o exercício prático nesse universo, a intenção é promover a ampliação do contato com a arte. Por isso, apoiamos projetos de educação para as artes, apresentações em praças públicas, circuitos itinerantes, formação cultural, entre outras iniciativas”, explica Lárcio Benedetti, gerente de desenvolvimento sociocultural do Instituto Votorantim.

À frente do espetáculo de dança popular Passo, o artista Antonio Nóbrega afirma que o Instituto Votorantim tem maior sensibilidade em sua atuação com os editais. O Instituto dá suporte aos proponentes, prorroga inscrições e possui uma dinâmica que faz com que os parceiros potencializem seus projetos. “O Brincante tem 15 anos no campo socioartístico cultural e só realizamos projetos com esse porte com o apoio do Instituto Votorantim. Estávamos orfãos de apoios ousados para viabilizar projetos que, sem essa parceria institucional, não saem do papel”, explica.

Para incentivar a elaboração de projetos direcionados à democratização do acesso à cultura, em 2007 o Instituto Votorantim desenvolveu o Manual de Apoio à Elaboração de Projetos de Democratização Cultural. A publicação está disponível no site www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural .

Programa de Democratização Cultural

Em 2008, a 3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural selecionará projetos cuja soma totalize R$ 4 milhões. O limite do investimento será de R$ 600 mil por projeto. As iniciativas devem se destacar pelo alto impacto cultural e, também, pelo benefício ao público jovem.

Podem participar da seleção artistas, grupos, produtores e instituições de todas as regiões do País, que realizem ações culturais para estimular o interesse e ampliar o acesso dos jovens às manifestações artísticas. Os conteúdos devem ser atrativos e apresentados em locais de fácil acesso, de forma gratuita ou a baixo custo. Todas as áreas culturais podem ser contempladas - artes visuais, artes cênicas, música, cinema e vídeo, literatura, e patrimônio.

Inscrição e seleção de projetos

A inscrição de projetos deve ser feita pelo site www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural. O processo é gratuito e aberto a pessoas físicas e jurídicas entre os dias 24 de abril e 08 de agosto deste ano. Serão qualificados para a etapa de seleção somente projetos que possuam, antes do término do período de inscrição, número de registro no PRONAC, pelas Leis Rouanet ou do Audiovisual.

Os projetos recebidos serão avaliados por uma comissão técnica independente, formada por especialistas da área cultural, que avaliará a adequação do projeto ao foco da democratização cultural, de acordo com os cerca de 20 critérios apresentados aos proponentes no regulamento da seleção. A decisão final fica a cargo do Comitê e do Conselho do Instituto Votorantim, que examinarão os projetos pré-selecionados pelos especialistas. Os projetos poderão ter qualquer duração, desde que as fases patrocinadas sejam realizadas entre janeiro e dezembro de 2009.

Os projetos apoiados pelo Instituto em 2008 foram escolhidos na 2ª seleção pública, realizada em 2007. Foram contemplados 12 projetos de todas as regiões do País – além da renovação de outros já existentes – com foco na democratização cultural.

Serviço
3ª seleção pública do Programa de Democratização Cultural Votorantim
Período de inscrição: de 24 de abril a 08 de agosto de 2008, às 18h
Inscrições pelo site: www.institutovotorantim.org.br/democratizacaocultural
Dúvidas: podem ser esclarecidas pelo telefone (11) 2818-5021, de segunda a sexta, das 9h às 12h30 e das 13h30 às 18h, a partir do dia 24/4 até o dia 08/8, às 18h.

Sobre o Instituto Votorantim e o Programa de Democratização Cultural

O Instituto Votorantim foi criado em 2002 para orientar e qualificar as ações de investimento sociocultural do Grupo Votorantim, qualificando a atuação da Empresa na área. Para isso, estabeleceu como foco de seus investimentos, o jovem de 15 a 24 anos, por ser um dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira, mas com um imenso potencial de transformação social.

Na área cultural, o Grupo Votorantim escolheu, em 2006, a causa da democratização cultural para direcionar sua atuação. Além de realizar seleções públicas anuais para escolha de novos projetos, a Empresa mantém um núcleo dedicado à produção e difusão do conhecimento sobre democratização cultural. O Instituto Votorantim é responsável pelo planejamento e coordenação dessas iniciativas.

Mais Informações
Instituto Votorantim / FSB Comunicações
Francine Machado - francine.machado@fsb.com.br
Carolina Stefanini - carolina.stefanini@fsb.com.br
11 – 3061-9596

Fonte:
Colaboração do escritor Douglas Lara

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Alberto Filho (Uma Atividade Mágica para Cultivar o Hábito da Leitura)

E se as crianças pudessem ler para os adultos, o que aconteceria...?
É uma atividade que vai estimular, firmar ou mesmo fazer com que seu filho ou aluno, tome gosto de vez pela leitura.

O primeiro passo é conversar com a criança e descobrir seu gosto literário. Gosto literário aqui significa, saber de que tipo de história ela mais gosta.

Feito isso, provoque ela à leitura. Isto é feito do seguinte modo: Primeiro leia você mesmo um livro, sobre o assunto do qual ela gosta. Deixe que ela veja você lendo. Se fizer isso sutilmente, será melhor ainda. Não tente chamar atenção para o fato de estar lendo, especialmente se você não tem o hábito de ler regularmente, pois ela pode perceber o artifício e estragar a tática.

Se o adulto é do tipo que gosta de ler e ela já sabe disso, então pode agir de forma natural. Ao ler o livro, procure demonstrar as emoções que sente a partir do que está lendo. Isto é, ria, faça comentários baixinho como se estivesse falando sózinho etc., Isso vai deixá-la bastante curiosa.

Ao perceber que você gosta da mesma coisa que ela, sua auto-confiança, vai receber uma enorme injeção de ânimo. Imagine só, um adulto que gosta do mesmo que eu - pensará ela - e sem ninguém pedir para que ele fizesse isso!

Quando terminar de ler, não lhe ofereça o livrinho. Ao invés disso, coloque-o em lugar visível, converse com ela sobre outros assuntos, e finalmente sobre histórias do tema que ela prefere; então comente sobre o que acabou de ler. Como isso é feito por partes, a pressa pode estragar tudo. Assim, em outra ocasião, diga que comprou um livro para ela ver, e que é muito bom.

Importante: Em momento algum a obrigue a ler. Dê-lhe o livrinho e pronto. Pode ser que no primeiro contato, ela apenas vá folhear as páginas para explorar o terreno onde vai pisar.

Aqui vale uma interrupção para algumas observações importantes, que vão determinar o sucesso ou o fracasso do seu plano. Veja bem, não é que "pode determinar", é que "vai determinar".

Toda criança, com raras exceções, gosta de livrinhos com:

Desenhos bem feitos. Tem que ser desenhos ou ilustrações; elas acham fotografias deprimentes e sóbrias demais para seu mundo, pode até ser uma fuga da realidade, mas é assim, e nesse momento não adianta entender porque. Saiba apenas que fotos para elas são menos interessantes que ilustrações.

Os desenhos ou ilustrações devem refletir claramente o que está no texto que ela está lendo, para que possa associar o mesmo com a idéia visual da situação, já que ela sózinha ainda é incapaz de fazer isso, e ainda está construindo associações de palavras com imagens.

Folhas com pouco texto. Texto claro, de preferência com palavras que ela já conheça (isso não é obrigatório). livro com poucas páginas; média de 20.

Assim, é chegado o momento de você agir. De posse do livro, após tê-lo folheado, use então o argumento mágico.

PEÇA QUE ELA LEIA O LIVRINHO DELA PARA VOCÊ!

Ao pedir isso, demonstre que tem total confiança nela (isso se consegue com a entonação certa da voz, tom firme, normal, como se fosse a coisa mais natural do mundo, sem titubear). Diga também que tem interesse no livro. Nesse ponto, toda insegurança comum na criança, ao oferecer ou compartilhar alguma coisa com os adultos, tende a sumir.

Durante a leitura, se quiser, você pode interromper para fazer algum comentário com relação a história. Também, antes de começar, diga-lhe que se tiver alguma dúvida sobre o significado das palavras, que pergunte; ou melhor, use seu bom senso e faça comentários complementares sem que ela peça, ao menos sobre aquelas que você julgue mais apropriadas, e até com uma forma de enriquecer o texto. É importante que você saiba, que ela só vai perguntar se confiar em você, ou se você tiver lhe dado autorização explícita para fazer isso. Está feito então, ela está pronta e sem mais nenhuma inibição.

Finalmente, seja paciente e nunca a corrija, diga apenas que não entendeu direito, algum parágrafo, etc. Nesse caso, você pode pedir que ela comente o que entendeu... Pode ser que durante a leitura ela baixe um pouco a voz o que é normal. Peça, sem mandar, com muito humor e gentileza, que ela fale um pouco mais alto. Isso, só vai significar para ela que você está de fato interessado na leitura, e sua motivação aumentará ainda mais.

Ao perceber que ela está cansada, peça para fazer uma pausa. Os sintomas de cansaço são: mudança constante na posição, olhadas sutis para o lado, tentativa de deitar no chão, etc.

Por fim, comente com ela a história que foi lida. É provável que ela não tenha entendido bem o conto, já que apenas crianças maiores, conseguem ler para os outros e prestar atenção no que estão lendo.

Diga que a história foi muito boa, que você gostou, e lhe dê a sugestão de que ela deve ler quando estiver com vontade.

Mesmo que ela não aceite na hora, o que é mais provável, deixe o livro em local visível e acessível, e incite-a outras vezes para que leia, sem forçar ou exigir. Faça isso em tom de comentário.

É importante que você saiba que, ao pedir para ela ler, você lhe deu confiança; confiou a ela uma tarefa de gente grande, e gostou do que ela fez; isso a fez se sentir importante. Melhor de tudo, essa é a impressão que ela terá de você a partir daí.

Os efeitos benéficos disso para sua personalidade são definitivos. Assim, a semente do hábito da leitura foi plantada de forma simples, natural, sem as pressões da obrigação, em clima de harmonia, como tudo que é verdadeiro deve ser.

Um último aviso: Peça que leia para você outras vezes. Dê-lhe mais livros, valorize e incentive a sugestão dela; acompanhe-a na hora de comprar ou escolher o livro. Use sua criatividade para usar essa mesma abordagem em sala de aula!

Fonte:
http://sitededicas.uol.com.br/

terça-feira, 22 de abril de 2008

Artur da Tavola (O Pródigo do Jardim)

Um bom jardineiro morre anônimo porém não morre sozinho. Com ele se vão zínias, calêndulas, miosótis, margaridas, gramados, pés de caqui, de manga e abacate, tumbérgias, orquídeas, trevos de quatro folhas, agapantos, rosas, rabos de gato, petúnias, marias sem-vergonha, hortaliças, camarões magoados, capuchinhas, ah quantas flores morrem com o jardineiro.

Não mais sua boa mão, o saber plantar e esperar, tempos certos, esta dá de galho, aquela de estaquia, esta outra só semeando.

Seu Fernando Mayworm era magro, alto, origem alemã, tinha mais de setenta e oito anos. Seco, altivo e resistente como um bambu. Chegava cedinho em seu fusca velho que ainda dirigia. Sabia, descia, abaixava-se, levantava, ordenava aos auxiliares; às onze e meia nem um copo d'água pedia. Recolhia-se ao fusca, abria a marmita quentinha e a garrafa térmica. Educado. Estirpe. Homem discreto e educado oriundo de alemães antigos de Petrópolis de quem herdara a seriedade e a disciplina.

"Esta não vai pegar aí!", sentenciava. E a planta obedecia. "Vamos ver se salvamos esta". O caule se recuperava. Se pedíamos alguma bobagem ele fazia a nossa vontade. E onde a gente não palpitava ele operava na moita e plantava algo mais belo.

Quantas vezes me comovi, desejando para meu envelhecer a paz daquele homem calado e severo, que cumpria seu dever com as mãos, honrado, sereno, já sem ilusões mas silencioso enamorado das reações da terra, a felicidade por ver algo brotar, o riso raro na contemplação da flor que "vingou" graças a ele! Era a paz de quem não cobiça, vivia para criar e elegera a flor e o fruto como objetos sagrados do seu existir.

Sem quase nada dele saber. Sempre recatado. Sem reclamar (salvo dos cachorros que fazem pipi em hortas baixas), sem proclamar. Sem nada contar de sua vida, qual seu time de futebol ou preferência política, aprendi a gostar à distância daquele homem idoso, cuja vida foi prodigalizar mudas e sementes e mudo morreu a trabalhar, na beleza serena e serrana de Petrópolis.
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Fonte:
http://www.arturdatavola.com/

Trabalhos Escolares (Artigo Científico - Monografia - Dissertação)

ARTIGO CIENTÍFICO

De acordo com a vivência científica, os acadêmicos são confrontados seguidamente pela necessidade da redação de textos de cunho variado. Seja para disciplinas específicas, atividades de pesquisa, dentre outros, os alunos devem escrever seguidamente artigos sobre um ou mais assuntos.

Assim, um artigo científico pode ser conceituado como um estudo realizado de maneira resumida sobre uma questão que se fundamenta em alguma natureza científica. Devido à sua dimensão, assim como conteúdo, visa a representação de um resultado de estudos efetuados.

A finalidade primordial de um artigo científico seria trazer a público resultados de pesquisas realizadas ou estudos efetuados, sendo este o cunho exercido na quase totalidade dos cursos de graduação ou pós-graduação.

O artigo científico conta com uma forma de realização relativamente distinta de uma monografia convencional, devido à maior concisão e natureza dos dados tratados.

No entanto, da mesma forma, o artigo científico é dividido em partes pré, textuais e pós textuais, sendo que também estas partes se encontram em menor número.

A linguagem própria a ser utilizada para a realização de um artigo científico deve primar pela concisão e objetividade, buscando dar maior relevância para os dados a serem apresentados.

MONOGRAFIA

Inicialmente, deve-se conceituar a palavra monografia. Uma monografia pode ser definida como um estudo aprofundado de um determinado assunto e realizado a partir de uma rigorosa metodologia.

No entanto, outras definições também poderiam ser apresentadas para monografias, tais como as de que a monografia seria uma delimitação realizada por escrito de um assunto qualquer, ou ainda de que a esta seja um estudo científico que apresente uma determinada relevância, de modo sistemático e completo. A palavra monografia significa a “escrita sobre um único assunto”.

Apesar de existir na prática uma divisão nominal de textos, tais como a dissertação, o TCC, a tese, entre outros, todos são tipos de monografia no seu sentido lato.

Esta monografia geralmente ronda um assunto específico de acordo com sua relevância, sendo elaborada de maneira sistemática e organizada visando uma melhor construção das idéias e conceitos expostos e construídos. No entanto, como questão fundadora da necessidade de elaboração de uma monografia pode-se encontrar como a resposta de um problema de pesquisa.

Como propósito gerador de toda monografia, existe a necessidade de tratamento de um tema específico de modo a fundamentá-lo suficientemente, sendo mais importante a qualidade do texto que o seu tamanho, mas não se deve confundir uma monografia pequena com um artigo científico.

De acordo com seus propósitos, a monografia é construída a partir de inúmeras regras que visam basicamente o melhor tratamento da idéia ou assunto tratado assim como também gerar uma certa homogeneidade em relação à metodologia utilizada para sua criação.

A monografia se baseia a partir de fatos ou ainda conceitos, devendo-se fundamentar o assunto de modo a que se obtenha uma coerência e relevância científica e/ou filosófica. Para tanto, a monografia necessita ser elaborada a partir do embasamento existente em bibliografias, que irão fundamentá-la ou ainda a partir de resultados práticos de pesquisa científica, como um modo de apresentação, racionalização e discussão dos mesmos.

É desejável que a monografia possua o máximo de vieses possíveis sobre o assunto tratado, de modo a possibilitar ao leitor o entendimento substancial do mesmo. Para tanto, as monografias são compostas de inúmeras partes, textuais, pré e pós-textuais que possuem funções específicas de relevância conhecida. A possibilidade e limites de realização de uma determinada monografia varia de acordo com o tema de monografia.

As diversas regras e normas existentes para a elaboração de uma monografia são provenientes da Associação Brasileira de Normas Técnicas ou ABNT, entidade máxima brasileira no que tange a esta questão. No entanto, em muitos casos, cada instituição educacional pode optar por adotar regras próprias de elaboração, devendo estas serem observadas rigorosamente.

O MEC, ou Ministério de Educação e Cultura, determina a necessidade da realização de ao menos uma monografia no final de muitos cursos de graduação ou pós-graduação como pré-requisito parcial para a titulação.

Reconhece-se que a etapa de elaboração de uma monografia é uma das mais difíceis da vida acadêmica de um estudante, devido à necessidade de união de uma série de fatores como a observância às regras exigidas, o tratamento metodológico de busca de fontes bibliográficas, a experimentação científica, a uniformização dos diversos dados exigidos e a redação clara e objetiva, de modo a expor o assunto de maneira clara e aberta.

DISSERTAÇÃO

A partir do exposto no Decreto-Lei nº 216/92 de 13 de Outubro, que tem como finalidade a regulamentação das atribuições dos graus de mestre e de doutor, "O grau de mestre comprova nível aprofundado de conhecimentos numa área científica específica e capacidade para a prática da investigação".

Da mesma forma, o parágrafo único do artigo 2º da RESOLUÇÃO CNE/CES Nº 1, DE 3 DE ABRIL DE 2001 determina que “ emissão de diploma de pós-graduação stricto sensu por instituição brasileira exige que a defesa da dissertação ou da tese seja nela realizada”, sendo também necessária a realização de uma dissertação .

A dissertação , desta forma, faz parte do cotidiano dos alunos de mestrado stricto-sensu no Brasil.

Pode-se apontar dois modelos básicos de dissertação : a dissertação expositiva e a dissertação argumentativa. A dissertação expositiva visa a exposição, explicação ou interpretação de idéias; já a dissertação argumentativa tem como finalidade a persuasão do leitor em relação a uma hipótese ou proposição lançada, formando opiniões e formulando novas questões.

No modelo de dissertação expositiva, torna-se possível a construção de uma explanação sem que haja um embate discordante de idéias ou temas, servindo-se da impessoalidade ao mesmo tempo em que o contrário pode se dar com a tentativa de convencimento, no caso da argumentativa.

Para que a dissertação argumentativa tenha sua finalidade cumprida, os argumentos necessitam apresentar uma importante consistência de raciocínio e de provas. A consistência do raciocínio consistente consiste no apoio sobre os princípios da lógica, em que não se perde em especulações vãs, na esterilidade vazia e sem conteúdo. Ao mesmo tempo, em uma dissertação , deve-se servir de provas específicas, de acordo com a área, no sentido de reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos-exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.

Nossos professores se encontram plenamente capacitados para a realização de monografia de suporte para sua dissertação com qualidade, pois já passaram pelo estágio necessário de suas vidas já que apresentam, EM SUA TOTALIDADE, o grau de mestres ou doutores.

Fonte:
http://www.monografiaac.com.br/index.html
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Trabalhos Escolares (Escolha do Tema - O Orientador)

ESCOLHA DO TEMA

A seleção de um apreciável tema de monografias é um núcleo do sucesso da escrita de sua monografia ou TCC e deve ser tratada de acordo com sua importância.

Você deve considerar o tema para uma monografia que fornecerá a oportunidade de sintetizar suas experiências e características pessoais de modo coerente ao se dirigir a seu desejo para alcançar as audiências específicas que deseja com sua monografia ou TCC.

Da mesma forma, a confiança em um tema de monografia deve ser altamente considerada.

Ao escolher um tema para sua monografia, as seguintes perguntas devem ser consideradas:

- Você escolheu um tema para sua monografia que descrevesse algo de importância em sua vida, e com a qual você possa usar a experiência pessoal? Como exemplo, observe o artigo relacionado ao tema para monografia e TCC sobre dado e informação.

- É um tema de monografia que refletirá o pensamento de outrem? Se a resposta for positiva escolha acima uma abordagem nova para discutir em sua monografia.

- Seu tema de monografia pode fornecer parágrafos com interessantes citações? Se citar parágrafos com exemplos bibliográficos concretos for algo você não pode facilmente realizar em sua monografia, considere um argumento diferente.

- Existe bibliografia suficiente para a realização de seu tema de monografia? Um dos problemas mais freqüentemente detectados durante a elaboração de uma monografia ou TCC é a descoberta de que não existem fontes bibliográficas disponíveis. Um exemplo seria o artigo relacionado ao tema para monografias e TCC sobre oligoterapia, que contém uma abordagem inovadora e pouco investigada no meio acadêmico.

- Você está certo de que pode responder integralmente à pergunta central de sua monografia ou TCC? Você pode processar o seu tema, durante a elaboração de sua monografia ou TCC em todos os pontos dentro da limitação, ou limitações existentes?

- Você conseguiria prender o interesse dos leitores desde o primeiro parágrafo de sua monografia?

Sua monografia, TCC ou qualquer outro trabalho deve ser interessante e memorável. Um dos aspectos os mais importantes a ser considerado ao escolher o tema de sua monografia ou TCC é se seu interesse sobre o mesmo é correspondido por um número significativo de pessoas, sendo este um índice da qualidade da monografia.

Tente evitar ao máximo temas de monografias que tratam de doutrinas políticas, religiões específicas e opiniões controversas se sua abordagem for denegrir as mesmas. No entanto, se você conseguir ser imparcial em sua monografia, estes são temas que sempre atraem a atenção sobre monografias ou TCC. Se você apresentar um tema de monografia controverso, deve reconhecer argumentos contrários sem soar arrogante. Um exemplo é o artigo desenvolvido por nós sobre o tema para monografia – O negro no Brasil.

Após ter avaliado o tema de monografia com os critérios acima, você deve ter diversos argumentos interessantes para a definição deste.

Outra questão a ser levantada é a influência do orientador da monografia ou TCC na definição do tema.

O ORIENTADOR

Uma indefinição, infelizmente, para todo aluno que realiza sua monografia ou TCC é a participação do orientador no processo. Afinal, seu orientador é um parceiro ou um carrasco em sua monografia?

Infelizmente, a grande parte dos alunos que procuram a Monografia AC não percebe a importância do orientador em todos os níveis de produção de monografias, da escolha do tema de uma monografia até a defesa de sua monografia ou de seu TCC.

Em relação a monografias, dentro de sua função, a função do orientador advém do próprio termo: aquele que orienta, que guia, que sustenta e auxilia. No entanto, nem sempre esta função é cumprida como deveria e a culpa não é somente do orientador, mas também do aluno.

Em algumas universidades, o aluno procura aquele orientador com quem sinta afinidade, estando mais à vontade para discutir detalhes e o andamento de sua monografia, já em outras, este mesmo orientador é imposto. Em alguns casos, cada orientador segue somente algumas monografias por semestre ou ano, já em outros, um mesmo orientador precisa coordenar mais de 50 monografias simultaneamente. Sem contar a apresentação do projeto de pesquisa, etapa muitas vezes essencial para o aluno e seu TCC ou monografia.

É óbvio que quanto mais exclusivo for o seu orientador, mais auxílio ele poderá dar em sua monografia, e menos reclamações você terá.

Torna-se muito comum a procura por parte de nossos clientes para que possamos definir um tema para sua monografia. No entanto, aconselhamos a você procurar seu orientador para definirem, em conjunto, as melhores diretrizes para o seu trabalho e sua necessidade.

Caso ele lhe sugira um tema que você não domina para sua monografia ou TCC, procure se informar sobre o mesmo, lendo artigos, como por exemplo.

A idéia é que você procure seu orientador sempre que necessário, tirando dúvidas, questionando, com a humildade de aceitar e acatar o que ele tem a lhe oferecer. Peça sempre mais do que ele dá, já que um aspecto que sempre notamos é que muitos alunos esperam que o seu orientador sempre tome a iniciativa.
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Trabalhos Escolares (O Projeto de Pesquisa)

PROJETO DE PESQUISA

“Pesquisa é o conjunto de atividades intelectuais tendentes à descoberta de novos conhecimentos” (SAAVEDRA, 2001, p. 61)

A melhor definição para o projeto de pesquisa é um plano de trabalho da pesquisa a ser realizada, visando primordialmente a definição dos rumos a serem adotados de acordo com a natureza específica do seu estudo, de modo a facilitar sobremaneira seu trabalho futuro.

Via de regra, o projeto de pesquisa se encontra orientado para a resposta de perguntas conceituais como: O quê? Para quê? Por quê? Onde? Como? Quando?

Assim, a construção do projeto deve ser específica para ordenar de maneira metódica e completa aquilo que o aluno realizará posteriormente.

Para a consecução dos seus objetivos, o projeto de pesquisa é dividido em partes específicas do mesmo. A definição do tema é uma das partes essenciais do projeto, onde ocorre a seleção do objeto de estudo.

A justificativa de um projeto de pesquisa consiste na apresentação das razões por que se busca realizar tal pesquisa, sendo complementada pelo problema, que é uma pergunta ainda sem resolução, seja uma dúvida, uma vontade de testar ou compreender ou ainda alguma lacuna existente do conhecimento ou metodologia.

Os objetivos são as indicações do que se pretende estudar, quais os resultados que se procura alcançar, auxiliando ainda a identificação da natureza de pesquisa, assim como da delimitação da mesma.

A fundamentação teórica do projeto de pesquisa tem a finalidade de nortear a pesquisa, apresentando fontes de pesquisa já realizadas sobre o mesmo tema, ou altamente correlato, sendo a hora do levantamento das publicações existentes, assim como do teor das mesmas, relacionadas ao mesmo tema do projeto.

Todo projeto de pesquisa indica uma metodologia, que consiste na explanação do método, do modus operandi a ser adotado pelo aluno para a realização do seu trabalho. O tratamento oferecido aos dados a serem obtidos também faz parte da metodologia.

A definição dos custos do projeto também deve estar indicada, demonstrando-se detalhadamente os gastos futuros a serem realizados para a consecução do trabalho.

Já o cronograma, parte constante do projeto de pesquisa, serve como ponte de relação entre o tempo e o trabalho a ser realizado, devendo estar indicado por etapas visando a compreensão do aproveitamento do período disponível por parte do aluno.

Termina-se o projeto de pesquisa com as referências bibliográficas adotadas para a realização do mesmo, assim como para as escolhidas para o norteamento do trabalho a ser realizado.

Fonte:
http://www.monografiaac.com.br/index.html
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sábado, 19 de abril de 2008

XVI Congresso Brasileiro de Poesia (120 anos de Fernando Pessoa)

A coordenação do CONGRESSO BRASILEIRO DE POESIA, em sua décima-sexta edição, definiu os homenageados deste ano: Portugal e os cento e vinte anos de nascimento do poeta Fernando Pessoa.

Parceria neste sentido foi firmada entre o Proyecto Cultural Sur/Brasil, Prefeitura Municipal de Bento Gonçalves, Instituto Cultural Português e Consulado de Portugal no Rio Grande do Sul, em encontro recentemente realizado na capital do Estado.
Na oportunidade, o cônsul Dr. Pedro Coelho recebeu o prefeito em exercício de Bento Gonçalves, Jaury da Silveira Peixotto e o coordenador-geral do evento, Ademir Antonio Bacca, ciceroneados pelo presidente do Instituto Cultural Português, António Soares.

Durante o encontro, que também contou com a participação da Diretora Cultural do ICP, Santa Inéze da Rocha, e da Secretária do Congresso, Maria Clara Segóbia, foi apresentada a proposta de homenagem por parte do município de Bento Gonçalves ao poeta maior da língua portuguesa, que recebeu entusiasmada adesão do representante diplomático português no estado gaúcho.

Ficou acertado já no primeiro encontro que, através do Instituto Cultural Português, serão realizadas diversas atividades culturais alusivas a Fernando Pessoa e também à literatura portuguesa na cidade de Bento Gonçalves já a partir do mês de maio, durante a realização da Feira do Livro, atividades estas preparatórias ao Congresso Brasileiro de Poesia, que será realizado entre os dias 6 e 11 de outubro vindouro.

O consulado intermediará a vinda de poetas portugueses ao evento, que é considerado o maior encontro de poetas realizado no Brasil e um dos três mais importantes de toda as Américas.
Fonte:
Colaboração de Douglas Lara, in www.sorocaba.com.br/acontece

Dia do Índio (19 de Abril)

História do Dia do Índio

Comemoramos todos os anos, no dia 19 de Abril, o Dia do Índio. Esta data comemorativa foi criada em 1943 pelo presidente Getúlio Vargas, através do decreto lei número 5.540. Mas porque foi escolhido o 19 de abril?

Para entendermos a data, devemos voltar para 1940. Neste ano, foi realizado no México, o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. Além de contar com a participação de diversas autoridades governamentais dos países da América, vários líderes indígenas deste contimente foram convidados para participarem das reuniões e decisões. Porém, os índios não compareceram nos primeiros dias do evento, pois estavam preocupados e temerosos. Este comportamento era compreensível, pois os índios há séculos estavam sendo perseguidos, agredidos e dizimados pelos “homens brancos”.

No entanto, após algumas reuniões e reflexões, diversos líderes indígenas resolveram participar, após entenderem a importância daquele momento histórico. Esta participação ocorreu no dia 19 de abril, que depois foi escolhido, no continente americano, como o Dia do Índio.

Comemorações e Importância da data

Neste dia do ano ocorrem vários eventos dedicados à valorização da cultura indígena. Nas escolas, os alunos costumam fazer pesquisas sobre a cultura indígena, os museus fazem exposições e os minicípios organizam festas comemorativas. Deve ser também um dia de reflexão sobre a importância da preservação dos povos indígenas, da manutenção de suas terras e respeito às suas manifestações culturais.

Devemos lembrar também, que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde esta data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas estão perdendo suas terras.

Índios do Brasil

Introdução

Historiadores afirmam que antes da chegada dos europeus à América havia aproximadamente 100 milhões de índios no continente. Só em território brasileiro, esse número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente. Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central), aruaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia ).

Atualmente, calcula-se que apenas 400 mil índios ocupam o território brasileiro, principalmente em reservas indígenas demarcadas e protegidas pelo governo. São cerca de 200 etnias indígenas e 170 línguas. Porém, muitas delas não vivem mais como antes da chegada dos portugueses. O contato com o homem branco fez com que muitas tribos perdessem sua identidade cultural.

A sociedade indígena na época da chegada dos portugueses.

O primeiro contato entre índios e portugueses em 1500 foi de muita estranheza para ambas as partes. As duas culturas eram muito diferentes e pertenciam a mundos completamente distintos. Sabemos muito sobre os índios que viviam naquela época, graças a Carta de Pero Vaz de Caminha (escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabral ) e também aos documentos deixados pelos padres jesuítas.

Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim, feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca. Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar, pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e queimada para limpar o solo para o plantio).

Os índios domesticavam animais de pequeno porte como, por exemplo, porco do mato e capivara. Não conheciam o cavalo, o boi e a galinha. Na Carta de Caminha é relatado que os índios se espantaram ao entrar em contato pela primeira vez com uma galinha.

As tribos indígenas possuíam uma relação baseada em regras sociais, políticas e religiosas. O contato entre as tribos acontecia em momentos de guerras, casamentos, cerimônias de enterro e também no momento de estabelecer alianças contra um inimigo comum.

Os índios faziam objetos utilizando as matérias-primas da natureza. Vale lembrar que índio respeita muito o meio ambiente, retirando dele somente o necessário para a sua sobrevivência. Desta madeira, construíam canoas, arcos e flechas e suas habitações (ocas ). A palha era utilizada para fazer cestos, esteiras, redes e outros objetos. A cerâmica também era muito utilizada para fazer potes, panelas e utensílios domésticos em geral. Penas e peles de animais serviam para fazer roupas ou enfeites para as cerimônias das tribos. O urucum era muito usado para fazer pinturas no corpo.

A organização social dos índios

Entre os indígenas não há classes sociais como a do homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a todos e quando um índio caça, costuma dividir com os habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada das árvores.

Duas figuras importantes na organização das tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique, também importante na vida tribal, faz o papel de chefe, pois organiza e orienta os índios.

A educação indígena é bem interessante. Os pequenos índios, conhecidos como curumins, aprender desde pequenos e de forma prática. Costumam observar o que os adultos fazem e vão treinando desde cedo. Quando o pai vai caçar, costuma levar o indiozinho junto para que este aprender. Portanto a educação indígena é bem pratica e vinculada a realidade da vida da tribo indígena. Quando atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um teste e uma cerimônia para ingressar na vida adulta.

Os contatos entre indígenas e portugueses

Como dissemos, os primeiros contatos foram de estranheza e de certa admiração e respeito. Caminha relata a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começam a explorar o pau-brasil das matas, começam a escravizar muitos indígenas ou a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho.

Interessados nas terras, os portugueses usaram a violência contra os índios. Para tomar as terras, chegavam a matar os nativos ou até mesmo transmitir doenças a eles para dizimar tribos e tomar as terras. Esse comportamento violento seguiu-se por séculos, resultando no pequenos número de índios que temos hoje.

A visão que o europeu tinha a respeito dos índios era eurocêntrica. Os portugueses achavam-se superiores aos indígenas e, portanto, deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considera pelo europeu como sendo inferior e grosseira. Dentro desta visão, acreditavam que sua função era convertê-los ao cristianismo e fazer os índios seguirem a cultura européia. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e também sua identidade.

Algumas tribos eram canibais como, por exemplo, os tupinambás que habitavam o litoral da região sudeste do Brasil. A antropofagia era praticada, pois acreditavam que ao comerem carne humana do inimigo estariam incorporando a sabedoria, valentia e conhecimentos. Desta forma, não se alimentavam da carne de pessoas fracas ou covardes. A prática do canibalismo era feira em rituais simbólicos.

Religião Indígena

Cada nação indígena possuía crenças e rituais religiosos diferenciados. Porém, todas as tribos acreditavam nas forças da natureza e nos espíritos dos antepassados. Para estes deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias e festas. O pajé era o responsável por transmitir estes conhecimentos aos habitantes da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar o corpo dos índios em grandes vasos de cerâmica, onde além do cadáver ficavam os objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos acreditavam numa vida após a morte.

Principais etnias indígenas brasileiras na atualidade e população estimada
Ticuna (35.000), Guarani (30.000), Caiagangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000), Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700), Potiguara (7.700).

Fontes:
Funai (Fundação Nacional do Índio).
http://www.suapesquisa.com/datascomemorativas/dia_do_indio.htm

Augusto Monterroso (O Coelho e o Leão)

Um célebre Psicanalista encontrou-se certo dia no meio da selva, semiperdido.

Com a força que dão o instinto e o desejo de investigação, conseguiu facilmente subir numa árvore altíssima, da qual pôde observar à vontade não apenas o lento pôr-do-sol mas também a vida e os costumes de alguns animais, que comparou algumas vezes com os dos humanos.

Ao cair da tarde viu aparecer, por um lado, o Coelho; por outro, o Leão.

A princípio não aconteceu nada digno de mencionar, mas pouco depois ambos os animais sentiram as respectivas presenças e, quando toparam um com o outro, cada qual reagiu como desde que o homem é homem.

O Leão estremeceu a selva com seus rugidos, sacudiu majestosamente a juba como era seu costume e feriu o ar com suas garras enormes; por seu lado, o Coelho respirou com mais rapidez, olhou um instante nos olhos do Leão, deu meia-volta e se afastou correndo.

De volta à cidade, o célebre Psicanalista publicou cum laude seu famoso tratado em que demonstra que o Leão é o animal mais infantil e covarde da Selva, e o Coelho, o mais valente e maduro: o Leão ruge e faz gestos e ameaça o universo movido pelo medo; o Coelho percebe isso, conhece sua própria força, e se retira antes de perder a paciência e acabar com aquele ser extravagante e fora de si, a quem ele compreende e que afinal não lhe fez nada.
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Sobre o Autor:
Augusto Monterroso nasceu em 1921, na Guatemala. Em 1944, mudou-se para o México e, depois de muito observar a fauna daquele país e de outros, se convenceu de que "os animais se parecem tanto com o homem que às vezes é impossível distingui-los deste". Assim surgiu "A ovelha negra e outras fábulas", lançado pela Editora Record - Rio de Janeiro, 1983, com tradução de Millôr Fernandes e ilustrações de Jaguar, de onde extraímos o texto acima (pág. 09).

Dele disse o escritor russo que se criou nos Estados Unidos, Isaac Asimov: "Os pequenos textos de A ovelha negra e outras fábulas, de Augusto Monterroso, aparentemente inofensivos, mordem os que deles se aproximam sem a devida cautela e deixam cicatrizes. Não por outro motivo são eficazes. Depois de ler "O macaco que quis ser escritor satírico", jamais voltei a ser o mesmo."

Foi agraciado, em 2000, com o Prêmio Príncipe de Astúrias de Letras. Um dos escritores latinos mais notáveis, Monterroso tem predileção por contos e ensaios. "O dinossauro", uma de suas obras mais célebres, é considerado o menor conto da literatura mundial: "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá". Augusto Monterroso faleceu em fevereiro/2003.

Fonte:
http://www.releituras.com