quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 741)


Uma Trova de Ademar

Mesmo sentindo os rancores,
de um mar de dor que me escolta,
eu, afogando essas dores,
nada impede a minha volta!
–Ademar Macedo/RN–

 Uma Trova Nacional

Inspiração, sonho, rima,
fantasia e alma de esteta,
eis toda a matéria prima
com que se faz um Poeta!
–Héron Patrício/SP–


 Uma Trova Potiguar

Com frases que vêm do peito,
meu coração se declara,
ao verso, mais que perfeito:
- A trova, esta joia rara!
–Fabiano Wanderley/RN–

 Uma Trova Premiada

1982   -   Fortaleza/CE
Tema   -   VAQUEIRO   -   6º Lugar

Já fui vaqueiro e o destino
foi rude, mas não desfez
o sonho de ser menino
e ser vaqueiro outra vez!
–Clenir Neves Ribeiro/RJ–

 ...E Suas Trovas Ficaram

Eu me entrego apaixonada
e tanto amor vem depois
que até mesmo a madrugada
sente inveja de nós dois...
–Eugênia Maria Rodrigues/MG–

  U m a    P o e s i a 

Em todos anos vividos
meus sonhos foram perdidos
além do brilho no olhar;
e a triste morte das cartas
fez as nossas mentes fartas
Excluir o termo amar.
–Isaac Jordão/RN–

 Soneto do Dia

ESTRELA CADENTE.
–Darly O. Barros/SP–

O palco é o céu que a vista descortina
em seu passeio, quando, de repente,
depara-se com bela bailarina,
a deslizar, esguia, reluzente...

A lua, por um palmo de cortina,
também a espia e então, infelizmente,
desaparece a etérea peregrina
que já não baila mais, à minha frente...

Para onde foi? Que fim levou a estrela?
indago de mim mesmo, sem revê-la,
frustrado e, além de tudo, arrependido

por não lhe ter de todo deslumbrado
com ela e a perfeição do seu bailado
feito, naquele instante, o meu pedido...

José de Alencar (Ao Correr da Pena) Rio, 4 de março: A Notícia da Tomada de Sebastopol


A notícia da tomada de Sebastopol, a abertura das academias, a representação da Linda de Chamounix, duas procissões de quaresma, e a chuvinha aborrecida de todas as tardes, são os fatos mais importantes da semana.

Resta saber, entre tanta coisa interessante, por qual delas começaremos.

Pela notícia da Criméia, ou antes da Bahia – não. Estou pouco disposto hoje a fazer conjeturas e suposições sobre a probabilidade deste fato. Pelas procissões – ainda menos. A chuva declarou-lhes guerra este ano; e os anjinhos, com receio do tempo, encolheram as asas, e não desceram do céu onde habitam.

Ora, para mim, procissões sem anjinhos é coisa que se não pode ver. Os outros pensarão o contrário: estão no seu direito: cada um é livre de ter mau gosto.

Deixando, pois, de parte as procissões, não há remédio senão irmo-nos sentar nalguma das cadeiras do Teatro Lírico, e passar três ou quatro horas bem agradáveis a ver a Linda de Chamounix, ou qualquer outra linda mesmo aqui da nossa bela terra.

O primeiro ato é uma música simples e encantadora, que traduz as impressões da vida tranqüila da ladeia, e que termina com o belo dueto do baixo e da barítono, e com a despedida de LINDA.

Esperemos, porém, pelo segundo ato; deixemos passar algumas cenas cômicas; cheguemos ao momento terrível em que a palavra de maldição expira nos lábios paternais. LINDA, a pobrezinha inocente, a menina iludida, que se ajoelhara para implorar o perdão, ergue-se louca.

Vede como lutam naquele espírito desvairado as recordações alegres de um belo tempo, com a lembrança tremenda da maldição paterna, e com a ameaça terrível da cólera celeste.

De repente esta voz suave e harmoniosa, cuja doçura todos nós conhecemos, estala num grito de dor, numa agonia atroz; mas bo fundo da alma brilha um raio de luz, uma idéia risonha, uma reminiscência de gozos passados; e, quando pensais que aquela angústia chega ao seu último paroxismo, lá se desprende dos lábios, de envolta com um sorriso, uma melodia graciosa, umas notas feiticeiras, que vêm brincar docemente com o vosso ouvido arrebatado.

Vem afinal o terceiro ato, o desenlace feliz desta história simples da vida de uma moça.

A filha torna ao lar paterno; e a graça de Deus faz voltar a alegria, a paz e o sossego ao coração de toda esta pobre gente, que experimentara por algum tempo todas as provanças da fortuna. O final é magnífico, como vos dirá com toda a sua graça costumada o folhetim lírico de terça-feira.

Eis o que é para mim a representação da Linda  Chamounix; uma noite de emoções deliciosas, e mais positivamente, uma ou duas páginas de revista em uma semana, sobre a qual sou obrigado a confessar que não há muito de tratar.

Além de ser tempo de quaresma, tempo de provações, de jejum, de expiação de pecados, ainda em cima aí vêm todos os dias uma chuvinha miúda, umas nuvens cinzentas e carregadas tirar-nos o belo azul do céu, os raios do sol, e as lindas noites de luar que a folhinha nos tinha prometido.

Quem não está disposto a ser regado pelas águas do céu como as ruas desta heróica cidade, ou como as flores dos jardins, passa o dia inteiro a resolver a importante questão, se deve sair ou ficar em casa. Afinal vem uma estiada, decide-se, veste-se, e chega-se à porta, justamente quando começa de novo a chover. Não há remédio senão despir-se e resignar-se a desfiar as horas e os momentos sozinho, e a conversar com os seus botões.

Ora, se há tempo em que a solidão seja insuportável, é este de agora, em que não se fala, não se trata, nem se pensa senão em companhia. Janta-se em companhia dos amigos, passa-se a noite em boa companhia, e ganha-se dinheiro em companhia.

Nada hoje se faz senão por companhia. A iluminação a gás, as estradas, os açougues, o asseio público, a construção de ruas,tudo pe promovido por este poderoso espírito de associação que agita atualmente a praça do Rio de Janeiro.

Se encontrardes por aí algum sujeitinho de chapéu rapado, de laço de gravata à bandida, roendo as unhas, ou coçando a ponta da orelha, não penseis que é um poeta ou um romancista à cata de uma rima ou de um desfecho para seu último romance. Nada! o tempo destas bagatelas já passou. Podeis apostar que o tal sujeitinho rumina o projeto de uma empresa gigantesca, e calcula na ponta dos dedos o ganho provável de uma companhia qualquer.

E assim tudo o mais. Vê-se hoje pelos salões, pelas ruas  a cada canto, certos indivíduos a segredarem, a trocarem palavras ininteligíveis e a falar à mezza você uma linguagem incompreensível, cabalística. Um homem pouco experiente tomá-los-ia por carbonários ou membros de alguma sociedade invisível de alguma  confraria secreta. Qual! são finórios que farejam a criação de uma companhia, e que tratam de se arranjarem para não ficarem sós, isto é, sem dinheiro.

Até a nova empresa lírica, que se criou nesta corte há coisa de dois meses, assentou de organizar uma companhia para a construção de um novo teatro apropriado à cantoria, e conta-nos que já pediu ao governo  a competente autorização.

Com a facilidade que há atualmente em conceder-se semelhante favor, parece-nos que o governo não deixará de autorizar a incorporação de uma companhia para fim tão útil e tão vantajoso para esta corte.

Somente lembraríamos a necessidade de exigirem-se para a construção do edifício condições de grandeza e capacidade proporcional à população desta corte. O Teatro lírico que possuímos presentemente não pode durar muito; e, se outro não o substituir, breve teremos de nos vermos reduzidos ao acanhado salão de S. Pedro de Alcântara.

Assim como neste, podia o governo aproveitar em muitos outros objetos de serviço público o espírito de empresa e associação que tão rapidamente se desenvolveu no nosso comércio.

Porque, em vez de esperar que os interesses individuais especulem sobre a utilidade pública, não promove ele mesmo a criação das companhias que entender convenientes para o pais?

A limpeza pública, as postas, os correios urbanos, e muitos outros objetos de interesse vital, exigem essa solicitude da administração.

Uma coisa, por exemplo, de que ainda não vimos o governo se ocupar seriamente é da carestia progressiva dos gêneros alimentícios, tanto nacionais como estrangeiros. O trigo está por um preço exorbitante, segundo dizem. O pão diminui, e diminui no século de progresso em que tudo vai em aumento, em que as menores coisas tomam proporções gigantescas. Quanto ao pão de rala, célebre em outros tempos, este desapareceu do mercado: pertence hoje à história.

Os ministros, os grandes, os ricos, não sabem disto; mas o pobre o sente, o pobre que, no meio de toda essa agitação monetária, de todo esse jogo de capitais avultados, vê as grandes fortunas crescerem e formarem-se, absorvendo os seus pequenos recursos, e elevando o preço dos gêneros de primeira necessidade a uma taxa quase fabulosa.

Se os capitais são para o país um poderoso agente de progresso e desenvolvimento, cumpre-nos não esquecer que em todos os países é na classe pobre que se encontram as grandes inteligências, as grandes almas e os grandes espíritos.

A Providência parece tê-los lançado no mundo sem recursos para prova-los e fortalecê-los com essa luta constante da fortuna, na qual, ou morrem sacrificados como mártires, ou se elevam às sumidades da hierarquia social para comunicarem ao país a atividade do seu espírito e as forças de sua inteligência.

Tão desprezível, tão digna de compaixão, como parece esta classe aos ricos enfatuados que rodam no seu cupê, a ela pertence o futuro; nela está a alma, a força, a inteligência, a esperança do país.

Quereis saber o que são e o que valem esses cresos modernos, ou esses capitais amontoados, essas somas de dinheiro de que o rico tanto blasona e tanto se desvanece? Uma matéria brutal, uma alavanca inerte a que um dia algum homem sem fortuna, mas cheio de ambição e de talento vem dar o impulso de sua atividade, e fazer trabalhar para um grande fim.

Esta classe, pois, merece do governo alguma atenção; o que hoje é apenas carestia e vexame, se tornará em alguns anos miséria e penúria. É preciso, ao passo que o país engrandece, prevenirmos a formação dessa classe de proletários, dessa pobreza, que é a chaga e ao mesmo tempo a vergonha das sociedades européias. Apliquem-se os nossos espíritos econômicos a este estudo digno de uma grande inteligência e de um grande povo.

Porque a Europa ainda não conseguiu chegar à solução deste grande problema social, não é razão para desanimarmos. Somos um país novo; o progresso espantoso da atualidade deve ter reservado alguma coisa para nós; o mundo velho eleva a indústria a um desenvolvimento admirável; talvez que os segredos da ciência tenham de nos ser revelados na marcha da nossa própria sociedade.

O que é verdade é que não devemos deixar de concorrer com as nossas forças  para essa obra filantrópica da extinção da pobreza proletária. E isto, não porque receemos tão cedo a existência deste cancro social, mas porque semelhante estudo deve-se guiar nos meios de prevenir os vexames e misérias por que pode passar a classe pobre no nosso país.

Agora é que percebo que este folhetim vai muito grave demais; porém lembro-me também que não devo distrais as minhas leitoras do seu exame de consciência para a próxima confissão da quaresma.

Que interessante coisa não deve ser o exame de consciência de uma menina pura e inocente, quando à noite, entre as alvas cortinas de seu leito, com os olhos fitos numa imagem, perscruta os refolhos mais profundos de sua alma à cata de um pecadinho que lhe faz enrubescer as faces cor de...

Arrependi-me! Não digo a cor. Reflitam e adivinhem se quiserem. Tenham ao menos algum trabalho em lerem, assim como eu tenho em escrever.

Mas, voltando ao nosso exame de  consciência, estou certo que, se algum dos anjos que cercam o trono de Nossa Senhora pudesse descer do céu nesse momento, viria beijar aquele rostinho adormecido, e dizer-lhe em sonho que os anjos não pecam.

Fonte:
José de Alencar. Ao Correr da Pena. SP: Martins Fontes, 2004.

Geraldo Majela Bernardino Silva (Funções da Mensagem Literária) Parte final


FUNÇÕES SECUNDÁRIAS:

5- FUNÇÃO DE SUPORTE DE PENSAMENTO:

            O homem também se comunica consigo mesmo. É o uso intra-subjetivo da linguagem que se apresenta ora como suporte ou estímulo das reflexões pessoais, ora  como apelo interior.

            Vejamos o exemplo:
“Brincava a criança
  com um carro de bois.
  Sentiu-se brincando
  E disse: eu sou dois”.
(PESSOA, Fernando)

6- FUNÇÃO FÁTICA ou DE CONTATO:

            Procura estabelecer uma aproximação, manter a comunicação, controlar sua eficiência e eficácia, prender a atenção, sondar o ânimo entre os interlocutores. Exige uma participação na mesma situação social em que se encontram destinador e destinatário. É o que acontece no início de um diálogo ou nas chamadas telefônicas. Suas expressões são de conteúdo bastante reduzido: alô!, não é?, Bem!, Sabe!? , etc... É a função das relações sociais.

            Exemplos:
Bom dia! Boa tarde! Boa Noite! Como vai?

7- FUNÇÃO METALINGUÍSTICA:

            Centrada no código. Seu objetivo é a própria linguagem. É a decifração do código, a inquirição e explicação do significado das palavras. O locutor explica seu sistema linguístico. Uma Gramática é altamente dotada da função METALINGUÍSTICA.

            Como estamos tratando do assunto “Funções da Linguagem” ao definirmos o que é função neste momento é um bom exemplo de função metalinguística:

Função é a relação que existe entre dois elementos da comunicação.

8- FUNÇÃO MÁGICA ou ENCANTATÓRIA:

            Uso de palavras cabalísticas em rituais secretos, na feitiçaria e na magia.

            Alguns exemplos:

“Abra Cadabra!”- “Alacazém-Alacazam”- “Abra-te Sézamo!”
“Ignoratus tuum vos assegnatarum meo”.
“Velai! Velai! linda Esmeralda, para que me seja descortinado o meu porvir!”

9- FUNÇÃO LÚDICA:

            Com finalidade de divertir: nas charadas, adivinhações, nos trocadilhos, e também, nas rimas soantes, com a única finalidade de fazer um jogo de fonemas:  Exemplos:

- O que é que é?

Cai da torre
Não se lasca
Cai na água
Se espapaça
D’água nasce
N’água cresce
Se botar  n’água
Desaparece
Campo grande
Gado miúdo
Moça bonita
Velho carrancudo
Uma caixinha
de bom parecer
nenhum carapina
pode fazer
Meu destino é abre e fecha
vivendo sempre a cantar;
mas quando o fôlego acaba
me calo, faltando o ar.

10- FUNÇÃO CRÍPTICA:

            Faz uso do palavrão. Palavras de baixo calão, com objetivo de ofender o interlocutor.
================
FIM

Erasmo Figueira Chaves (Poemas Escolhidos)


TEMA 1:

Quem do passado pretérito
vem com zelo a labutar
abrindo  seu peito emérito
a tentar certo acertar,
também é  quem tem o mérito,
a certeza lapidar,
sem sofisma e sem inquérito,
de amar e ter o que amar

TEMA 2:

Quem é livre para errar
livre  o é para aprender,
é livre para acertar
 livre pois para o dever
e mais ainda pra amar e tornar Vida um Prazer !  . . . 

TEMA 3:

Não basta o aspeto estético,
a aparência pulcra e sã,
Importante é o sentir ético,
a palavra, a ação cristã
que cura e afasta o tétrico
pensar que a vida é tão vã,
sem haver sistema métrico
que a difira da pagã,
do egoísmo  patético,
de ironia charlatã ! . . .

SAUDADE


Esta palavra “saudade”,
que a lusa língua domina
e a distingue, na verdade
doutamente nos inclina
às sutilezas da alma,
à vocação de amizade
plena, como simples raridade,
cujo fluir é a calma,
doce expressão da bondade,
o amor, a tristeza,  fruir
carinho,  beleza,
intimidade, certeza,
ansiedade, grandeza,
um sentir puro e estranho,
tal dimensão e tamanho
que outra língua não ensina
nem tem  a expressividade
ou a concisa lição.
Por isso é que nunca deixo
de cultivar amizade,
na mais pura singeleza,
- com brio, com qualidade
e sentimentos perfeitos,
 com toda a profundidade,
delicadeza,  resguardo, -
sem  o que, só o desleixo
e a ausência de humano anseio,
falta à espontaneidade,
à sutileza,  à verdade,
e explica a temeridade
que é viver sem o receio
de ao descuidar da bondade
menosprezando amizade,
desprezar língua e saudade ! . . .

MÃOS

Mãos não mentem
 quando moldam
quando esculpem
quando instigam,
quando mostram,
quando assentam
tateando a forma afeita
ao espaço indivisível,
à dimensão sem menção
por tão grande e indizível;.

mãos não mentem
quando afagam,
quando tentam,
quando ajeitam,
quando curam,
quando aplaudem,
quando acenam,
quando indicam,
quando aliciantes argúem,
quando afirmam,
quando assentem,
quando intentam descobrir,
o que n’ alma já vem feito;
Quando criativamente
Ao aludir não se iludem.

Mãos não mentem,
Usando melhor o  seu jeito,
ao mostrar
mais que perfeito
que Amor
arfando no peito
do autor
ou do
sujeito
tem
arcabouço  escorreito
                                                
ATIRE A PRIMEIRA PEDRA

Que atire a primeira pedra
quem tiver muita coragem
pra manter sua viagem
em preito de vassalagem
ao mundo dos que só agem
por medo ou por abordagem
a padrões que ao ego fazem
.render qualquer homenagem.

Que atire a primeira pedra
quem se sentir sem pecado
ou nunca tiver andado
por caminho que não medra
e não ache, desgraçado,
que assim esconde o passado.

Que atire a primeira pedra
quem nunca tiver sentido
a consciência pesada,
a injustiça vivido,
ou jamais tenha sofrido
por traição à sua amada,
por caprichos do azar,
por um amor escondido
sem jamais o confessar
que eram favas contadas
a viver alma enganada
no néctar de mau lagar.

Que atire a primeira pedra
quem não saiba perdoar,
quem nunca tenha aprendido
a sentir dor por amar,
nem jamais se arrependido
pela pressa em prejulgar
ou espere que de pedra
venha um dia a se livrar ! . . .

Erasmo Figueira Chaves


Nasceu na cidade de Niteroi no Rio de Janeiro.

Fez seu curso “científico”, pré universitário, na A.C.M. do Rio de Janeiro.

Cursou a Escola Superior de Guerra. Adesguiano.

Pós-graduado M.D. em Filosofia da Educação e Teologia – U.P. Princeton, USA - Sociologia - Administração - Educação Física, no Inst.Técnico da Y.M.C.A. em Montevidéu- Uruguai. (diplomação em seu poder).

Casado com Beatriz Sylvia Areco Chaves, professora. Uruguaia. Tem três filhos e três netos.

Reside em Cabreúva, SP. onde há mais de vinte e cinco anos, exerce sua cidadania e colabora em seus programas culturais e projetos cívicos.

Durante a sua vida desenvolveu destacadas atividades culturais, educacionais e administrativas no campo nacional e internacional, ajudando a infância e a juventude.

Por períodos, lecionou e treinou líderes e voluntários, no Brasil e em Portugal.

Posteriormente, de regresso ao Brasil, aceitando o desafio e convite de uma nova experiência professional e rumo vivencial, orientou cursos e leccionou em várias empresas, preparando liderança.

Participou de extensas e repetidas viagens e congressos, na Europa, EUA, América Latina, África e Oriente.

Autor da pesquisa e livro “Cesário Motta – Paladino da Educação”.

Coordenou algumas publicações e 4 Antologias para a APML.

Colaborou como membro da Secretaria de Cultura da GLESP, editando duas Antologias.
Participa como “colunista” da publicação eletrônica semanal www.itu.com.br.

É membro de várias entidades culturais, cívicas ou educacionais, com participação ativa, entre elas
Academia Ituana de Letras,
Academia Pan Americana de Letras,
Academia Paulistana Maçônica de Letras, da qual foi seu presidente por dois períodos consecutivos.
Foi Presidente da Academia Maçônica Internacional de Letras,
Membro da Academia MilitarTerrestre do Brasil,
Membro da Secretaria de Cultura da Glesp, do Rotary Clube de Itu,
Participou ativamente do Conselho Cultural da Secretaria de Cultura do Governo da Prefeitura de Cabreúva.
Foi galardoado com o título de cidadão cabreuvence, e com a comenda Eurothydes de Campos, pela Câmara Municipal de Cabrerúva.
Membro da Casa do Poeta,
Associação Cristã de Moços, (YMCA) da qual foi membro de sua diretoria na Lapa,S.P.,
Sociedade Cabreuvana de Cultura, da qual foi seu presidente e fundador;
Associado do IHGGS Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, tendo como patrono Gonçalves Ledo.
Membro da Secretaria de Cultura da GLESP, para a qual coordenou duas antologias,
Foi também agraciado com diversas outras comendas e homenagens cívicas e públicas, nacionais e regionais, pelo IHGGS, e outras entidades culturais.

Site: www.apml.org.br = Linguagem Viva – www.itu.com.br (visitar colunistas = Análises, Penas Temas e Lemas)

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Contos Africanos (Lenda do Tambor Africano)


Dizem na Guiné que a primeira viagem à Lua foi feita pelo Macaquinho de nariz branco. Segundo dizem, certo dia, os macaquinhos de nariz branco resolveram fazer uma viagem à Lua a fim de traze-la para a Terra. Após tanto tentar subir, sem nenhum sucesso, um deles, dizem que o menor, teve a idéia de subirem uns por cima dos outros, até que um deles conseguiu chegar à Lua.

Porém, a pilha de macacos desmoronou e todos caíram, menos o menor, que ficou pendurado na Lua. Esta lhe deu a mão e o ajudou a subir. A Lua gostou tanto dele que lhe ofereceu, como regalo, um tamborinho. O macaquinho foi ficando por lá, até que começou a sentir saudades de casa e resolveu pedir à Lua que o deixasse voltar.

A Lua o amarrou ao tamborinho para descê-lo pela corda, pedindo a ele que não tocasse antes de chegar à Terra e, assim que chegasse, tocasse bem forte para que ela cortasse o fio. 

O Macaquinho foi descendo feliz da vida, mas na metade do caminho, não resistiu e tocou o tamborinho. Ao ouvir o som do tambor a Lua pensou que o Macaquinho houvesse chegado à Terra e cortou a corda. O Macaquinho caiu e, antes de morrer, ainda pode dizer a uma moça que o encontrou, que aquilo que ele tinha era um tamborinho, que deveria ser entregue aos homens do seu país. A moça foi logo contar a todos sobre o ocorrido. 

Vieram pessoas de todo o país e, naquela terra africana, ouviam-se os primeiros sons de tambor.

Fonte: 
http://tatianflor.vila.bol.com.br/tatiana.html

Ademar Macedo (Mensagens Poéticas n. 740)



Uma Trova Nacional 

Um mundo melhor... queria, 
para deixar aos meus netos, 
onde imperasse a alegria 
numa transfusão de afetos! 
–Gislaine Canales/SC– 

Uma Trova Potiguar  

Eu pus a minha jangada 
no mar revolto da vida, 
onde, às vezes, foi "quebrada", 
mas logo, reconstruída. 
–Tarcício Fernandes/RN– 

Uma Trova Premiada  

1998   -   Ribeirão Preto/SP 
Tema   -   SONHO   -   2º Lugar 

Meus pobres sonhos, tão fracos,
a vida em escombro os fez,
mas, teimosa, eu junto os cacos...
e eis-me a sonhar outra vez! 
–Dorothy Jansson Moretti/SP– 

...E Suas Trovas Ficaram  

Quanto mais disciplinado, 
mais valor terá seu filho; 
o diamante lapidado 
se conhece pelo brilho. 
–Carorina A. de Castro/PE– 

U m a P o e s i a  

A jura do amor primeiro 
a gente nunca se esquece, 
fica gravada na mente 
vez por outra ela aparece... 
Se compara a uma semente, 
que regada, brota e cresce. 
–Hélio Pedro/RN– 

Soneto do Dia  

A ALMA DA PEDRA.
–Hegel Pontes/MG– 

Longa pesquisa. E o mestre hindu descobre 
que existe uma fadiga nos metais; 
que o descanso renova, do ouro ao cobre, 
o reino singular dos minerais. 

Eu também sinto que a matéria encobre 
estranhas vibrações emocionais. 
É que a pedra tem alma, simples, nobre, 
sonhando evoluções espirituais. 

E a alma da pedra imóvel é a energia 
que evolui, na ilusória letargia, 
entre seres gigantes e pigmeus. 

E sonha, nos milênios que a consomem, 
ser um cacto que sonha ser um homem, 
ser um homem que sonha ser um Deus. 

Teatro de Ontem e de Hoje (Bugiaria - O Processo de João Cointa)


Com dramaturgia formada por fragmentos de documentos históricos, Moacir Chaves concebe uma linguagem que confronta dois tipos de estética para falar de colonizadores e colonizados.

A pesquisa histórica que dá origem ao espetáculo parte do processo movido pela inquisição brasileira contra o luterano João Cointa.

Os documentos selecionados são de basicamente duas fontes: os arquivos do processo, que relatam depoimentos e procedimentos - como a tortura, por exemplo - com relatos de historiadores sobre o Brasil Colônia. O diretor Moacir Chaves vê neste material a possibilidade de confrontar duas éticas: a dos selvagens brasileiros e a das instituições colonizadoras. A cada trecho histórico corresponde uma cena independente, cada cena com sua própria técnica de teatralização. Esta diversificação cênica ajuda a delinear uma narrativa, na medida em que o texto do espetáculo é desprovido de ação dramática e a linguagem dos documentos se repete. O contraste entre uma cena e outra faz com que a platéia passe por vários modos de fruição.

Há sempre dois discursos em curso, o da palavra e o da ação, que nunca são uníssonos. O texto que se ouve pertence a um português de muitos termos em desuso e de termos técnicos do meio judiciário. A história de João Cointa se oculta em vários momentos por trás de textos que não dão pistas da trajetória do dito protagonista. Ao mesmo tempo, o discurso da ação traz um alto grau de teatralidade - seja por meio do circo, do elemento musical, da comicidade rasgada, do humor chulo, do histrionismo do ator. O resultado deste confronto é que a maior parte do público tende a desistir de extrair uma história daquilo que se passa em cena - e se diverte com as macaquices (bugiarias) dos atores. Para o público que insiste e, além de perseguir a história, procura extrair um sentido do confronto entre o texto e a cena, o espetáculo oferece algumas surpresas. Um exemplo dos mais claros é a cena em que a única atriz do elenco, Josie Antello, no meio de uma roda de homens, é inesperadamente erguida do chão e rodopiada no ar. O texto descreve o processo de tortura. O susto da atriz se repete. Até que ela começa a temer a repetição. Mas tudo se realiza sem nenhum clima de seriedade. Pelo contrário, toda a cena é preparada de forma a se tornar o mais hilariante possível. Os movimentos da atriz a fazem parecer uma boneca; seu grito agudíssimo no final, surpreende e faz rir pela sua impotência.

Em alguns poucos momentos o contraste se inverte - a palavra passa a ser a portadora da bugiaria enquanto a cena é construída com solenidade. O exemplo mais evidente é a música pornográfica cantada com arranjo vocal e posição empostada de quem entoa um madrigal; ou o hino nacional tocado em um serrote. 

Enfim, a linguagem de Bugiaria se forma pela investigação das possibilidades de confronto entre o grotesco e o elevado, por meio do texto e da interpretação. O desempenho dos atores é o que dá sustentação a uma proposta que necessita ser francamente cômica e teatralmente irresistível para atingir seu objetivo. Alberto Magalhães, que também atua como pianista, e Cláudio Baltar, que assina a preparação corporal, se encarregam dos trechos circenses e de virtuosismo físico. Cândido Damm, Cláudio Mendes e Orã Figueiredo compõem os vários tons de comicidade do espetáculo. O cenário de Fernando Mello da Costa acompanha a proposta da direção, construindo um espaço caótico, composto de pedaços de outros cenários, de restos de objetos, de volumes sem identificação.

O crítico Macksen Luiz observa que: "Os hábitos antropofágicos dos índios, o processo contra o francês João Cointa, julgado pela simpatia pelo luteranismo, e os rituais de execução da Santa Inquisição saltam dos relatórios para o palco sem qualquer preocupação de torná-los atuais ou com linguagem acessível. Conservam-se a terminologia empolada e o detalhamento de minudências, e apenas quando uma palavra soa desconhecida recorre-se a uma pausa didática, sempre bem-humorada, para revelar seu significado. É a única concessão ao "didatismo", já que Bugiaria deixa tudo evidente sem recorrer a explicações desnecessárias sobre os ritos de aniquilação dos índios e dos europeus".[1]

O espetáculo recebe o Prêmio Governador do Estado do Rio de Janeiro.

Notas
1. LUIZ, Macksen. Relatório irreverente e empolado. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 dez. 1999.

Fonte:

Carla Caruso (O Segredo da Vó Maria)


Outro dia, eu estava na casa da vovó Maria e, enquanto ela assistia à novela, aproveitei para brincar em seu quarto. Estava brincando de cabeleireira de minhas bonecas na penteadeira da vó quando vi pelo espelho o velho guarda-roupa onde eram guardados os lençóis e as toalhas. Sempre tivera vontade de abrir aquele móvel. Fui até ele, escancarei a porta e vi que era grande, tão grande que eu podia até entrar e sentar em seu interior. E foi o que fiz. Fechei a porta por dentro e tudo ficou escuro e em silêncio, um silêncio abafado que me isolou do resto da casa. Fui me ajeitando entre os lençóis e as toalhas. Tateando no escuro descobri uma lâmpada bem pequena e consegui acendê-la. Vi então duas gavetinhas com puxadores de metal. Tentei abri-las, mas estavam emperradas, como se não fossem usadas há muito tempo. Precisei usar toda minha força para conseguir puxar uma delas. A primeira coisa que vi lá dentro foi um envelope com uma carta e uma foto de meu avô Pedro quando era moço. Eu tinha uma vaga lembrança dele, velhinho, magro e alto. Uma lembrança distante, porque quando ele morreu, eu era muito pequena. Tentei ler a carta, mas não entendi a letra, toda enfeitada. Como os antigos escreviam diferente! Só entendi o final: "...com afeto e saudades, Pedro, 1928". Acho que era uma carta de amor para a minha vó, escrita há 70 anos! 

Logo depois, achei um bolo de fotos de gente que nunca ouvi falar. As pessoas pareciam de cera. As fotos eram todas em marrom e branco, e estavam desbotadas, algumas rasgadas. As mulheres de chapéu e os homens de bengala. As crianças bem penteadas: as meninas com fitas no cabelo e os meninos com o cabelo repartido de lado. Foi estranho pensar que hoje esses meninos e meninas deviam ser velhinhos iguais à minha vó. 

Continuei remexendo a gaveta, que era bem comprida e funda. Não podia ver direito as coisas porque a lampadinha a toda hora se apagava. Eu só podia sentir os objetos com as mãos. Foi num desses momentos de escuridão total que peguei um saquinho pequeno, que parecia de veludo e era bem leve. Dentro dele senti que havia papéis enroladinhos como se fossem canudinhos e amarrados com uma fita. Quando enfim consegui acender de novo a lâmpada, vi que os canudinhos eram pedaços de papel amarelados, roídos pelo tempo e pelas traças. A fitinha era velha, toda desfiada. Fui desenrolando um dos canudinhos com muito cuidado, pois tinha medo que se rasgasse. Nesse primeiro papelzinho estava escrito, com letra de criança, o seguinte:

Segredo de Amabília
Tenho um  segredo que ninguém  pode saber: morro de medo do escuro

Era o segredo de uma criança que vivera em outro tempo, bem distante, e que eu nem sabia quem tinha sido. Será que essa Amabília era uma irmã da vó? Uma prima? Uma amiga? Resolvi fechar esse primeiro segredo enrolando devagar o papel. Em seguida, abri todos os outros, um a um. 

Segredo de Henrieta
Detesto a  tia Adélia. Principalmente quando ela vem nos beijar.
Ela tem cheiro de naftalina.

Segredo de Giulia
Gosto do meu primo Tadeu. Mas ninguém pode saber disso nunca!

Segredo de Maria
Tenho um esconderijo secreto na minha casa: é dentro do guarda-roupa de lençóis e toalhas. Lá eu passo horas e ninguém me encontra. Acendo a lanterninha e leio os livros de histórias que eu mais gosto.

Tomei um susto. Não sei, a única coisa que fiz foi guardar aqueles velhos segredinhos dentro do saquinho de veludo, apagar a lâmpada e sair de fininho daquele guarda-roupa cheio de histórias.

Depois disso, toda vez que olho pra vó Maria tenho vontade de contar que descobri o segredo dela. Mas logo desisto, porque agora o segredo também é meu.

Beatriz

Fonte:
Revista Nova Escola

Jornais e Revistas do Brasil (Città di Caxias – periodico semanal)


Período disponível: 1913 a 1922 
Local: Caxias do Sul, RS 

Fundado em Caxias do Sul (RS) em 1º de janeiro de 1913, Città di Caxias se definia como “periodico settimanale d’interesse coloniale”, ou seja, um semanário voltado para os interesses da colônia italiana, em especial aquela formada no Sul do Brasil. Foi dirigido inicialmente por Ernesto Scorza, embora o proprietário tenha sido sempre Emilio Fonini. Circulando tanto em italiano quanto em português, era impresso em tipografia própria, primeiro a vapor e depois elétrica, em tamanho standard.

Desde que foi lançado, o jornal teve boa aceitação de público e grande adesão de anunciantes. Inicialmente com quatro páginas por edição, em pouco tempo aumentou o número para seis. Um ano depois de sua fundação, quando engrossou sua cobertura internacional por causa da Primeira Guerra Mundial, Città di Caxias já circulava com oito ou dez páginas. Em geral, eram publicados artigos, reportagens, crônicas, editais municipais, telegramas internacionais, informes a pedidos, discursos de autoridades italianas, além de muitos anúncios.

Crítico e opinativo, sempre enaltecendo o labor e os valores morais da colônia italiana, o semanário abordou assuntos diversos, em geral de interesse local – sobretudo em seus primeiros tempos. Tiveram destaque em suas páginas questões relativas ao sistema de trabalho em cooperativas, aplaudindo-se o empreendedor cooperativista local Giuseppe de Stefano Paternò, e o deficiente transporte férreo regional, na série “La compagnia della morte”, que criticava provavelmente a belga Compagnie Auxiliare, a qual desde 1905 administrava a ferrovia que ligava Porto Alegre a Caxias. Por ocasião de grandes acontecimentos na Europa ou, sobretudo, na Itália, o foco se voltava para o velho continente. Durante a Primeira Guerra Mundial, por exemplo, Città di Caxias acompanhou detidamente o conflito, porém sob ponto de vista italiano. Isto o levou a divulgar propaganda de guerra, como a suposta notícia de que marinheiros da frota alemã teriam oferecido um berço tingido de sangue francês a uma princesa da família imperial germânica (edição de 30 de agosto de 1916). 

O jornal tratava de economia e comércio, agricultura (sobretudo viticultura), enologia, indústria, impostos, serviços, variedades em colônias dos arredores de Caxias (Nova Milão, Nova Pádua, Nova Vicenza etc.), cotidiano administrativo oficial e forense, infraestrutura, política brasileira, saúde e atendimento médico, educação e instrução pública, eventos e festividades, questões ligadas à infraestrutura e peculiaridades urbanas de Caxias, futebol, cultura e entretenimento, atualidades científicas, personalidades ilustres regionais, casos de polícia, lições morais e comportamento, acontecimentos políticos e variedades internacionais, religião, turismo, entre outros assuntos.

Simpático à intendência municipal do major José Penna de Moraes, o periódico chegou a lançar em 1915 um suplemento de cerca de 40 páginas “dedicato all’Esimo Presidente dello Stato Del Rio Grande do Sul”, Antônio Augusto Borges de Medeiros, autoridade sempre louvada pelo jornal. Ali, entre registros fotográficos de Caxias e informações gerais sobre os municípios de Bento Gonçalves, Alfredo Chaves e Antônio Prado, aplaudia-se ainda a figura de Pinheiro Machado e diversas iniciativas comerciais locais. 

A partir da edição nº 137, de 20 de outubro de 1915, o jornal passou a ter Silvio Dal Zotto como gerente. No nº 165, de 18 de maio de 1916, ainda com Ernesto Scorza como diretor-geral, o cargo passou a Mario Rey Gil. Pouco tempo depois, novas mudanças: com o falecimento de Scorza, em 14 de julho de 1916, Giuseppe Buzzoni e Luigi Bancalari assumiram a direção da folha. Rey Gil também não figurava mais ali, tendo a gerência ficado diretamente com o proprietário Emilio Fonini. No nº 185, de 16 de novembro do mesmo ano, Ercole Donadio acabou substituindo a dupla Buzzoni-Bancalari. Mesmo mantendo-se em seu cargo, Donadio desapareceria do expediente do jornal em outubro de 1917, momento em que nenhum nome aparecia como responsável pela direção.

Città di Caxias terminou 1917 fazendo campanha para a reeleição de Borges de Medeiros à presidência do Rio Grande do Sul. Nesse momento, seu expediente vinha apenas com Ernesto Scorza como fundador e com o endereço da redação: o nº 28 da rua Sinimbú. 

Iniciando 1918, o periódico deixava de lado questões mais ligadas ao cotidiano colonial e à economia agrícola locais, dando maior atenção à realidade italiana e à política brasileira e europeia. O número de páginas reduzira-se para quatro e a quantidade de anúncios não era a mesma, embora ainda tomassem boa parte das edições.

Ercole Donadio mudou-se para Porto Alegre, deixando a direção do semanário a José Joaquim de Vargas. Com a morte deste último em outubro do mesmo ano (ver edição do dia 19), o jornal passou a ser dirigido por Adolpho Peña, que cerca de um mês depois deixou o cargo para Benício Dantas. Na ocasião, M. Marchetinni tornou-se o redator principal.

Em 1919, Benício Dantas substituiu Marchetinni no cargo de redator-chefe por Ulysses Castagna, até então responsável principalmente pela coluna de viticultura e enologia do jornal (mesmo com a promoção, a coluna continua sendo publicada, com mais destaque). No ano seguinte, a direção passou a Arthur de Lavra Pinto.

Segundo as informações disponíveis, Città di Caxias circulou apenas até 30 de setembro de 1922, quando foi publicada edição nº 464. Em seus últimos momentos, a folha publicava mais textos em português do que em italiano. 

Foram também colaboradores do jornal Giuseppe de Stefano Paternò, Octavia Paternò, V. Bornancini, Guido d’Andrea, Antonio Casagrande, Mario Mariani, Silvio Becchia, Jacintho Godoy, Samorim Gustavo de Andrade, entre outros.

Fontes
 1. Acervo: edições do nº 1, ano 1, de 1º de janeiro de 1913, ao nº 464, ano 10, de 30 de setembro de 1922. Disponível em http://hemerotecadigital.bn.br/artigos/città-di-caxias